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O Anjo do Passado
Capítulo 4
M. Fernando

__ Bom... Estão entregues. – Disse Mark já fora do seu carro, encostado nele.
__ Obrigada por nos acompanhar, apesar de ser em carros diferentes...
__ Não tem problemas, New York não é uma cidade tão segura.
__ É eu sei e... Muito obrigada por... Essa noite.
__ Tudo bem...
__ Vamos fazer isso de novo? – Angelo se meteu no meio de nós dois perguntando a Mark, como quem não queria nada.
Ele se abaixou e disse: __ Claro eu adorei, me diverti muito. – passou a mão em seus cabelos bagunçando os cachos.
__ fazia tempo que não saía e foi bom você tem vindo conosco por que a mamãe é muito medrosa. – eles sorriram.
__ Tá bom, Okay, já está bom de tanta conversa, vamos entrando em?
__ mas, já? – Angelo me perguntou triste.
__ sim por que já está tarde, e eu já vou entrar também.
__ tudo bem. – disse resignado, eles bateram as mãos, Mark se levantou e logo caminhou para dentro da casa.
__ Bem... Mas, uma vez muito obrigada e desculpas, ele sempre acaba falando demais.
__ Não tem problemas, ele não disse nada de mal, e não precisa agradecer, eu fui quem mais me diverti, pode acreditar.
__ Então que bom. Er... Eu já... Tenho... Que... – apontei para a casa.
__ Há! Tudo bem. Tenha uma boa noite.
__ você também. – fiquei sem saber como nos cumprimentaríamos, então dei a mão para ele e logo senti um aperto. Senti-o um pouco inquieto como se quisesse fazer ou me dizer algo, mas logo comecei a andar em direção a casa o deixando só. Entrei e segundos depois ouvi o arranque do motor, ele havia ido embora.
__ Então... Como foi? Já estão namorando? – ele me perguntou descendo do sofá que fica do lado da janela, na qual ele estava nos espionando.
__ Não é assim que as coisas funcionam. – nem falei nada sobre eles está nos espreitando, ele sempre faz isso, talvez por preocupação ou somente por pura curiosidade, o fato é que eu o entendo, não é fácil ser tão pequeno e já passar por tudo que ele passou.
__ Tem certeza? Ele te olhava de um jeito... Pensa que eu não reparei? O jantar todinho.
__ Primeiro: ele é meu chefe, segundo: conhecemo-nos ontem e terceiro: desde quando você se atenta para isso.
__ não é que eu me atente para isso, é que eu sou homem e eu sei disso, seu como os homens pensam.
__ Há! Você é homem? – assentiu – e por acaso você já se apaixonou? Sabe alguma coisa de amor?
__ Er... Não, mas que ele está na sua, ele está e para falar a verdade como diz a tia Camila ele é um partidão.
__ Primeiro: você não deve escutar a Camila ela é louca, segundo: Onde você aprendeu essas gírias? E terceiro: Que história é essa de “partidão”?
__ A tia Camila não é louca, bem... Ela é mesmo, mas é oque me faz gostar dela, e todo mundo fala assim lá na minha escola é comum e... O Mark é um cara legal.
__ você nem o conhece.
__ Ei! Ele me levou no parque, ele é tipo meu super-herói.
__ Ah, mas você se vende por muito pouco.
__ Não é “muito pouco” é uma companhia que eu achei muito legal, por que depois de muito tempo eu tive alguém para brincar comigo e me dar atenção. – depois dessas palavras ditas, segundos depois Angelo abaixou seu olhar não era exatamente isso que ele queria falar, ele percebeu o olhar meu olhar e viu que me machucou. Eu apesar de saber que meu filho falou sem intenção fiquei triste, mas no fundo eu sabia que ele estava certo. Ficamos em um silêncio agoniante naquela sala. Ficamos olhando para o outro estático, Angelo levou a mão ao outro braço e ficou fazendo movimentos suaves de sobe e desce como sempre fazia quando estava nervoso.
__ Tudo bem, mas agora você que tem que se decidir, antes você torcia pelo Natan agora para o Mark. Não pode torcer pelos dois. – disse tirando aquele ar de tensão pairado onde ambos estávamos. Passei por ele o deixando sozinho e confuso.
Angelo depois de perceber que não fiquei tão magoada, falou: __ Vamos mudar de assunto, esse negócio de namorado não é para mim – falou depois de me seguir até a cozinha, subiu no balcão e apoiou o rosto na mão como se estivesse cansado e entediado. – Há! Mãe por que não fazemos um piquenique amanhã à tarde? Podemos chamar a tia Camila.
__ Achei uma boa ideia. Toma o seu leite. – entreguei a ele um copo. – mas, de verdade gostei da proposta, podemos passar esse tempo juntos já que você “negociou” minhas férias com Mark e segunda eu tenho que viajar.
__ Verdade, eu vou ficar com a Tia Mila não é? – disse animado
__ estou começando a pensar que você fez isso para poder ficar com ela, já que ela é louca como você diz e com certeza ela deixa fazer o que você quiser.
