Queria eu ser
Aquelas pessoas que as três da manhã está tendo sonhos bons enquanto me desmancho entre as cobertas que cobre meu corpo sentimentalmente dolorido pelo fim.
Queria eu ser
como o relógio que gira mas segue em frente fazendo dos dias novos outra vez.
Queria eu ser.
Eu poderia ser.
O seu sempre,
Ainda penso,
Deitada no travesseiro nas madrugadas de outono o porquê de todo sempre ter um fim.
Queria eu ser
A pessoa dos seus pensamentos, que tira seu fôlego e faz da sua pele um abrigo para o meu corpo que grita pelo seu cheiro que já esqueci.
Não queria ser
A mulher de falas amargas.
Que cospe palavras.
Que transforma o coração em um campo de guerra onde quem vence é o frio que entrou pela janela que você deixou aberta e não olhou para trás para fechar.
Queria eu ser
A pessoa que te incomoda.
Que te consola.
Que faz um lugar bom no seu peito quente.
Você se foi e deixou aquele gosto amargo
Não como café.
Nem chocolate.
Mas um remédio ruim do qual eu precisava me curar
Entrou nos meus poros e se instalou fazendo da minha amargura minha própria morada e muralha.
Contra você.
Contra qualquer um.
Contra meu coração.
Queria eu ser
Alguém que supera finais da forma mais indiferente possível, como esbarrar em um estranho com pressa em plena avenida Rio Branco.
Mas eu não sou.
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