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  Texto selecionado
Para que morrer?
Katia Krzesik

Resumo:
Texto baseado em fatos reais, com personagens fictícios.
Qualquer semelhança com fatos e pessoas é mera coincidência.
Versa sobre a história de uma mãe que teve uma doença que quase lhe tirou a vida.

Quantos de nós não desejamos a própria morte? Numa tentativa de “resolver” alguns problemas ou conflitos, repetindo as famosas frases: “Pra que viver assim?” ou “Não aguento mais esta vida”, isso sem contar aquelas pessoas que reclamam de tudo: está calor, está frio, está chovendo, etc.
Pois bem, costumamos dar valor às coisas, quando as perdemos ou estamos impossibilitados de fazê-las. Como exemplo, comer um chocolate após descobrir o diabetes, correr no parque quando se descobre uma taquicardia ou até mesmo, abraçar alguém quando esta já partiu.
Daqui por diante uma breve experiência com a proximidade da tão temida morta, que poderá lhe fazer trocar as famosas frases do inicio deste artigo por esta: “Para que morrer?”.
Num começo de tarde do dia 11 de fevereiro de 2000, sentindo fortes dores abdominais, Cristina foi levada ao hospital onde fez uma bateria de exames, tendo sido diagnosticada com infecção pós cesárea. Assim, teria que ser submetida a uma cirurgia de emergência que a princípio não duraria mais do que trinta minutos.
Cristina por sua vez, queria ter ido para casa, encaminhar as coisas de seus dois filhos, sendo uma com seis anos e o pequeno bebê de três meses que dependia inteiramente dela. Contudo, os médicos disseram que seria um risco muito grande se ela retornasse para casa e que sua família teria que dar conta de tudo, enquanto ela estivesse em tratamento. Ela por sua vez, bastante abalada com todas as informações, nada pode fazer e muito nervosa acabou entrando no centro cirúrgico. Ali, começou sua proximidade com a morte.
Uma cirurgia de oito horas, quase deu fim ao sonho de criar seus pequenos filhos. Como se não bastasse tudo isso, após a cirurgia ela foi encaminhada diretamente para a unidade de terapia intensiva (UTI), pois havia perdido muito sangue, 50% do intestino e 50% do aparelho digestivo haviam sido comprometidos pela infecção, que através da biópsia se descobriu ser um tumor.
Na UTI Cristina ficou vários dias, sem noção de dias da semana, horário e muito menos do que havia sido feito com seus filhos, que diga-se, eram sua única preocupação. Passados alguns dias, porém ainda muito debilitada e com risco de morte, ela acordou como se estivesse no mesmo dia de sua entrada naquele centro cirúrgico. Em seu inconsciente era o mesmo 11/02/2000. Para surpresa da equipe médica, ela acordou lúcida, suas funções cerebrais haviam se mantido intactas apesar dos vários dias em estado de coma profundo.
O tempo foi passando e ela foi transferida para um quarto, já podia receber visitas e pode ver sua pequena filha Kika, mas o Kel ela só conseguiu ver quase trinta dias depois. Seu maior sofrimento era esse, não poder ver seus filhos, alimentá-los e cuidá-los, ainda que soubesse que a avó Rosa estava cuidando deles com todo amor que por eles tinha.
Depois de tantos dias de escuridão sepulcral onde não via e nem ouvia nada, era tudo muito escuro e silencioso. No hospital, Cristina podia de seu leito ver uma pequena janela e assim, pode contemplar a chuva, justamente ela, que não gostava de dias chuvosos, passou admirar a chuva e agora cada vez que chove ela ainda contempla como se aquele dia fosse. No dia que voltou do coma só viu uma luz muito forte que quase lhe cegava os olhos. Para ela foi um longo caminho com aquela luz sobre seu rosto, tendo que caminhar em direção dela ainda que muito cansada. Quanto mais se aproximava daquela luz, mais forte ficava.
Então, percebeu que estava viva, se emocionou e agradeceu a Deus pela oportunidade de viver. O que ela não sabia é que ali começaria seu calvário. A recuperação de Cristina, não seria nada fácil, como aliás, nada nunca teria sido fácil para ela. A vida dela era um mar de dificuldades, contratempos e tristezas.
Os médicos disseram, que as chances de sobrevivência dela seriam de apenas 2% e se isso acontecesse, teria que usar uma bolsa de colostomia. Para surpresa de todos, ela assinou um termo de responsabilidade que sairia do hospital sem a tal bolsa. E assim ela o fez. Não foi fácil, pois passou mais de um ano se alimentando apenas de mamão amassado, pequenos pedaços de fígado e suco de laranja. Somente conseguiu pegar seu bebê no colo quando ele já tinha seis meses, sentada no sofá, com dois travesseiros para proteger seu abdômen. Foi o momento mais lindo da vida dela, ver que seu pequeno bebê chorava e ao ser colocado em seus braços, dormiu.
Foram anos de tratamento, muitos outros internamentos, passava semanas nos hospitais, até encontrar uma médica que entendeu suas dores, tendo-a medicado de forma assertiva e praticamente devolvido vida saudável a ela.
Depois de morrer, renascer e continuar vivendo, Cristina mudou sua forma de pensar e agir, passou dar mais valor aos filhos, agradecer pelas dificuldades que enfrentou e enfrenta, louvar à Deus por suas vitórias e escrever sobre sua vida. Contribuindo para que outras pessoas, através de seu testemunho e experiência entre morte e vida, possam fazer e responder a pergunta: Para que morrer?
Viva o agora com a certeza de que está fazendo a coisa certa, tenha um sentimento de gratidão por todas as pessoas que passarem por sua vida, perdoe a si próprio por suas falhas e perdoe os outros. Não queira fazer tudo de uma única vez, tão pouco queira ter tudo na vida. Daqui você não levará nada, apenas deixará para a posteridade o seu nome, seus feitos e suas histórias vividas e contadas. É você que decidirá o que deixar, como quer ser lembrado e as histórias que quer viver.
Ninguém viverá sua vida, ela lhe foi dada para que a viva em abundância, para que a aproveite e com ela, possa contribuir para que outros vivam melhor. Contribua para o bem-estar de alguém, cumprimente seu vizinho, sorria e nunca se esqueça: Você é filho do universo e atrairá para você tudo aquilo que semear. Se você for um bom amigo o universo lhe trará bons amigos, se tiver um bom coração e generosidade, lhe será dado o afeto das pessoas e assim por diante.
Então, para que morrer? Pare de se lamentar, levante a cabeça e encare que você está vivo! Que um soldado mesmo ferido ainda poderá lutar.
Desejo que a partir de agora, você seja um pouco Cristina, que chorou sim, mas nunca desistiu. Que o universo lhe dê os frutos de seu merecimento.


Biografia:
-
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