O lugar estava agitado e descontraído com muitos rostos amigos por toda a volta. Alguns encontravam-se de pé na cozinha conversando e bebendo. Outros estavam jogados pelo tapete da pequena sala decidindo as músicas a serem tocadas. Enquanto um pequeno grupo se espremia nos poucos lugares da mesa de jantar.
De onde estava sentada, ela podia vê-lo conversar agitadamente de pé entre a sala de jantar e a cozinha. Mal escutava o que as garotas ao seu lado comentavam enquanto o observava.
Mas o tempo ficou suspenso quando sentiu um calor se aproximar do seu lado direito, para logo em seguida um rosto encostar no seu para uma despedida rápida. Os olhos se encontraram ao mesmo tempo que algo foi sussurrado na sua pele. Os lábios que antes tocaram sua bochecha agora voltavam e tocavam levemente parte dos seus lábios.
Ele não deveria estar ali. Era tão errado. O tempo ainda parecia congelado e lento. Aquele movimento deveria estar chamando a atenção de todos a sua volta.
Parte da mente dela berrava “pare!” para a outra que queria prolongar aquele toque o máximo possível. Aqueles lábios úmidos e macios que foram sua perdição há pouco tempo atrás estavam tão próximos e ao mesmo tempo tão inacessíveis.
E como quem lê pensamentos, a mão dele apertou a dela sobre a mesa e outro olhar, agora mais intenso, explicou tudo: aquele momento nunca mais iria existir. Era uma despedida.
De um lado, ela o observou caminhar para a saída sem olhar para trás, enquanto do outro lado da sala ela ainda via o marido conversando alheio aos acontecimentos ao seu redor.
A escolha havia sido feita.
por Luciana Gritti
|