MANUAL DE COMO SER POBRE NO MUNDO HOJE!
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Depois de muito observar párias espalhados por todo mundo e lugares. Pessoas que não dispõem de um tostão no bolso como é o meu caso, resolvi manifestar-me. De tanto andar por ai passando vexame e sendo discriminado por não ter dinheiro, resolvi escrever esse conto. Mais o pior de não ter dinheiro é ser pobre de atitude, pobre convicto se é que me entendem. Mais tarde desenvolverei esse assunto.
O pior que pode acontecer na vida de um pobre é sair com o dinheiro contado, ou seja, você vai sair por aí, comer algo, beber algo e descobre que seu dinheiro esta contado; posso beber quatro refrigerantes, ou melhor, compro uma garrafa de dois litros de refrigerante, eu economizo bastante. Comer, eu como um salgado com guaraná. Esse tipo de coisa que te aflige diariamente. Quem é pobre sabe do que estou falando; é uma dificuldade tentar comprar alguma coisa, tudo a gente tem que ficar fazendo conta, ou seja, diminuo um pouco nas compras, não vou comprar muita carne esse mês, aí eu só pago o mínimo do cartão esse mês. Já sei, vou economizar na luz ou tiro da prestação do ventilador. Quem sabe alguém me empresta um qualquer. Sempre que a gente quer comparar alguma coisa é esse sacrifício, pelo menos o que eu vejo por aí, tirando por minha situação é claro. Nunca soube que um pobre comprou a vista, só vejo pobre comprando a prestação. Aquele negócio de parcelar até perder de vista.
Ou então rola muito de sair maior galera. Já reparou que pobre não gosta de sair sozinho, claro o que eles não têm em dinheiro, eles tem em números de pessoas, que juntando todas, não da um apartamento no Leblon. Pobre anda em números significativos e se alguém não repara neles, eles começam a correr fazendo um efeito arrastão, simulação de briga ou tsunami mesmo, tudo para ter um reconhecimento na mídia. Outra coisa que eu detesto já que sou um pobre distinto, todos andam com roupas iguais e cabelos idênticos, falta de imaginação. A você avista aquela multidão de cabelos louros raspados do lado com desenhos e varias tons de pobres, parece uma multiplicidade da pobreza elevada à máxima potencia numérica do nada!
Não sei pode ser uma certa inveja porque ninguém tem me chamado para ir a algum lugar comer e beber de graça. Mas pobre só anda em numero para fazer intera, vai aquela gente toda parar em algum bar ou pizzaria, umas quinze mesas no restaurante, aquela falação danada. Um dia especial; aniversário de casamento, quinze anos, aniversário de algum figurão da família, essas coisas. Você acaba socializando na marra, vira uma coletiva de pessoas, e já não é pessoas só uma coletiva, tudo é numeroso e estridente, tem que falar alto e ser engraçado. Eu sei que às vezes é até legal. Mais tem hora que um cara precisa de independência para não se sentir ridículo. E você lá não se dando conta que foi abduzido porque não tem dinheiro para se manter na noite e nem sozinho.
Nunca vai para os lugares que deseja, porque falta a grana. Pior, nunca saio com uma gata realmente gostosa por quê? Falta de grana! No caso de pouco dinheiro, nunca frequentamos os lugares maneiros é sempre aquele negócio de churrasquinho na calçada, cachorro quente de rua, salgadinho com suco. Nada contra, acho até muito agradável, mais sempre ter que ir para esses lugares? Poupe-me!
Tem outro probleminha muito recorrente, o cara sai com uma gata, chega na hora da conta ih, ferrou. Tem menina que até faz questão de dividir, mais vai que aquela gata específica com quem você está saindo, não é muito simpatizante dessas atitudes?
Tem o pobre de supermercado, o cara enche o carrinho mais na hora de passar as compras no caixa ele vai olhando para o monitor e fazendo o calculo aí decide que não vai levar um shampoo que está caro, um yogurte que foi lançado há pouco tempo e deixam os cento e cinquenta produtos no carrinho e só leva um biscoito recheado. Porque pobre que é pobre não gosta de pobreza, o camarada só compra coisa que está na mídia. Tem o pobre de cerveja que é o meu caso; roda todos os botecos para achar a mais barata, o problema que a mais barata pode ser uma Belco ou uma Cintra, ou se preferir uma Schincariol - Tudo bem, tem gente que bebe Brahma né?
Tem o pobre de roupa, só compra na citycol, na líder, no Saara. Rua da alfândega até que tem umas roupas legais. De repente no ano novo o cara vai a uma C&A ou na Marisa. Não vou nem me estender em lojas chiques, o máximo que as pessoas chegam é C&A mesmo. Tem o pobre de carro, anda com Brasília, Chevette, fusca e outras quinquilharias; deixando de fora os colecionadores. Tem o pobre de espírito; a pessoa rancorosa, marrenta, que tudo dela é melhor. Tem o pobre convicto - a tá bom esse pagode; vou ficar por aqui mesmo, o que vou fazer lá no Coliseu na lapa, não me enche os olhos.
Tem o pobre moderninho que só anda com roupa do shopping, aquelas calças slim ou skinny tão apertadas que quando o cara tenta usar tem que chamar alguém para puxar a calça, aquela coisa apertada na perna que são ridículas, com cabelo arrepiado e um tênis Nike, uma fortuna. Conhecido como pobre de grife. Gente que tenta acompanhar o mundo para não ficar ultrapassada, mais ultrapassada está sua conta bancária. Tem o pobre maneiro, aquele que é popular. O cara queria ser artista, mais nunca teve chance, aí adota uma postura sou popular, todos me adoram, eu sou o cara aqui na área; existem vários desses espalhados por aí.
