1PROJETO DE PESQUISA: Ética na Educação
1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA: A Ética do Gestor Escolar nas relações interpessoais.
2 PROBLEMATIZAÇÃO: Como motivar o gestor escolar para a prática da ética, favorecendo a cooperação e diálogo entre os trabalhadores da unidade escolar?
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
- Propor ações para uma prática ética do gestor escolar, visando cooperação e respeito entre os trabalhadores da instituição escolar, para melhoria no processo de ensino-aprendizagem.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Analisar os principais conceitos éticos presentes na educação escolar.
- Conhecer o papel do gestor nas administrações escolares.
- Pesquisar em instituições escolares públicas, como tem sido a postura do gestor com relação à ética junto aos seus comandados.
4 JUSTIFICATIVA
Uma das razões primordiais que motivou a escolha do tema foi a constatação da inexistência de um código de ética para os trabalhadores das administrações escolares.
Nos dias atuais, a ética pode ser considerada como um elemento essencial que deve permear todas as formas de relações humanas. Sem a mesma, as organizações se tornarão prejudicadas e ineficientes.
Partindo do pressuposto de que as relações humanas estão cada vez mais complexas, observa-se que a criação da consciência ética é necessária para a promoção de valores que precisam estar presentes nas relações humanas.
Por isso, a educação deve ser o vínculo estimulador dessa nova consciência. É importante salientar que os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs apresentam a ética como um dos temas transversais que devem constar na base do planejamento de todas as disciplinas em todas as séries.
Por sua vez, o papel do gestor no sistema educacional é o centro das relações interpessoais, e por isso, tem o dever de apresentar condutas pautadas na ética e deve exigir a reciprocidade junto aos seus colabores, fomentando a cooperação e o diálogo, o que poderá resultar numa educação voltada para os valores essenciais da vida humana.
Em razão destes aspectos, a pesquisa a ser realizada objetiva propor ações para uma prática ética do gestor escolar, visando maior cooperação e respeito entre os membros da unidade escolar, favorecendo maior motivação dos mesmos e melhoria no processo ensino-aprendizagem.
5 REFERENCIAL TEÓRICO
Certas ações humanas requerem transparência, tanto por aqueles que as praticam quanto por aqueles que delas são alvo, para que possam se julgadas como procedentes ou não, eficazes ou ineficazes.
Nesta perspectiva, surge a ética, que pode ser compreendida inicialmente como aquilo que vetoriza determinação ação, ao ofertar-lhe uma origem e uma destinação específica. Michaelis (1998, p. 45) define a ética como: “a ciência que toma por objeto imediato os juízos de apreciação sobre os atos qualificados de bons ou de maus”.
Segundo os PCNs “a ética é a reflexão crítica sobre a moralidade. Ela não tem um caráter normativo, pois, ao fazer uma reflexão ética, pergunta-se sobre a consistência e a coerência dos valores que norteiam as ações, busca-se esclarecer e questionar essas ações, para que elas tenham significado autêntico nas relações” (BRASIL, 2001, p. 52).
A ética tem sido entendida sob diversas concepções. Reale (1999) entende a ética como ciência normativa dos comportamentos humanos. Maximiano (1974) aborda a ética como campo do conhecimento que trata da definição e avaliação de pessoas e organizações, dispondo sobre o comportamento adequado e os meios de implementá-lo. Contudo, Tofler (1993, p. 1) apresenta uma definição mais ampla, pois descreve a ética como:
O conjunto dos princípios morais fundamentais do certo e errado. São regras de comportamentos. Significa integridade. Tem de partir de dentro do indivíduo. O significado mais apropriado para a ética é: estar de acordo com os padrões de uma dada profissão ou grupo. Portanto, qualquer grupo determina seus próprios padrões éticos e então vive ou não de acordo com eles.
Nesta mesma linha de pensamento, Souza Fº (2004), acrescenta novos ingredientes à essa definição, pois entende que a ética consiste em buscar sempre o bem, combater vícios e fraquezas, cultivar virtudes, proteger e preservar a vida e a natureza.
Nessas concepções, pode-se observar que a ética estuda os costumes das coletividades e as morais que podem conferir-lhes consistência. Pode-se conceber a ética como uma disciplina ou campo de conhecimento humano que se refere a teoria ou estudos sobre a prática da moral. Ela analisa e critica os fundamentos e princípios que orientam ou justificam determinados sistemas e conjunto de valores morais. É, em outras palavras, a ciência da conduta, a teoria do comportamento moral dos indivíduos em sociedade. Por isso, Nalini (1997, p. 31) descreve que a “ética é uma disciplina normativa, não por criar normas, mas por descobrí-las e elucidá-las. Mostrando às pessoas os valores e princípios que devem nortear sua existência, a ética aprimora e desenvolve seu sentido moral e influencia a conduta”.