__ Não é bem assim não. – Falou tentado disfarçar.
__ sei... Mas, termina isso aí e vamos dormir por que já está tarde e eu estou com sono.
__ Eu também – disse depois de dar o ultimo gole. Deixou o copo no balcão, desceu da cadeira, me abraçou pela cintura, me abaixei e ele me deu um beijo na bochecha e foi para o quarto.
__ é para tomar banho e não se esqueça de escovar os dentes ouviu?
__ sim! – entrou no quarto e minutos depois ouvi o barulho do chuveiro.
     Resolvi tomar o mesmo caninho que ele. Entrei no meu quarto me despindo deixando minha roupa por toda a extensão do piso. Toquei meus ombros tentando fazer uma massagem, poderia colocar uma brincadeira que não resolveria. Fiz um toque leve no meu cabelo pra não molhar, caminhei até o banheiro de azulejos azuis e piso cinza, liguei o chuveiro regulando a temperatura no morno e entrei debaixo da água corrente fiquei muito tempo debaixo do chuveiro refletindo, afinal, não existe lugar melhor pra pensar na vida do que o banheiro. Porque aquele homem misterioso vive aparecendo? Pode ilusão da minha cabeça, se sim por quê? O que ele teria a ver com a minha vida? Isso é loucura é só um desconhecido que tem o mesmo direito que eu de ir onde quiser, levando em consideração que nos vimos em locais públicos, mas eu sentia tão perto de mim mesmo estando longe, ou não, não sei onde ele está agora.
     Aqueles cabelos encaracolados tão suaves que podem ser levados facilmente pela sutileza do vento, seus lábios bem desenhados com o mesmo sorriso de canto... Parece impregnado na minha cabeça todas as vezes que pisco em um flash ele vem na minha mente obsessão! Loucura? Com certeza, não sei nem o que estou fazendo.
Pesquei mais uma vez meus olhos com cílios molhados e dessa vez veio em minha memória minha família, fechei os olhos com mais força tentando fazer com que aquela lembrança durasse mais, por que eles tiveram que ir tão cedo? July só tinha 13 anos e Jhoe só 15, tão novos e meus pais... Há! Que saudades. Por que eu tinha que ficar? Seria melhor que eu tivesse ido com eles, assim estaríamos juntos em outro lugar.
     Sinto uma dor no meu peito e um nó se formando na minha garganta, sinto__me tão sozinha e tenho um vazio tão grande no meu coração, sou tão pressionada a ser prefeita, por mim e por meu filho. Eu tenho que ser forte, e às vezes eu consigo, não sou hipócrita, mas ser forte o tempo todo dói. Sinta falta de quando passava por algo ter o colo da minha mãe para me consolar, agora eu tenho que ser o colo para o Angelo, eu tenho que cuidar dele, mas se for assim, quem cuida de mim?!
      Eu não sou uma ilha, como diz a Camila ou uma cidade murada. Depois dessa fatídica tragédia me sinta mais vulnerável, mais fraca, o chão foi tirado dos meus pés. Quem disse que as mães não choram? Hoje é o dia de eu me despejar, não sei por que hoje, mas sei que preciso.
     Comecei a chorar debaixo do chuveiro, a água corrente se misturou com as minhas lágrimas tornando-se uma só. Depois de um tempo nesse estado percebi que toda a minha vontade de me descarregar já havia passado. Logo, desliguei o chuveiro, me cobri com o roupão saindo do banheiro, peguei meu pijama, vesti e fiquei jogada de qualquer jeito na cama esperando algo acontecer, como se fosse cair do céu, na verdade nem eu mesmo sei o que quero.
...
Me deitei finalmente depois de um exaustivo dia, coloquei meus braços por trás da minha cabeça para apoiar e fechei os olhos, segundos depois percebi a cama se movimentando, senti um corpo engatinhando na cama, uma mulher, minha mulher. Ela me beijou calorosamente e depois deitou no meu peito. Ficamos calados alguns minutos somente passando o tempo. Ana fazia carícias leves em mim.
__ Já tenho que ir Éric. – disse olhando para mim e depois beijou meu peito.
__ Já amor? – disse triste colocando uma mecha do seu cabelo para trás da orelha. – Agora que eu consegui deitar para descansar.
__ E o que tem a ver? Você não vai me deixar em casa, pode ficar aí bem quentinho na sua cama que eu já vou.
__ você sabe muito bem que eu gosto de passar as noites com você.
__ sim eu sei, eu também gosto, mas é exatamente por que você está cansado que eu vou deixar você e eu realmente preciso ir.
__ Okay, mas antes você poderia fazer uma massagem em mim? Sabe... Só para relaxar. – falei passando a mão no seu braço em forma de carinho.
__ Não senhor, sei muito bem onde essas carícias vão chegar. – Acariciou meu rosto e me disse divertida.
__ Assim você me ofende.
__ ofenderia se não fosse verdade. – sorrimos nasalados.
__ Tudo bem e para mostrar que ainda sou um cavaleiro e que não penso só nessas coisas aí que você disse, eu te acompanho até a porta, apesar de eu estar muito cansado.