Tem o pobre churrasqueiro, todo final de semana faça chuva ou faça sol, tá o camarada na churrasqueira escutando uma “música maravilhosa” e se deleitando no sal grosso com bife, haja colesterol. Tem o pobre esforçado, o camarada que quer entender tudo que gente famosa fala; você viu o que fulana falou ontem na TV; ele falou que só a educação salva esse país, foi maravilhoso.
- Pô que educação, meu primo estuda no Brizolão rapaz, se ele não se tornar um gênio, nunca passará para o TNT.
- Conheço gente que tentou uns dez anos passar nessa prova. Estudaram em colégio público recentemente, não tem tempo de fazer um cursinho.
- Aí só um milagre cara.
Quando se fala pobre, englobam-se todas essas dificuldades, eu sei por que sou pobre, e é por isso que falo com tanta propriedade do assunto. Já passei por todos esses problemas. Sinto-me autorizado a dissertar sobre esse assunto.
Tem o pobre metido a rico; deve pra todo mundo, mais não perde a pose. Desfila de carrão, roupa da onda, mulheres palatáveis. Só que, está devendo até a alma para o cheque especial e o empréstimo que fez no Banco...
Não sei até hoje descrever se é bom ser pobre? Eu vejo umas coisas engraçadas. Gente a balde comprando nessas lojas de eletrodomésticos, no Mcdonald - Tá eu sei que o povo tem que se divertir, mas com que dinheiro?
Outro dia estava fazendo uma intera para beber a saideira, aí uma paupérrima lá não sei da onde falou.
- que pobreza contar moedas, eu nunca faço isso, é feio.
- eu disse; feio e não beber a saideira!
Me diz, como uma pessoa pobre não gosta de contar moedas, eu não entendo?
Outra me falou.
- dinheiro não traz felicidade.
- eu disse; manda trazer de limusine.
Um falou outro dia, eu não quero ter dinheiro, só uma casinha, um carrinho, uma casa de praia, um conforto.
- eu disse; você vai precisar de dinheiro meu camarada.
Será que ele não está vendo que tudo isso custa alguma grana? Ou eu estou virando um burguês egoísta? Não entendo pobre, parece que é da natureza dos pobres não se entenderem. Tanto que já presenciei muitos casos como; quem é mais poderoso, o mendigo ou o cara que cata papelão. Quem pode mais o carroceiro ou o leiteiro. Quem ganha mais, a empregada de fulana ou a passadeira de ciclana. Quem é mais esperto, eu ou Bill Gates.
Só vejo gente reclamando, puxa tá tudo caro no mercado.
- vai ficar difícil esse mês!
- e o preço da carne, nossa?
Que dificuldade ter o exato entendimento do universo dos seres humanos que tem dificuldades em se sustentar, que continua sendo o meu caso.
Meu amigo me ligou.
- cara não entra nessa dos super-heróis modernos?
- eu; por quê?
- cara meu sobrinho cismou com tal de super-herói, que tudo custa cem reais!
- que super-herói é esse?
- o tal do Bem 10!
- que papo é esse de Bem dez?
- é o super-herói que meu sobrinho curte, faz parte desses desenhos novos. Aí eu fui comprar uma roupa do Bem dez, cara não vai acreditar 250 reais.
- se ou fosse você o mandava trocar de super-herói, e ficava com o Nacional kid esse já está esquecido mesmo e não deve custar muito.
- cadê que ele se contenta com esses super-heróis da antiga. Ou é o Bem dez ou nada.
Eu digo, super-herói de pobre tem que ser pobre, Ultraseven, Urso do Cabelo Duro, Papa-léguas. Pato Donald. Pô aí vem tal de Bem 10, inflaciona o mercado. Dizem que até no camelô acessório do Bem dez é muito caro. É um absurdo o que fazem com a gente, agora deram para encarecer tudo até super-herói entrou na dança.
Tem aquele negócio de passar o carnaval na praia. Tenho um camarada meu que está vendo uma casa para alugar para passar o carnaval. O problema é que o aluguel da casa é muito caro. Então ele vai precisar de gente para colaborar. Como sempre acontece, galera pobre é muito numeroso, aí ele teve uma ideia de convidar mais ou menos umas cinquenta e cinco pessoas para integrar esse grupo! Ele fez uma lista com algumas pessoas, que parece lista de escritos para casa própria.
Agora só ficou faltando alguns detalhes, por exemplo; quantos banheiros têm na casa, quantos quartos, quantas camas. Só sei que nunca conseguimos passar todo o carnaval juntos, sempre alguém briga e arruma as malas, se manda pê da vida. Minha esperança é que isso aconteça logo, pois, o espaço é humanamente impossível para suportar toda essa gente.
É o que eu sempre digo, pobre tem sempre essa mania de achar que pode colocar cinquenta pessoas, onde só cabem cinco. Mais a alegria é inigualável, tem sempre alguém que fica bêbeda e paga mico. A espera na hora do banheiro essa é a mais emocionante. As panelas gigantes de Arroz e farofa, macarrão com salsicha, angu com quiabo. Suco de uva. A galera que gosta de beber uns dois litros de coca-cola no gargalo. Os desbocados. As fofoqueiras. Os que ficam na aba porque não tem dinheiro que é o meu caso. Os que ficam permanentes bêbados. Os que têm que aparecer de qualquer jeito. Os que não sabem nem o que estão fazendo ali, que é meu caso também. Os que não têm pra onde ir, idem.
Vai ser um grande simpósio de pobres a beira do mediterrâneo. Mais um daqueles carnavais inesquecíveis. Desejo também que isso passe rápido, vem vindo por aí a páscoa é pode ser que esse meu camarada tenha essa ideia brilhante de novo.
Ass. Golon Byron
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