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Gravidez
A Política, a Sociedade e a Família
Simone Zabeu Ferreira

Resumo:
Esse é um tema amplo, que envolve conhecimentos de diferentes áreas e dimensões afetivas, éticas, sócio-culturais, psicológicos, estatísticas e de saúde. Dessa maneira, pensamos em um Projeto Interdisciplinar para trabalhar toda essa problemática.

Teia do Saber - Taboão da Serra










Daniela Galante Batista Cordeiro
Glauber Jerônimo da Silva
Leandro Sérgio Buzinaro
Roberval Baro
Sandra Moraes de Gois
Sérgio Donizete Romero
Simone Zabeu Ferreira


Orientador Prof. Rodrigo Maia










FAAC - 2006

























     Dedicamos este trabalho ao Professor Rodrigo Maia, por nos mostrar que apesar de todas as dificuldades que encontramos nesta profissão de Educador ainda é possível acreditar e fazer a diferença. Diferença essa que ele fez em nossas vidas.
     
     “...E eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. E eu repito: Ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo. Mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final.”
(Trecho do texto “Só de Sacanagem” de Elisa Lucinda)























Agradecimentos

     A FAAC pela ótima equipe de profissionais responsáveis pelos cursos da Teia do Saber, pois foi através deles que pudemos aprender a aprender.

     A nossos maridos, esposas, mães, pais, irmãos, amigos, companheiros pela colaboração durante estes meses de curso, esperando nossa chegada, lendo e relendo nossas “Redações” e principalmente por fazerem parte de nossas vidas.

     Ao Professor Rodrigo Maia que nos ensinou e aturou durante todo o curso.
Sumário

1 – Introdução...........................................................................................     5
2 – A Política, a Sociedade e a Família....................................................      6
2.1 – O Papel da Sociedade na Política...................................................     8
2.2 – A Família e o Apoio a Gestante.......................................................      10
2.3 – Direitos Sociais das Mulheres.........................................................      13     
2.4 – A História da Família Brasileira.......................................................      15
2.5 – Família e Gravidez na Adolescência...............................................      16
3 – Saúde.................................................................................................      18
3.1 – Saúde Declara Guerra Contra a Gravidez Precoce e as DSTs.......      19
3.2 – Saúde e Educação Programam Campanhas Educativas contra
Gravidez Precoce e DSTs .......................................................................      21
3.3 – Começa Programa de Prevenção à Gravidez Precoce e DSTs
em Escolas de Taboão da Serra .............................................................      23
4 – A Economia e a História ....................................................................      25
5 – Engravidar é um Ato Egoísta..............................................................      29
6 – A Adolescente.....................................................................................      32
6.1 – Aspectos Psicológicos ....................................................................      35
6.2 – Ideação Suicida em Adolescentes Grávidas...................................      39
6.3 – Aspectos Psicossociais...................................................................      41
6.4 – A Gravidez É MESMO Indesejada? ..............................................      43
6.5 – As Emoções da Futura Mãe............................................................      45
7 – A Sexualidade Precoce .....................................................................      48
7.1 – Conseqüências de uma gravidez precoce ......................................      50
7.2 – Causas da gravidez precoce...........................................................      51
8 – Abandono Escolar .............................................................................      52
9 – Estatísticas.........................................................................................      56
10 – Por que Acontece a Gravidez na Adolescência...............................      60
11 – Prevenção.........................................................................................      64
12 – DSTs ................................................................................................      67
13 – Referências Bibliográficas................................................................      70

Introdução

A discussão sobre a inclusão do Tema Orientação Sexual no currículo escola, tem se intensificado por dois motivos:

1.     Por ser considerado importante na formação total do aluno;
2.     Pelo crescimento da gravidez indesejada entre adolescentes e os riscos da DSTs.

Hoje vivemos em uma sociedade “on-line”, aonde as informações chegam e são processadas rapidamente. Cabem a nós, educadores, trabalhar a formação e a informação de forma clara e objetiva.

