Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Um rato cego num labirinto iluminado
Usaki

Resumo:
   

Sou um rato cego num labirinto iluminado. Tropeçando em pedaços de queijo, sem saber o que são. Rogando pragas ao mundo dos mortais e maldições ao Olimpo. Batucando nas paredes em busca da saída, sentindo... tentando sentir... uma textura, um cheiro, um abismo. Algo que me permita sair... ou ficar mas não saber.
Percorro o que para mim é inexistente, tacteando o abstracto, falando com a solidão, imaginando uma silhueta branca, só branca. Não é grande nem pequena, elegância não a tem mas brusca também não é. É branca. Só imagino branco porque só vejo preto. Só imagino uma silhueta porque só sinto superfícies planas. Falo com ela, ela responde. Anima me. Incentiva me e eu corro. Fico dorido com tantas batalhas, cansado de tanto correr. Só quero parar e morrer. Mas a silhueta está sempre comigo e não se cansa, cada vez fica mais branca, e agora já não fala só canta. E por isso corro e ando e corro outra vez. Vou ao chão e arranho as paredes. Sofram penso eu, sofram nem que seja só um milésimo da minha dor. Só quero fazer sofrer, partir algo, destruir tudo, sair deste maldito labirinto iluminado. Porque raio é que é iluminado se eu não consigo ver. Eu já só quero ver, uma porra de uma cor, nem que seja castanho alaranjado, uma parede, um queijo, a luz, só quero ver a porra da luz.
Acordo. A silhueta já não está. Só negro. Como tenho saudades. Fico parado no presente a pensar no passado e evitando o futuro. Pensado em tudo que já fiz, ignorando o que poderia ter feito. Como tenho saudades. Olho para cima sabendo que para onde quer que olhe tudo será igual. Só quero a silhueta de volta. Só quero conversar. Só quero correr. Não tenho força. Só penso, nada faço. Já nem imagino nada. Não tenho força para lutar mas não quero estar parado. Não quero desistir, quero sair e viver. Mas não tenho força. Vou ficar aqui à espera da morte. Só espero que não seja escura.
Será ela? Vou ser levado? Uma mão vermelha agarra me e leva me para baixo. Sinto me a cair, cada vez mais rápido, a velocidade aumenta, sinto me a desintegrar, a desaparecer, caindo e caindo, para baixo e para baixo e rebento.
Sou só olhos, vejo tudo, as cores, o amarelo, o azul, vejo o queijo, as paredes, o sangue nas paredes, todas as pegadas que deixei, vejo o chão, o tecto para onde passei horas a olhar, as luzes, oh as luzes, brilhantes, cheias de esperança, o futuro agora sim vejo o futuro, é magnifico, tanto para fazer, aprender, amar, agora já posso amar, já só tenho que sair, vejo a saída, estava mesmo à minha frente, ali mesmo a uma corrida de distância, estava tão perto, era só correr uma ultima vez, um ultimo fôlego, agora não interessa só quero é sair. Vou sair.
Sou só olhos.
Vejo me.
Um rato deitado num labirinto iluminado.


Este texto é administrado por: Rúben
Número de vezes que este texto foi lido: 52827


Outros títulos do mesmo autor

Contos Um rato cego num labirinto iluminado Usaki


Publicações de número 1 até 1 de um total de 1.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
JASMIM - evandro baptista de araujo 68975 Visitas
ANOITECIMENTOS - Edmir Carvalho 57896 Visitas
Contraportada de la novela Obscuro sueño de Jesús - udonge 56717 Visitas
Camden: O Avivamento Que Mudou O Movimento Evangélico - Eliel dos santos silva 55794 Visitas
URBE - Darwin Ferraretto 55047 Visitas
Entrevista com Larissa Gomes – autora de Cidadolls - Caliel Alves dos Santos 54964 Visitas
Caçando demónios por aí - Caliel Alves dos Santos 54844 Visitas
Sobrenatural: A Vida de William Branham - Owen Jorgensen 54841 Visitas
ENCONTRO DE ALMAS GENTIS - Eliana da Silva 54737 Visitas
O TEMPO QUE MOVE A ALMA - Leonardo de Souza Dutra 54712 Visitas

Páginas: Próxima Última