Em relação a esses aspectos, Moreira (1999), mostra que há pelo menos cinco teorias a respeito da formação dos conceitos éticos, aos quais também denomina como preceitos, a saber:
a) teoria fundamentalista: propõe que os conceitos éticos sejam obtidos de uma fonte externa ao ser humano, a qual pode ser um livro (como a Bíblia), um conjunto de regras, ou até mesmo outro ser humano;
b) teoria utilitarista: sustentada nas idéias de Jeremy Bentham e John Stuart Mil, para os quais o conceito ético deve ser elaborado no critério do maior bem para a sociedade como um todo;
c) teoria kantiana, defendida por Emanuel Kant, propõe que o conceito ético seja extraído do fato de que cada um deve se comportar de acordo com princípios universais;
d) teoria contratualista: baseada nas idéias de John Locke e Jean Jacques Rousseau, parte do pressuposto de que o ser humano assumiu com seus semelhantes a obrigação de se comportar de acordo com as regras morais, para poder conviver em sociedade. Os conceitos éticos seriam extraídos, portanto, das regras morais que conduzissem à perpetuação da sociedade, da paz e da harmonia do grupo social;
e) teoria relativista: segundo a qual cada pessoa deveria decidir sobre o que é ou não ético, com base nas suas próprias convicções e na sua própria concepção sobre o bem e o mal. Assim sendo, o que é ético para um pode não o ser para outro.
O estudo dessas teorias revela que elas são relativas e como tal devem ser entendidas. Sobre isso, Sá (2001) fez um estudo sobre os diversos aspectos da ética junto aos pensadores filosóficos e concluiu que os objetivos da mesma envolvem o procedimento do homem perante terceiros, mas sempre buscando praticar o que não venha a ferir ou prejudicar a quem quer que seja, inclusive o responsável pelo ato. Nos tempos modernos, o mesmo autor concluiu, que a ética é uma finalidade a ser perseguida e por isso, ela deve ser o elo entre o material e o espiritual. Ele defendeu também, a defesa da hierarquia de valores, como algo desejável, como norma e critério de juízo e como possibilidade de escolha inteligente.
A partir das décadas de 1980 e 1990, a ética apareceu como um daqueles temas que passaram a figurar como um dos grandes eixos de preocupação e discussão entre as pessoas. Groppa (2006) considera que a ética é discutida em vários campos sociais, como na política, na ciência, na religião, na medicina, na mídia ou no aparelho policial.
Valls (1994) apresenta três momentos de eticidade, por meio dos quais giram os grandes problemas éticos.
O primeiro deles consiste nas relações familiares, onde se colocam as questões das exigências éticas do amor, das formas de relacionamento hetero ou homossecual, as formas de vida celibatária, dentre outras.
O segundo se refere aos problemas da sociedade civil, como o trabalho e a propriedade. Aqui são referidos os assuntos de desemprego, as formas escravizadoras do trabalho, as injustiças sociais e muitas outras.
O terceiro se refere ao problemas éticos presentes no Estado, como: as declarações de direitos, a definição dos poderes, a divisão destes poderes para evitar abusos, as questões éticas das eleições.
Refletindo-se sobre este tema, pode-se dizer que o campo da ética fundamenta-se em torno da fidelidade, ou não, às regras de um determinado “jogo”, as quais, evidenciam-se, principalmente, quando o jogo é mal jogado. Uma vez bem jogado, elas submergem novamente, silenciam-se, retornam à qualidade de pressuposto básico, segundo Groppa (2006).
Assim, pode-se dizer que a ética é aquilo que deriva da nossa confiança no outro, ou aquela espécie de segurança íntima e apaziguadora a que se acede quando em boa companhia.
Na prática escolar a ética representa um desafio no processo de ensino e aprendizagem, que se realiza em cada uma das áreas do conhecimento, uma constante atitude crítica, de reconhecimento dos limites e possibilidades dos sujeitos e das circunstâncias, de problematização das ações e relações e dos valores e regras que os norteiam. Neste sentido, a mediação representada pela ética deve estimular e favorecer essa articulação. (BRASIL, 2001).
6 METODOLOGIA
Pesquisas bibliográficas serão a base do referencial teórico e constituirá o primeiro momento deste projeto. Também serão elaborados questionários para pesquisa de campo com os gestores da educação em escolas públicas de Curitiba. Os questionários serão analisados e interpretados e servirão como instrumento para se proporem ações visando a uma prática do gestor escolar.
8 REFERÊNCIAS
AQUINO, Júlio Groppa. A questão ética na educação escolar. Disponível em www.senac.br Acesso em 12/nov/2006.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais. Brasília: MEC/SEF, 2001.
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Atlas, 1974.
MICHAELIS, I. Moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 1998.
MOREIRA, Joaquim Manhães. A ética empresarial no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1999.
NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 24ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
SÁ, Antonio Lopes de. Ética profissional. Sâo Paulo: Editora Atlas S.A., 2001.
SOUZA Fº, Pedro de. Ética nas organizações modernas. Disponível em www.coopex.com.br Acesso em 24/fev/2005.
TOFFLER, Barbara Ley. Ética no trabalho. São Paulo: Makron Books, 1993.
VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. São Paulo: Brasiliense, 1994.
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