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Jovem é o verão
Flora Fernweh

Costumam as primeiras paixões veranear na margem de um rio calmo, à sombra de uma árvore frondosa em um dia quente que não ousa durar. A manhã nasce clara e inebriante, com um leve frescor que abrasa a pele tão jovial. É uma época breve, de brincadeiras, carícias e promessas. Quando o sol ruma para se posicionar a pino, a juventude já está nua e incendiada à espera de uma brisa abafada que simule os recantos inexplorados da intimidade. É o ardor das primeiras horas da tarde que desvirgina os meninos e meninas, transformando-os em homens e mulheres. O torpor da mocidade e a fúria violenta dos corpos queimando embevecidos colocam a juventude em uma estufa, plantando nos jovens o desejo da pujança eterna, que dura nas próximas horas até o farfalhar sereno que anuncia o crepúsculo. Por vezes, colhem-se os frutos da estação, resultantes da ardência que acomete a adolescência impetuosa, germinam crianças na terra fértil, que um dia viverão seus próprios verões. Inexato é o momento em que o desejo silencia, mas o anoitecer acalma os ânimos e racionaliza o instinto ao oferecer uma noite alegre. Quando o Sol excede em seus mormaços, a vida se irresigna e dá azo a um fim de tarde que clama pela chuva. O céu escurece e o vento rodopia soprando o último calor que acumulou para aquele dia presenteado pela natureza. Demora pouco para que a chuva torrencial encharque o solo, ela chega intensa e sem cerimônias. Este é o tempo de chorar, não pelo curso natural de um ciclo que cessará, mas pela saudade dos calorosos momentos vividos, é a lágrima do olho divino refletindo os fulgores da criação. Terminado o banho de chuva, o calor persiste, mas morno e afável. Talvez fosse possível vislumbrar um arco-íris neste momento, em aliança com a alma rejuvenescida, mas o Sol já se despediu e deu lugar a uma lua crescente, escondida por trás da neblina que não nos cega tanto quanto as estrelas, revelando-nos um sono manso para um dia seguinte mais ameno e outonal.


Biografia:
Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. 
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