Esse é um tema amplo, que envolve conhecimentos de diferentes áreas e dimensões afetivas, éticas, sócio-culturais, psicológicos, estatísticas e de saúde.
Dessa maneira, pensamos em um Projeto Interdisciplinar para trabalhar toda essa problemática.

Nesse sentido, as questões aqui abordadas representam um conjunto de tópicos inter-relacionados e tem uma intencionalidade: a de produzir repercussões na formulação de ações, focando a prática direta juntos aos adolescentes e jovens no cotidiano escolar.




















A Política, a Sociedade e a Família















          A sociedade civil é concebida como a esfera da interação social entre a economia e o estado, composta principalmente pela família, pelas associações, movimentos sociais e formas de comunicação pública. Esta sociedade se baseia através de leis e direitos que estabilizam a diferenciação social.

     A família é o espaço indispensável para a garantia da sobrevivência do desenvolvimento e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente da forma familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família que propicia as contribuições afetivas e, sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar de todos os seus membros. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, em seu espaço são absorvidos os valores éticos e humanitários e se aprofundam os laços de solidariedade.

“... Segundo Cohen (1980), uma sociedade para sobreviver deve:
     • Reproduzir sua população;
     • Socializar seus membros;
     • Produzir e distribuir bens e serviços;
     • Manter a ordem através de algum governo;
     • Oferecer algum tipo de sistema religioso.

     E que para garantir esse suporte são necessárias 5 instituições sociais básicas:
     1. Familiar
     2. Educacional
     3. Religiosa
     4. Econômica
     5. Governamental...”

     A família na atual conjuntura, que exige que a maioria de seus membros, incluindo as mulheres, trabalhe fora ou estude a maior parte de seu tempo, enfrenta situações difíceis para o cumprimento de seus papéis.



O Papel da Sociedade na Política

A banalização da violência urbana e os crescentes índices de criminalidade amedrontam cada vez mais a população brasileira. Não se vive hoje sem o medo constante da agressão física ou moral; não se consegue mais estabelecer um sentimento de segurança plena.

O quadro se agrava com a constatação da incapacidade da polícia em controlar ou diminuir essa onda de violência utilizando-se do sistema tradicional de Segurança Pública. Isso porque a ação isolada das diversas forças policiais e o policiamento repressivo, feito exclusivamente por homens fardados, caracterizado pelo excesso de burocracia e pela má formação dos oficiais, já não são suficientes.

Essa violação diária da ordem pública, contudo, está prestes a extrapolar o limite do suportável pelo homem, se é que já não extrapolou. O caminhar da humanidade está numa encruzilhada: ou se faz alterações sérias nas políticas de segurança pública, ou se chegará ao estado da inviabilidade da vida na Terra.

Conhecer e estudar o sistema constituem o primeiro passo na luta contra a violência. Mas não bastam. É preciso o engajamento sincero e comprometido dos que acreditam na mudança. É preciso que se elaborem medidas realmente eficazes e possíveis de serem executadas, despidas de toda e qualquer intenção eleitoreira. É preciso uma mudança de mentalidade, em que as pessoas não aceitem passivamente a violência, e realmente lutem contra ela. É preciso que se restaurem valores éticos e morais, de preservação da dignidade humana. É preciso que as pessoas se unam em prol de um mesmo objetivo. Enfim, é preciso uma mudança de paradigmas, o que requer tempo e esforço.

Nessa busca pela construção de uma nova consciência é que se pretende dar ênfase à responsabilidade da sociedade pela segurança pública, prevista no art. 144 da Constituição Federal. Para tanto, revelam-se primordiais os programas
de policiamento comunitário, que estreitam as relações entre a polícia e a comunidade e incentivam uma política de segurança preventiva.
Ciente de que não existem fórmulas milagrosas para combater os problemas sociais, pretende-se, pois, contribuir para uma melhoria na segurança dos cidadãos, na tentativa de resgatar valores de convivência pacífica e harmoniosa entre as pessoas.

