e morre o pássaro,
corre e venta,
morre lá,
gente que passa.
morre o ácaro
e o padre,
morre a pedra,
dobra e se mata
na dor que arde.
morre a mulher de
amor,
digna e sem fim,
morre amores,
de todo dia
morre ela de querer,
ele de desconhecer.
corre o mundo,
passa a água,
passa de três,
e morre a cigana
que, de verdade,
nem janelas,
tinha prá
seus afanos !
morre cada um,
morre ali,
morre aqui,
morre sem fim
até o padre
dos confins.
morre a água
nasce o fogo,
meiga o beijo,
que sucumbe
sem refeitos,
com a beleza
dos bem-feitos!
morre hoje,
morre amanhã,
e vira o
que não era,
e dói de morte
até o poeta
sem sorte.
eu?
- pergunta a meiga fada.
eu?
quem sabe se morto não estou,
e mal disso até nem sei?
pois
quem vive nos juncos esgueiros,
quem vive e também não vive,
quem morto parece,
só vivo padece morto
e torto.
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