Ando pela vida às vezes aparvalhado, ciente de estar no lugar errado.
Procuro a modéstia e encontro o orgulho à mercê de mergulho.
O hoje sempre me distrai, porém, o amanhã insiste em pedir-me mais e mais.
Lutas e alegrias. Dormito e acordo ao raiar do dia.
Sibilino, começando tudo de novo.
Não entendo e não sou entendido, é a vida removida e deslocada.
Assim meu irmão, devemos estar sempre alerta, contra as más ofertas.
Dê o seu rosto para bater, coragem, saia debaixo dessa coberta.
Lute, pois, a vida é incerta, e feita de luta e estorvo.
Limpe seus olhos e veja, retire-lhe o entulho.
Aprenda sobre o motivo de estar vivo.
Voe alto com olhar aquilino, e avistará o seu destino.
Como sou eu, você não é nada, desvencilhe-se do orgulho.
Caminhe, não olhe ao lado, não pare, nem fique emperrado.
Você sempre acha que a dor alheia é menor do que a sua.
Engana-se, ela é compatível com o poder de cada ser.
Todos sofrem a mesma dor, apenas uns aprendem com ela conviver.
Não lhe dê muita atenção, não a veja com o seu coração.
Seu pensamento pode intensificá-la e até destruí-la.
Desprenda-se desse grilhão, que a maioria conduz pela mão.
Escraviza, endoidece, martiriza o pensamento sem criação.
Terapia é a canção, o trabalho manual, e até a tecla do computador.
Compute a dor com a inexistência e ganhará resistência.
Não peça a ela clemência, apele a sua pessoal decência.
Para isto, haja consciência, a qual procure com insistência.
Persista e a encontrará, meu irmão, não deixe a tocha cair ao chão.
Levante bem alto a sua mão, e cantará a vitoriosa canção.
Ganhará o pódio de vencedor, que venceu a própria dor.
Esta também é a minha intenção.
jbcampos
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