__ Muito obrigada senhor “gentleman”. – disse irônica.
     Ela sorriu para mim saindo da cama e foi se vestindo, pois ela estava somente com peças íntimas. Como não iria a nem um lugar continuei somente de cueca Boxer preta. A levei a porta, nos beijamos pela última vez naquela noite e fechando a mesma voltei lentamente pela cama novamente me deitando.
     Já estando muito cansado não demorei muito a pegar no sono e também logo comecei a sonhar.
“Victória...” “só quero ser seu amigo...” “não disse para conquistar...” “eu fui sincero, me perdoa...” “é a polícia...” “eu também te amo...” “quero ficar o resto dos meus dias com você...” “se me beijar agora, iremos fazer amor até o amanhecer...” “ele foi embora para sempre...” “onde eu estou?...” “julgamento?...“ ”O nosso filho...”.
...
Acordei assustado e com muito medo, que tipo de sonho é esse? Foi tão real parecia uma previsão... Não, o que estou falando? Foi só um sonho... Que felizmente teve um fim. O apavoramento tomou conta de mim, não consigo ficar aqui nesse quarto escuro sozinho, peguei meu boneco, companheiro de noites e saí da alcova. Entrei no quarto da minha mãe e ela estava acordada com a luz do abajur acesa. Coloquei minha cabeça no vão da porta e disse:
__ Mãe? Tudo bem? – ela me olhou com os olhos baixos.
__ sim, entra. – entrei e fechei a porta. – o que aconteceu?
__ eu tive um sonho esquisito, que me deixou com medo.
__ vem deita aqui comigo. – deitei ao seu lado e ele logo me abraçou. – me conta desse seu sonho.
__ não sei muito, só que eram várias cenas todas misturadas que eu não entendi muito bem e... Há! A senhora estava no meio.
__ Eu? E o que fazia?
__ Não sei, estava muito confuso. Posso dormir aqui hoje, não quero ficar no meu quarto, lá está escuro e eu me sinto desprotegido. – olhei diretamente nos seus olhos e ele me correspondeu.
__ Claro que pode meu amor, essa cama é tão grande.
__ Obrigado mãe. – A abracei. – mas, a senhora está bem? Parece triste e a senhora disse que estava com sono e até agora não dormiu.
Ela pensou um pouco e me respondeu: __ depois do banho eu perdi o sono e eu estou bem sim, não se preocupe.
__ Tudo bem.
Ficamos calado por vários minutos, eu até pensei que ela tinha dormido, mas eu precisava perguntar a ela e sentia que se não perguntasse ficaria com aquilo engasgado em mim para sempre.
__ Mãe?
__ sim.
__ posso fazer uma pergunta?
__ você já fez. – sorrimos.
__ outra pergunta.
__ sim, faz.
__ se sua família não tivesse morrido a senhora teria me adotado? – ela se mexeu de uma forma que desse para ele olhar em meus olhos.
__ por que me perguntas isso? – me perguntou confusa. – Se é pelo que você me falou mais cedo, saiba que eu te amo e se eu trabalho muito é para dar o melhor para você.
__ Não, não tem nada a ver, é que eu pensei que a senhora poderia ter me adotado por se sentir sozinha. – ela me olhou assustada.
__ é isso que você pensa?
__ Não, eu só... Quero saber da senhora.
__ Olha Angelo, de fato, eu me senti muito mal sozinha depois que toda minha família morreu, mas jamais brincaria assim com os seus sentimentos. Eu te amo de verdade, e não me arrependo nem um minuto de tê-lo aqui com comigo, você me alegra, me faz feliz e tudo que eu mais quero é te ver feliz. – quando ela terminou de falar vi uma lágrima solitária rolar no seu pequeno rosto.
__ Obrigado mamãe, eu também te amo. E desculpa por fazer essas perguntas, o dia mais feliz da minha vida foi quando eu te conheci. – uma lágrima rolou também no meu rosto, as pessoas dizem que sou parecido com ela e nisso eu também acho, por que sou tão sentimental quanto ela. – ela secou a lágrima do meu rosto e deitou de novo. – eu vou completar muito mais a senhora, vai ver.
__ por que diz isso.
__ só espere e verá, vou fazer a senhora muito mais feliz.
__ você já me faz feliz.
__ eu sei, mas você muito mais e de uma forma diferente.
__ diferente como?
__ de uma forma que ainda falta na senhora.
__ tá bom... – Ela disse desconfiada.
__ só confia em mim. – falei lembrando-me do sonho estranho que tive.
__ eu confio, mas depois de toda essa conversa eu fiquei foi com sono, vamos dormir.
__ sim vamos.
     Ela desligou a abajur, nos ajeitamos melhor na cama; ela, meu boneco e eu. Não demoramos quase nada e já pegamos no sono.


Biografia:
Imagine que depois de muito procurar pelo seu talento você finalmente o encontre... A alegria é imensurável por saber que finalmente saber o seu lugar e o que deve fazer no mundo... Encontrei o meu... Escrever não é só um gosto ou um hobby, é o que me define!
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