Eu gosto de me sentir assim.
A gélida e paralisante distancia entre o que é lúcido e o que é agonizante.
Uma alma perdida neste escuro aterrorizante.
Um arco-iris que reluz ao fundo distante.
Eu posso viver assim.
É uma espécie de riqueza inestimável pra mim.
Uma ferida que se abre a cada passo.
Sangue o suficiente para deixar um lastro.
O carinho do punhal que entra suave em minha alma.
Em sulcos tortuosos, dilacerando qualquer indício de calma.
O amor perdido em mim, que por vezes me salva.
O ódio por você.
O desprezo por você.
Que o julga sem saber porquê.
De joelhos no chão para o ultimo golpe.
Brincando com minha própria sorte.
Aparando sua ultima lágrima.
Não vale a pena.
Agarre seus sonhos, e siga para o norte.
Agora me sinto bem, porquê me sinto sozinho.
Para sempre, um estranho no ninho.
Arrasto-me pelo chão, alcanço o ultimo vinho.
Vomito os últimos versos.
Sinto que é hora de partir.
Sigo meu caminho.
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