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A vida sonhada
Júlio Cezar dos Reis Almeida

Tudo que tive na minha breve existência,
Veio da vida sonhada;
Onde a fantasia é tudo
E matéria-prima do nada.

A minha existência real
É e foi a vida sonhada.
Lá de fato existi;
Aqui fui desperdício
E mais nada.

Foi a vida sonhada que me ensinou
Que o homem é mais complexo que a via Láctea;
Mais expansível que o universo;
Mais misterioso que a anti-matéria
Que existe diluída pelo espaço.

Foi a vida sonhada que me mostrou
Que a emoção é mais intrincada
Que a lei da gravidade...
Que a saudade também é força.
Como é força,
A movimentar o moinho do desencanto,
A angústia represada...

Que o tempo não precisa de medida
Para cumprir a sua jornada.

Que, para a maioria dos homens,
A vida real é triste
Durante toda a caminhada.
Para estes,
A existência é cruz pesada.

Foi o confronto
Entre a vida real e a sonhada
Que me mostrou que, na maioria das vezes,
O homem é besta quadrada.
Que o quadrado, o círculo e o triângulo
São desiguais no formato,
Mas que, em essência,
Não diferem em nada.

Que o universo e o homem
São variáveis da mesma equação.
Que o universo começa e termina
No infinito que só há no homem.

Que a velocidade da luz
E a angústia que há no grito
Assemelham-se à complexidade
Que há na quadratura do círculo.

Foi a vida sonhada que me ensinou
Que o medo não se explica;
Que o amor não se explica.
E que tudo tem por trás a mesma química.

Foi a existência sonhada que me deu a dimensão
Do que pode ser a vida real,
Que é tanto, mas está reduzida a grão de mostarda.

Que o homem que mais sabe,
Se estudado com cuidado,
Vai se mostrar grande espaço vazio...
Como o que não sabe,
Frívolo, louco e oco.

Que a existência real
É fruto da vida sonhada,
Por ser esta que mostra
A amplitude da estrada.

Que não há na vida
Quem não tenha sonhado.
Que tudo que somos está dentro, preso,
Irremediavelmente incrustado
Neste belo e frágil corpo.

Que o homem é ao mesmo tempo
Finito e infinito.


Biografia:
Nascimento: 27.07.1956; Feira de Santana , Bahia.
Número de vezes que este texto foi lido: 61707


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Poesias Nada Júlio Cezar dos Reis Almeida

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