A MARIPOSA
Atravessa comigo a noite em claro,
Voando ao redor da luz da escrivaninha.
Vez ou outra rente à pele me acarinha
E vai-se sem que faça mais reparo.
Mas pousa no retrato do preclaro
E ainda saudosíssimo poetinha!...
De modo que elegante se sustinha
N'aquele rosto a mim sempre tão caro.
Atravessa comigo a noite escura
A panejar sua asa adamascada
Que logo sobre o bronze então figura.
Registro que, poesia sublimada,
A mariposa em sua desventura
Deu vida àquela face iluminada.
Betim - 09 05 1995
|