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MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
LIDIANE NUNES DE ALMEIDA E DOUGLAS CASSIANO

Resumo:


RESUMO: Esse artigo tem como tema de estudo a musicalização na educação infantil. Como a música pode trazer benefícios para o desenvolvimento infantil? Como objetivos: pesquisar a importância da música no desenvolvimento cognitivo da criança; analisar projetos de músicas envolvendo a educação infantil; identificar os efeitos da utilização da musicalização no desenvolvimento infantil. Os principais autores estudados: Vygostky, Piaget, Brito, RCNs, LDB, SCHAFER, entre outros. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. A música não substitui o restante da educação, ela tem como função atingir o ser humano em sua totalidade. A música, quando trabalhada em sala de aula, atinge as crianças de tal forma, que lhes dá motivação e alegria nas aulas. Cabe aos professores a mediação entre a música e os conteúdos escolares, sendo esta auxiliar do processo de aprendizagem.

INTRODUÇÃO
Esse artigo tem como tema de estudo a musicalização na educação infantil. Como a música pode trazer benefícios para o desenvolvimento infantil? Tem como objetivos: pesquisar a importância da música no desenvolvimento cognitivo da criança; analisar projetos de músicas envolvendo a educação infantil; identificar os efeitos da utilização da musicalização no desenvolvimento infantil. O estudo é de cunho bibliográfico tendo como fonte sites acadêmicos, livros, revistas, documentos vigentes no Brasil, entre outros.
A música está presente desde os primórdios da humanidade, já que estimula a socialização, desenvolve linguagem oral, corporal e cognitiva. A música é definida como elemento cultural que tem o poder de transformar o ser humano, tanto no âmbito individual quanto no coletivo. Segundo Gainza, “A música e o som, enquanto energia estimula o movimento interno e externo no homem; impulsionam-no a ação e promovem nele uma multiplicidade de condutas de diferentes qualidades e graus” (GAINZA, 1988, p. 22).
O desenvolvimento musical se dá de modo contínuo, inicia-se com experiências verdadeiras. Para que esse tenha um desempenho musical significativo são necessários elementos que contribuam tanto na participação da criança quanto na estimulação. A prática educativa associada à linguagem musical apresenta relevantes desenvolvimentos no aspecto de conteúdo, cognição e interação entre crianças, além de exercer papel de mediador.

A MÚSICA NO DIA A DIA DA CRIANÇA
A música é uma linguagem universal. É tudo o que o ouvido percebe sob a forma de movimentos vibratórios. Os sons que nos cercam são expressões da vida, da energia, do universo em movimento e indicam situações, ambientes, paisagens sonoras: a natureza, os animais, os seres humanos traduzem sua presença, integrando-se ao todo orgânico e vivo deste planeta (BRITO, 2003, p.17).
A realização de atividades com as crianças em que a musicalização é tida como base, propicia, o estímulo de movimentos específicos que auxiliam na organização do pensamento, além de favorecer a cooperação e comunicação das atividades que são realizadas em grupo. As atividades trabalhadas no dia a dia devem ser desenvolvidas de forma paralela associando conteúdos a música.
A música torna o ambiente mais alegre e favorável à aprendizagem, proporcionando satisfação, as crianças. Percebe-se que a música ainda é vista como um entretenimento, um recurso de reposição em momentos em que não se é possível cumprir o planejado. As escolas no geral estão em processo de adequação, estabelecendo estratégias que desenvolvem o emocional que certamente auxilia o processo ensino-aprendizagem, pois tem característica interdisciplinar o que é de grande valia como instrumento metodológico e didático-pedagógico.
A música é algo constante na vida da humanidade, pode-se comprovar isto, em todos os registros da trajetória histórica. O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) nos diz que:

A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. Faz parte da educação desde há muito tempo, sendo que, já na Grécia antiga, era considerada como fundamental para a formação dos futuros cidadãos, ao lado da matemática e da filosofia. A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social, conferem caráter significativo à linguagem musical. É uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na educação infantil, particularmente (BRASIL, 1998, p. 45).

A música é ferramenta indispensável na Educação Infantil, pois é através dela que criança expressa os seus sentimentos e emoções, além disso, melhora a interação com os colegas, acalma e melhora sua autoestima. A música desperta interesse na maioria das crianças, já que facilita a utilização da criatividade. Com relação à educação sonora, Schafer, discorre o seguinte: “A escuta atinge lugares que a vista não alcança [...]. (SCHAFER, 2009, p. 49)”.
O envolvimento das crianças com o universo sonoro começa ainda antes do nascimento, pois na fase intrauterina os bebês já convivem com um ambiente de sons provocados pelo corpo da mãe, como o sangue que flui nas veias, a respiração e a movimentação do intestino. A voz materna também constitui material sonoro especial e referência afetiva para eles. Os bebês e as crianças interagem permanentemente com o ambiente sonoro que os envolve e – logo – com a música, já que ouvir, cantar e dançar são atividades presentes na vida de quase todos os seres humanos, ainda que de diferentes maneiras. (BRITO, 2009, p. 55).

