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Sozinha (À Shirley Barreto)
Keila Nunes dos Santos

A tua tristeza não tem nome, tampouco motivo
Os olhos que te devoram, são olhos felinos
Olhos que vêem uma face lânguida
Mas incapazes de perceberem tua alma partida.

De que te importa as bocas que escarnecem
Se é puro o teu proceder
Se o que te faz rir
E te traz alegria, não alegra a outra gente?

De que te importa os julgamentos
Se tudo que sofrestes, sofrestes sozinha
Se as lágrimas que na vida derramastes
Secaram sozinhas?

De que te importam as críticas
Se tudo que sentes, sentes sozinha
Tudo que vês, enxergas sozinha
Tudo que sonhas, sonhas sozinha
E tudo que amas, amas sozinha?

Lembre-se que de uma coisa
Esquecem os olhos famintos
Que devoram-te sem pedir permissão:
“Que da ostra fechada, sozinha, silenciosa
Nasce a pérola límpida e valiosa
E que a escuridão do fundo do oceano
Não causa-te a cegueira”.




Este texto é administrado por: Keila Nunes
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