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TANTAS MÁSCARAS
Tânia Du Bois

     Pedro Du Bois, em seu livro Tantas Máscaras, revela a imagem da vida, fazendo um registro formado pelos tipos e situações comuns ao padrão cultural. Também mostra que a postura do mascarado revela sentimentos de poder que por alguns instantes conquistam em suas vidas.

     “Na máscara se revela / inteiro mostrando /
como se esconde / pensa o escuro / da farsa /
e se ilumina aos olhos /
     o espelho reflete a imagem / que queria mostrar /
     nos dias rasos / em que a sua vida se esconde”.

     O mascarado engana, trai a confiança e expulsa as orações. Mente para si seus desejos, retirando sua paz da paz em que se refugia. Desvenda a sua alma e avança não dando ouvidos para a sua voz.
     
     “O suor escorre a máscara / desnudando o rosto / vazio
             de significados. // A face antepondo a máscara /
             à desilusão frente ao pecado...”

     Tantas são as máscaras que o medo salta transformando seus sonhos, escondendo as verdadeiras emoções das faces das pessoas. Mente os fatos e os atos e, ao ver a luz da manhã, não mente o sonho e nele sua luz permanece.
     A relativação da colocação da máscara é inventar um mundo que supõe existir, atendendo ao seu desejo. E o que parece mentira é tão somente outra verdade.

     “Retirar a máscara desfazendo o véu /
            que nada mais encobre / é livre tua tristeza /
            não mais sobre ti os olhares da maldade”.

     É impossível retirar a máscara do outro e ter a certeza que nos dá a versão dos fatos. Essas impossibilidades o poeta nos mostra em seus poemas, fazendo-nos refletir sobre as intenções alheias, e com isso não podemos dizer que o convívio social conduz às certezas, onde o mascarado ocupa uma posição social e se revela na problematização do conflito dos sonhos, sonhando por si.
     O mascarado é o caminho escondido e mal tratado, chora lágrimas de saudades e grita ao retirar a máscara.

     “Outras máscaras / não permitindo / que possamos
                 nos conhecer / Outras máscaras / tão alegres /
                 nas alegorias nos carnavais / Outras máscaras /
                 passado e futuro / escondidos entre nós”

     A máscara esconde o tempo e o transforma em passado; e que, passado tempo em vida, a retirada da máscara é livre.


Biografia:
Pedagoga. Articulista e cronista. Textos publicados em sites e blogs.Participante e colaboradora do Projeto Passo Fundo. Autora dos livros: Amantes nas Entrelinhas, O Exercício das Vozes, Autópsia do Invisível, Comércio de Ilusões, O Eco dos Objetos - cabides da memória , Arte em Movimento, Vidas Desamarradas, Entrelaços,Eles em Diferentes Dias e A Linguagem da Diferença.
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