De acordo com a BNCC (Brasil, 2017, p. 63), as atividades humanas são realizadas nas práticas sociais e mediadas pelas diferentes linguagens: verbal (oral, visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e contemporaneamente a digital. Por meios dessas práticas, há os processos de interação, constituindo os sujeitos sociais. Neste trecho, o ensino de Música está respaldado pelo uso da linguagem sonora e é explorado através dos parâmetros do som, através de práticas pedagógicas diversificadas, principalmente através de jogos musicais. O mesmo documento registra que o ensino de Música e Artes Visuais está atrelado ao ensino de Arte e integrado à área de Linguagens.
A música auxilia no desenvolvimento e aprendizagem, melhorando o desempenho das crianças, devendo ser trabalhada desde cedo no contexto escolar, pois, está ligada ao corpo, mente e emoções das pessoas e contribuindo para melhoria da aprendizagem.
Segundo Scagnolato:

A música não substitui o restante da educação, ela tem como função atingir o ser humano em sua totalidade. A educação tem como meta desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição de que é capaz. A música atinge a motricidade e a sensorialidade por meio do ritmo e do som, e por meio da melodia, atinge a afetividade. Para o autor a música é como um complemento na educação, pois o aprendizado leva a criança a pensar, já a música a leva movimentar-se (SCAGNOLATO, 2009, p. 3).

A música assume um papel enriquecedor quando trabalhada na escola infantil. Cabe ao professor planejar suas aulas de maneira em que todas as crianças participem, ou pelo menos a maioria delas. Em relação à criança, Brito (2003, p. 36) ressalta que a postura adequada de educadores é o de “respeitar o modo como bebês e crianças exploram o universo sonoro e musical”, ou seja, cada um se expressa de forma diferente através de suas particularidades que devem ser observadas, respeitadas e preservadas. O professor deve ser um elo entre a criança e a música, de forma que este encontro deve ser espontâneo.
As cantigas de ninar, as canções de roda, as parlendas e todo tipo de jogo musical têm grande importância, pois é por meio das interações que as crianças desenvolvem um repertório que lhes permita a comunicação pelos sons; nos momentos de troca e interação.
Segundo Rose (1990) cantar uma música proporciona à criança o treinamento de uma série de aptidões importantes. A musicalização é importante porque desperta o lado lúdico aperfeiçoando o conhecimento, a socialização, a inteligência, capacidade de expressão, a coordenação motora, percepção sonora e espacial.
Diante das afirmações da autora fica evidente que o ensino da linguagem musical contribui para o desenvolvimento da coordenação viso motora, da imitação de sons e gestos, da atenção e percepção, da memorização, do raciocínio, da inteligência, da linguagem e da expressão corporal, favorecendo o desenvolvimento das habilidades preditoras da alfabetização.  A música pode ser trabalhada de inúmeras formas, com os mais diversos materiais, sendo que as atividades com música por meio de materiais alternativos favorecem a interação social. Corroborando com isso, os RCNs enfatizam que o a interação social é fundamental para o processo de aprendizagem.

O trabalho com a música deve considerar, portanto, que ela é um meio de expressão e forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças inclusive aquelas que apresentam necessidades especiais. A linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social (BRASIL, 1998, p.49).

As vivências realizadas mediante prazer e alegria são significativas, e geralmente permanecem na memória do sujeito, com as crianças não é diferente. A interação social pode ser muito beneficiada através da música Para Piaget, “o conhecimento é construído através da interação entre o sujeito e objeto, ou seja, por meio da ação e da interação com o objeto do conhecimento é que surge o aprendizado” (PIAGET, 2002, p. 123).
A música é um dos recursos mais eficientes para memorização e desenvolvimento do aspecto linguístico das crianças, auxilia no processo de ensino e aprendizagem e na socialização melhorando inclusive a autoestima de crianças tímidas que tem dificuldade de interagir em atividades.

[...] O aprendizado desperta vários processos internos de desenvolvimento, que são capazes de operar somente quando a criança interage com pessoas em seu ambiente e quando em operação com seus companheiros. Uma vez internalizados, esses processos tornam-se parte das aquisições do desenvolvimento independente da criança (VYGOTSKY, 1991, p. 77).

Através da musicalização a criança demonstra seus sentimentos e passa a demostrar e expressar com clareza seus sentimentos e sua forma de agir. Com o som da música e a letra pode-se chamar atenção dos alunos para algo que queira ser ensinado, de uma forma divertida e contagiante, envolvendo toda uma turma. “Trabalhar com música não é simplesmente ligar o som e dizer que a escola oferece a disciplina de arte musical, é preciso ter consciência dos objetivos que se deseja alcançar através da música” (COPETTI, 2011, p. 02).
A música, quando trabalhada em sala de aula, atinge as crianças de tal forma, que lhes dá motivação e alegria nas aulas, cada criança e cada turma tem suas preferências e especificidades que devem ser respeitadas.

A música pinta a própria paixão, o próprio amor, a própria aspiração, faz com que cheguemos a grandes emoções e, que as palavras não são capazes de evocar e levando o corpo a vibrar com a excitação do mais profundo da alma seja de alegrias ou tristezas (SNYDERS, 1997, p. 96).

