Múltiplas vozes me conduzem
pelo abismo televisivo.
Eu me abandono
a vontade
e à vontade de não ser
eu me abandono,
Neste festim de estupidez
eu me abandono
a culpa
e repetido no nada
desejando ser outro
eu me abandono,
Na vala comum do futuro
eu me abandono
à sorte
enquanto homens de terno
na tela
me julgam estúpido
eu me abandono,
Eu me abandono
num domingo cítrico
entre sorrisos forçados
e sonhos intermitentes
eu me abandono,
Entre um comercial e outro
eu me abandono
esquecendo de minha fome
de minha ira
eu me abandono
e te desejo morta,
Máquina,
enquanto te esqueço,
te ignoro,
eu me abandono
eu me abandono
eu me abandono
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