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Muito tempo passou depois da morte de Camila.
Mas a verdade é que Camila não havia morrido. Um trem colidiu com o seu carro enquanto tentava fugir.
No carro, estavam Camila e uma detenta que quis fugir com ela. Mas na hora do acidente, todos acharam que o corpo carbonizado era o de Camila.
Por conta do difícil acesso ao local do acidente, as buscas por qualquer método de reconhecimento foram descartadas. Camila foi enterrada com as chamas.
Hoje Heitor está com três filhos: duas meninas e um menino.
Luiza, fruto do amor dele com Estela, e outra menina e um menino filhos dele com Marcela.
Certa noite, D. Índia, mãe de Heitor, teve um sonho. Nele ela abria as portas de sua casa para
Camila. D. Índia nesta noite acordou muito assustada, pois Camila representou em sua vida um período turbulento e sem paz. Além disso, a vida de Heitor estava muito bem depois do desaparecimento de Camila. D. Índia enfim podia dormir tranquila.
Mas esse sonho a deixou com uma sensação não muito boa, um presságio como ela mesma pensa.
Outra manhã, enquanto escolhia frutas, ela recebeu uma ligação de um número desconhecido. Tensa, D. Índia atendeu:
– Alô?
– Alô? Com quem eu falo, por favor? – perguntou a mulher com a voz diminuindo enquanto terminava a frase.
– Primeiro preciso saber com quem gostaria de falar – D. Índia sabia que não era Camila, mas mesmo assim não diria seu nome enquanto não soubesse se era seguro. Seu coração sabia que era á respeito de Camila.
– Sou Olivia, queria falar com Francisco, pai de Estela. – A mulher disse rapidamente com medo de o telefone ser desligado.
D. Índia soube no exato instante em que o nome de Francisco foi mencionado que a conversa na verdade não seria a respeito de Estela, mas na verdade de Camila. Talvez, Camila estava precisando de ajuda e usava o nome de Estela para não ser pega pela polícia.
– Sou Índia, mãe de Heitor, ex-noivo de Estela – D. Índia preferiu continuar a fingir que o nome de Camila era Estela.
Então, a mulher lhe passou um endereço e explicou que precisava de sua ajuda. D. Índia avisou que em breve a visitaria.
D. Índia pensou que essa seria uma ótima oportunidade para entregar Camila para a polícia. Mas não fazia sentido ela mesma querer se entregar. D. Índia sabia que Camila nunca se entregaria se todos hoje pensam que ela está morta. Há apenas uma alternativa para essa ligação; Camila deu um nome falso, pois está á beira da morte e não quer passar seus últimos dias na prisão.
Depois de uns dias, D. Índia dirigiu para o endereço dado á ela pela mulher. Enquanto era guiada pelo GPS, D. Índia percebeu que o lugar era bem longe da cidade.
Quando o GPS alertou sobre já terem chegado ao destino, ela viu que o lugar se tratava de um sítio.
Enquanto caminhava pelas pedras, ela avistou ao longe, Camila com uma xícara de chá na mão escorada em uma árvore na beira do lago. Afinal, ela pensou, Camila está viva e bem!
Uma mulher bem pobre a recebeu quando percebeu a inquietação de Camila.
– Hoje ela não está em um bom dia, desculpe – a mulher logo se apressou limpando a mão direita em seu avental e estendendo-lhe a cumprimentando educadamente.
A mulher cujo nome ela mesma se esqueceu de dizer, contou a D. Índia que ‘’Estela’’ havia chegado muito machucada no sitio. Foi trazida por uns moradores que pescavam quando a encontraram caída no mato desmemoriada.
A mulher ainda lhe disse que quando ela acordou apenas dizia um nome: Estela. Então deduzira que esse era o seu nome.
D. Índia pediu que qualquer novo acontecimento ela fosse imediatamente avisada.
Era nítido o que havia acontecimento com Camila. Ela tinha enlouquecido. Talvez bateu forte a cabeça em algum lugar quando pulou do carro em movimento.
Meses depois, D. Índia recebeu uma ligação informando sobre a morte de Camila. Ela havia contraído uma pneumonia forte e não resistiu.
Camila foi enterrada e em sua lápide, o nome Estela havia sido colocado. Nenhuma foto foi posta em seu túmulo.
Semanas depois, o nome ''Estela'' tinha sido riscado e em baixo estava escrito em vermelho o nome em caixa alta: CAMILA.
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