Segundo Lima, através da música o professor tem uma forma privilegiada de alcançar seus objetivos, podendo explorar e desenvolver características específicas nas crianças. O indivíduo com a educação musical cresce emocionalmente, afetivamente e cognitivamente, desenvolve coordenação motora, acuidade visual e auditiva, bem como memória e atenção, e ainda criatividade e capacidade de comunicação (LIMA, 2010 apud PINHEIRO, 2021).
Portanto trabalhar com musicalidade implica em estabelecer objetivos, traçar metas, além de, conhecer as habilidades e as dificuldades das crianças da turma, somente assim o trabalho atingirá os objetivos e será significativo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização da música nas práticas pedagógicas da Educação Infantil pode trazer inúmeros benefícios para o desenvolvimento infantil. Assim entende-se que a música pode contribuir no processo de ensino aprendizagem. É fundamental ter a musicalização inclusa juntamente como recurso pedagógico, mas também em momentos livres.
Entende-se que o papel da musicalização na educação Infantil é muito maior do que entreter as crianças, a musicalidade sendo trabalhada com recursos estimula habilidades essenciais no desenvolvimento. E também a música pode auxiliar desde muito cedo na saúde mental e bem-estar, um benefício de extrema importância para saúde das crianças.
Os estudos da legislação e dos autores selecionados possibilitou compreender e ampliar a visão acerca da relevância da música na construção da aprendizagem, pois incentiva a criança a participar e interagir com o meio, através do corpo e da criatividade, cada uma com sua individualidade e no seu tempo. Vale destacar que a música não pode ser substituta de conteúdos, mas sim auxiliar na aprendizagem. Assim sendo, a musicalização quando trabalhada desde cedo no contexto escolar das crianças ajuda de maneira lúdica e prazerosa o aprendizado, o desenvolvimento, o trabalho em grupo.
Aos professores cabe atuar como mediadores, para isso a busca de metodologias que possibilite o trabalho com a música através das brincadeiras, cantigas, contribuindo assim com a socialização e a integração das crianças. Assim, a música deveria ser incluída como um componente curricular principalmente na educação infantil, para formação integral das crianças.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil / Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental - Brasília: MEC/SEF, 1998 volume 3. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf . Acesso em mar. de 2024.

______. Ministério da Educação. BNCC - Base nacional comum curricular. Brasília: MEC/SEB. 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ . Acesso em mar. de 2024.

BRITO, T. A. Música na educação infantil – propostas para a formação integral da criança. São Paulo: Editora Petrópolis, 2009. Disponível em: https://www.google.com.br/books/edition/M%C3%BAsica_na_educa%C3%A7%C3%A3o_infantil/dQUI4OQfk8YC?hl=pt-BR&gbpv=1&dq=.+M%C3%BAsica+na+educa%C3%A7%C3%A3o+infantil+%E2%80%93+propostas+para+a+forma%C3%A7%C3%A3o+integral+da+crian%C3%A7a.+S%C3%A3o+Paulo:+Editora+Petr%C3%B3polis,+2003.&printsec=frontcover. Acesso em fev. de 2024.

______. Música na educação infantil. São Paulo; Peirópolis, 2003.

COPETTI, A. A. A música enquanto instrumento de aprendizagem significativa: a arte dos sons. XVI Seminário Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão. UNICRUZ, Rio Grande do Sul, 2011. Disponível em: https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2022/TRABALHO_EV174_MD1_ID10163_TB230_14062022102709.pdf. Acesso em fev. de 2024.

GAINZA, Violeta Hemsy de. Estudos de Psicopedagogia Musical. 3. ed. São Paulo:Summus,1988. Disponível em https://musicaeadoracao.com.br/25473/a-importancia-da-musicalizacao-naeducacao-infantil-e-no-ensino-fundamental/. Acesso em fev. de 2024.

PIAGET, J. Epistemologia Genética. Trad. Álvaro Cabral. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

PINHEIRO, Fernanda Viana, et al. A contribuição da música na educação infantil. Disponível em: https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/1766. Acesso em: dez. de 2023.   

ROSE, N.S.S. Educação musical para pré-escola. São Paulo: Atica 1990.

SCAGNOLATO L. A. de S. A Importância da Música no Desenvolvimento Infantil. Web artigos, 2009. Acesso em 14 de setembro, 2023. Disponível em: https://www.webartigos.com/artigos/a-importancia-da-musica-no-desenvolvimento-infantil/16851/. Acesso em mar. de 2024.

SCHAFER, R. Murray. Educação sonora: 100 exercícios de escuta e criação de sons. R. Murray Schafer: tradução de Marisa Trench de Oliveira Tonterrada. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2009. Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/19873791/Para-uma-educacao-sonora-100-exercicios-de-audicao-e-producao-sonora-de-Murray-Schafer-RESENHA. Acesso em dez. de 2023.

SNYDERS, Georges. A escola pode Ensinar as Alegrias da Música? São Paulo, Ed. Cortez, 1997.

VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. 4 ed. São Paulo – SP: Livraria Martins, 1991.


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