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Turbeculose IX
R.N.Rodrigues

IX

O dia amanheceu um pouco tímido, grossas nuvens esparsas escondiam os raios solares. Choveu de madrugada. Carrinho, grande parceiro veio visitar-me, um amigo das antigas, trabalhamos muito tempo juntos na nossa oficina, debaixo do prédio de dona Minaide no Beco do Portinho. Fumamos muita diamba enquanto trabalhávamos. Era uma vida muito louca. Um dos únicos amigos que tenho ao lado de Tio Willi. Ficou feliz ao ver o livro no site da editora, dizendo que vai comprar. O importante é a nossa amizade, ao se despedir deu-me dez reais.
   O céu cinzento, o clima ameno - a estabanada da pequena Brunielle em pé na cadeira rebolando diante do espelho. O velho rádio ligado e sintonizado na mesma estação FM de todos os domingos. O casal foi para a reunião no Salão. Antenor elegante de terno escuro acompanhado pela elegante esposa e Larissa todas trajando vestidos longos. Professor o matriarca telefona para seu factotum levar-lhe o remédio nasal Adnax. Este imediatamente cumpre o pedido do seu protetor. Com o dinheiro que Karl deu-me comprei um caderno grande que pretendo escrever alguma coisa, dei cinquenta para inteirar uma garrafa de cachaça para a moçada reunida na praça, cinco reais para minha cunhada e fiquei com dois reais. Fui a lan-house ouvir a Nona Sinfonia de Beethoven e ler algumas paginas iniciais do meu livro, aumentando a minha autoestima de escritor. Fico chateado porque era para ter terminado a digitação do Caderno Vermelho e formatado o segundo livro, mais com o problema no meu e;mail embolou tudo. Olho pra as minhas costelas aparentes e reflito um pouco sobre a minha condição. Passei quase amanhã toda na rua, que quando cheguei por volta das onze e meia, me sentir um caco, cansado. Nem li nada, deitei-me e fiquei pensando no meu livro e eu sem nenhum tostão para compra-lo. depois dessa convalescência qual será a próxima moleza? um rosário de mal-eventos ocorrem-me desde quando minha mamãe faleceu ou até antes com a pranchada de facão nas costas na véspera da morte dela, quinze dias depois o acidente que quebrou o meu dedo mindinho da mão esquerda e agora a tuberculose. O que mais o destino reserva para mim. Os dentes, a vista, a oficina - o que vai ser, Monsieur desta vez? Mas tudo bem a vida continua lá fora, alheio ao meu drama ou quando sabem ou quando alguém escarnece um comentário. Um deles é o meu próprio benfeitor, meu irmão que já deve ter espalhado em alto e bom som:
    - Meu irmão Raimundo está fudido. esta tuberculoso, aquele otário, dando trabalho para mim e Dadá. - Talvez até pior, gosto dele e admiro-o, mas ele não morre muito de amores por mim. Tudo bem cada um na sua. O importante é que estar segurando o meu azar ou bem ou mal. A escuridão começa a cobrir com seu manto. Um barulho de um motor de caminhão ou algo similar. As meninas assistem o desenho MIke e Moly no quarto de Larissa. Um clima de inverno, minha cunhada, a matriarca em pé, debruçada na mureta do terraço pensando nos seus e nos nossos problemas - tudo cai em dela, carregando esse pesadíssimo piano.
- Sentadas aqui para jantar - Ordena para as meninas. O odor do meu calção que vem do fundilho
Para amenizar a ociosidade releio "Suave é a noite" do mestre Fitzgerald.
- Já botou fora o manual - reclama minha obstinada cunhada que desde ontem vem reclamando do som baixo do CD na televisão nova de professor. Agora aplica a lei nas irmãzinhas que sujaram a capa do sofá.
- Quero ver quem vem o conselho tutelar lavar o meu sofá. Larissa que é culpada de tudo isso. Eusébio vai comprar uma briga pesada comigo, para aumentar o volume do CD que fica baixo. Já estou conformada que nada dar certo - lamenta a minha cunhada.


Biografia:
Sou ludovicense, serralheiro e adoro escrever. ja publiquei dois livros de poesias e agora estou publicando os meus poemas no site francês.
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Outros títulos do mesmo autor

Poesias Reflexão a meia luz R.N.Rodrigues

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