CASAS E PESSOAS |
rogerio farias |
O silêncio das bocas caladas
Ecoou no vazio das salas
E a ausência do movimento
Removeu as sombras das paredes desbotadas
Com o ventre ainda cheio de louças
A antiga e sóbria cristaleira
Armazenava o tempo
Protegia recordações
O assoalho de madeira não range
Não mais estala sob os passos
Nem faz tinir os copos
Em brinde quase constante
Enquanto corriam as crianças
E caminhavam os adultos
Era para vida esses brindes
E para os sons e luzes dessa casa
Casa de poucas portas
De quartos abertos e contíguos
De venezianas e postigos
De degraus de tamanhos vários
Como as goteiras do telhado
Pingam nos baldes e panelas
Restos de juventude e infância
De ternuras e acolhidas
E quase um tanto
De saúdes e esperanças
Quanto de doenças e medos
Depois casa de silêncios
De postigos e olhos fechados
E partidas
E de partir
Muito mais do que chegar
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Biografia: Perto dos 50 anos, escrever é quase sinônimo de pensar ou de sentir... |
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