Caio! Nome de apenas quatro letras, mas que soa como um trovão, quando dizemos: Caio Fernando Abreu, o senhor que deixou gravado em letras, palavras e frases a verdade nua e simples da alma humana. O senhor dos sonhos, da vontade de mudar conceitos, do desespero de ser compreendido diante do diferente. O senhor da dor contida, rasgada, da lágrima solitária, das noites em claro clamando por um ombro, uma voz, um carinho, um som...
O senhor Fernando, do riso limpo, da alegria espontânea, do olhar brejeiro de menino sonhador que saiu de uma cidade do interior para encantar e surpreender o mundo com sua literatura verdadeira, rica, forte, incontrolável, por vezes cruel na maneira de expressar os sentimentos da alma humana.
Senhor do talento, dos amores, das paixões, da vontade de encontrar um amor eterno... Senhor de corações, dono de amizades sinceras, conquistador de lugares, apaixonado por música, fotos, revistas, jornais. Senhor dos contos, crônicas e romances, que deram uma certeza: nascia uma das mais importantes contribuições literárias dos últimos tempos.
Senhor Caio Fernando Abreu, um mestre que sabia ser doce, leve, elegante, mas também sabia como ninguém arrancar os mais perversos sentimentos do ser humano, via a alma e não tinha vergonha de dizer tudo aquilo que se passava em seu coração. Seus olhos tinham verdade, eram profundos e desafiadores, eram neles que estavam refletidos seus medos, pesadelos, dúvidas, neles e em sua mente brilhante.
Caio, simplesmente Caio, um anjo sincero, de voz mansa que deixou ao mundo uma lição de sinceridade mesclada de talento. Senhor do olhar profundo, nascido sob o signo de virgem no dia 12 de setembro de 1948, em Santiago. Com 48 anos faleceu vítima do vírus HIV, no dia 25 de fevereiro de 1996, deixando uma das mais completas obras literárias dos últimos tempos.
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