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O baleirinho
Júlio Cezar dos Reis Almeida

_ Dez balas, um real!
Gritava o aprendiz mirim de ambulante.
_ Dez balas, um real!

_ Não é não...
_ Não é não...
Murmurava a multidão.

Distraído,
João não viu que o trem chegava
E que ofegava a multidão.

_ Dez balas, um real!
Cantava o recém-admitido
No mercado informal.
_ Dez balas, um real!

_ Não é não...
_ Não é não...

_ Dez chicletes, um real!
Brincava João.

O trem:
_ Tô chegando à estação...
_ Tô chegando à estação...

Ansiosa, se acotovelava a multidão.

O trem parou.
Apressadas e preocupadas
Com as próprias contas,
As pessoas entraram e saíram do trem.

Rapidamente, a estação ficou vazia.
Pelo chão, balas e chicletes do bailerinho,
Que não tinha mais que seis anos...

Negrinho sapeca, filho de mãe solteira,
Irmão de outros meninos e meninas
Desnutridos e foragidos da escola.

Sem um gemidinho,
O baleirinho foi arrastado pela serpente de ferro.

Morreu tão rápido
Que nem teve tempo para xingar a multidão,
Que distraída o empurrou para a boca do dragão.

Sem o menor remorso,
Desculpava-se o vilão:

_ Não fui eu não...
_ Não fui eu não...

_ Não fui eu não...
_ Não fui eu não...


Biografia:
Nascimento: 27.07.1956; Feira de Santana , Bahia.
Número de vezes que este texto foi lido: 61677


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