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O Caso das Baratas
Paulo Azze

O caso que passo a narrar, ocorreu ai pelos idos de 1963, quando o autor que subscreve, encontrava-se no Pensionato do Colégio Santo Antônio, na Rua Pernambuco, Savassi – BH. Já vou avisando que não mais existe, acho que desistiram dele em favor de utilizar o edifício para outras finalidades educacionais, felizmente não implodindo o mesmo.
        Aliás, na época o diretor era o Frei Aristides. Hoje nome do Ginásio Esportivo do Colégio na Rua Santa Rita Durão; deveria ser admirador de esportes para tal homenagem. Mas era mesmo um fanático torcedor do América, portanto um coitado contumaz sofredor, e se não me engano, até participava da diretoria do clube...
        Pois bem, tínhamos uns setenta pensionistas e deles se destacava um com verdadeiro pavor de baratas, tinha catsaridafobia segundo o Google, meu competente consultor. Assim, a turma resolveu lhe pregar uma peça, na verdade um susto (trolando segundo o Youtube).
        A produção, muito bem produzida, diga-se de passagem, mesmo sem a assistência do Núcleo de Novelas da Globo, destacou duas turmas para a execução da tarefa.
        Uma encarregou-se de entreter o incauto na frente do edifício, sabe, segurando ele na conversa vai, conversa vem... O bobinho nem desconfiando a causa daquela atenção toda e de tantos colegas ao redor, pela primeira vez! Os famosos 15 minutos de fama.
        Enquanto isto, obtida a distração da vítima, outra turma, a da execução, pegou no pesado para preparar o cenário, invadindo, no bom sentido, o seu quarto. Assim, levantando seu colchão, sabe aquele de palhas da época, cama de molas e tal, cuidadosamente instalaram mais de um dúzia de baratas debaixo do mesmo. Eram daquelas parrudas, casca grossa, avermelhadas, tudo que nem pinhão. Foram previamente caçadas, o que prova sem sombra de dúvidas, a premeditação do crime, que o confirme algum casuístico de plantão por acaso lendo este texto.
        Ato continuo, preparado o tétrico cenário, para fins hilários, até para os mais valentes em se tratando de baratas, que nojo elas andando por lá, sutilmente avisaram a turma da distração estar tudo pronto para o espetáculo, faltando apenas subir a cortina. Isto posto, o assunto da conversa foi sutilmente encaminhado para abordar a presença de muitas baratas no pensionato, desta arte, já preparando o espírito do incauto para que tivesse o maior choque possível.
        Já regozijando pelo advindo resultado, resolveram encerrar o meeting e se dirigirem aos quartos, no entanto, a conversa continuou escadas a fora com a horda seguindo-o a seu quarto. Ele nem mesmo percebeu quantos tantos o seguiam, nem muito menos desconfiou do objetivo, entretido que estava com a atenção a ele despendida (olha o gerúndio ‘weird’ ai).
        No quarto, agora quase lotado, continuou-se aquela conversa das baratas no prédio. Desta forma, alguém se propôs a verificar se havia alguma por ali, no intuito de tranquiliza-lo. Depois de verificar minuciosamente pelos cantos e nada sendo encontrado, ele já ia ficando mais tranquilo, quando sugeriram verificar o colchão, por via das dúvidas. Imaginem o terror do mesmo, ao constatar o enxame que ali estava. Uma aqui, outra acolá, outra mais ali... Se com uma já se borrava todo, com uma dúzia então...
        Apavorado, ele saiu intempestivamente do recinto e foi mesmo com muita calma, que não tinha calmante, que conseguiram sua volta. Lógico, depois que todas as baratas foram devidamente recolhidas pelos engraçadinhos e após uma rigorosa vistoria da Vigilância Sanitária. Bem, isto ai não é verdade, foi só para enfatizar e rebuscar um pouco o texto. Se puderem, passem a borracha na Vigilância Sanitária, meu corretor acabou. Não sei se ele conseguiu dormir aquela noite. Deve de ter trancado bem a porta, vedando a fresta da mesma com toalha.
        Já as más línguas dizem que aproveitaram a excessiva quantidade das ditas baratas e as assaram até ficar crocante, para servir de petisco. Credo em cruz, não acredito não, que isto é lá para os lados asiáticos que são chegados a comidas exóticas, conforme o filme “Mundo Cão” que assisti num cinema da Praça Raul Soares, arrepiado.
        Em tempo, sabem um método de pegar as ditas baratas, coisa de estudante mesmo, bastava deixar um litro de Coca Cola vazio, porem com restos do líquido, sem tampa, ou melhor, tampinha. A vítima, neste caso a barata, sorrateiramente entrava pelo gargalo à busca do petisco, mas não conseguia sair, talvez lhe falte a marcha ré – seria motivo de recall? Isto descobri quando deixei inadvertidamente uma no armário, apanhado umas duas das grandes. Que coisa horrível colocar no armário!
        Fica ai a ideia para os universitários, principalmente de marketing, que podem aproveitar e fazer desta armadilha, o objeto de sua Monografia: “O Combate Eficiente à Blattella” ou “A Batalha Contra a Blattella”. Esclareço que Blattella é a alcunha científica do repugnante inseto.
        Uma vantagem é que a Coca Cola, agradecida pela exposição, pode até financiar as pesquisas, dando uma ajudazinha.
        Aliás, antes que alguém o faça, registrem no INPI com o sugestivo nome de Baratoeira. Infelizmente, o nome bastante apropriado e sugestivo de Baratofim ou o fim da barata bem barato, não está disponível, já o produto sim, por módicos R$ 8, 56. E ao contrário deste, aquele não precisa ser conservado longe do alcance das crianças, outra vantagem.
        O produto viria em embalagens pet, dedetizadas a vácuo, lógico, com uma variedade de tamanhos de acordo com a necessidade do consumidor, sua infestação. Descartáveis, pois as consumidoras não vão querer retirar as baratas uma por uma, melhor jogar fora e usar uma nova. Outra vantagem, agora para o fabricante. Em tempo, acompanharia isca em sachê com Coca Cola.
        Depois, desfrute dos royalties chamando logo a Dedetizadora D.D.Drin e fique livre das ditas cujas de forma mais higiênica e inteligente, às custas dos otários consumidores.
        Em tempo, já vou contatar a Coca Cola e a D.D.Drin pra receber os créditos, digo remuneração, pelas citações aqui apostas.
        Mais uma, agora a pouco me informaram que o nome científico do inseto é Supellalongipalpa; mais que nominho esquisito sô, de qualquer forma, que me desculpem os leitores, não vou ter o trabalho de refazer o texto por este simples detalhe, não vale a pena... Ademais, de tão longo, a tinta acabou e a papelaria só amanhã!!!
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Leia este e os outros textos em: http://pauloazze.blogspot.com.br


Biografia:
Somente um mineiro da engenharia aposentado, despendendo algum tempo tentando escrever alguma coisa, mesmo sem um estilo definido e muito menos qualquer pretensão. proseio@outlook.com
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Publicações de número 21 até 24 de um total de 24.


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