A partir da conjugação de esforços e do apoio da ação da sociedade civil organizada, será proposta uma nova forma de pensar a segurança pública, uma nova forma que depende, antes de tudo, da vontade sincera e consciente de cada indivíduo que integra a sociedade.

























A Família e o Apoio da Gestante

A gravidez, apesar de constituir evento biologicamente natural, é especial na vida da mulher e como tal, desenvolve-se dentro de um contexto social e cultural que influencia e determina a evolução da gravidez bem como a sua assistência.

O ciclo grávido-puerperal acarreta grandes modificações não apenas corporais, como na maneira de ser da mulher e em suas relações pessoais, constituindo-se em período de transição existencial das mais importantes. Para todas as pessoas, independente do nível educacional ou sócio-cultural, as vivências deste período são semelhantes, estando as diferenças condicionadas ao cenário da gravidez, desejada ou indesejada; primeiro ou segundo filho; com ou sem vínculo estável entre o homem e a mulher ou entre familiares e amigos.

Frente a tantas modificações e sensações, a mulher precisa do chão seguro de um vínculo de suporte e de confiança. (Maldonado; Canella, 1988).

Na nossa sociedade, as pressões sociais têm forte influência na maneira como a mulher vivencia a gravidez e a maternidade e, nesse contexto, o convívio em família representa condição básica para a existência do ser humano.

A consciência da importância do apoio social e familiar à mulher grávida é necessária.

A pessoa que vivencia situação de transição existencial necessita de vínculo de suporte e confiança, que pode ser proveniente de pessoas que lhe sejam significativas e estejam disponíveis para oferecer-lhe suporte, pois isso lhe proporcionará maior segurança no enfrentamento de dificuldades durante o processo grávido puerperal.

Destacam-se o papel da mãe e irmãs para dar conselhos e esclarecer dúvidas, provavelmente em função de experiência vivida. Assim, os membros da família são reconhecidos pela maioria das gestantes como provedores desse suporte e ocupam grande espaço na rede de apoio da gestante, evidenciando que em nossa sociedade a família constitui núcleo básico e primário na vida das pessoas.

As gestantes encontram suporte também fora do âmbito familiar, em amigas, vizinha, patroa, colegas de trabalho e outras gestantes, como no caso daquelas acolhidas no Alojamento Social.

Quanto ao acompanhamento para a consulta pré-natal ou para realizar exames durante a gravidez, 50,0% das gestantes sempre vão sozinhas. A companhia do marido é eventual, ocorrendo em apenas 13,3% das gestantes, comprovando a pouca participação ativa do homem no seu papel de pai. Algumas gestantes têm também, a companhia de filhos ou sobrinhos menores, mãe ou outros parentes. Essa companhia ocorre com mais freqüência no final da gestação, sendo alegado, pela própria gestante, que isto é feito como medida de precaução e de segurança para ela.

Após o parto, o apoio esperado pelas gestantes diz respeito ao cuidado do bebê e às atividades domésticas. A maioria delas, 80,1%, referiu que contaria com ajuda após o parto, enquanto 13,3% disseram que não. O marido foi indicado por 30,0% das gestantes como aquele que dará o apoio, 23,3% indicaram a mãe, 20,0% a irmã, 26,6% outros parentes consangüíneos, 6,6% pessoas afins como a sogra ou a cunhada e 3,3% provavelmente a vizinha.

De acordo com Ferrari; Kaloustian (1994), a família, independentemente do arranjo ou estrutura, propicia os aportes afetivos e materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. É na família que encontra-se o espaço privilegiado de socialização, de prática de tolerância e divisão de responsabilidades, de busca coletiva de estratégias de sobrevivência e lugar inicial para o exercício da cidadania sob o parâmetro da igualdade, do respeito e dos direitos humanos.

Mesmo para as gestantes que estão vivendo dentro de um contexto familiar, principalmente aquelas que não contam com a presença do pai do bebê, pela eventual e pouca participação do companheiro no acompanhamento para a consulta de pré-natal não se percebe mudança do papel desempenhado pelo homem.

Papel este pelo qual os homens, que em função das transformações pelas quais vêm passando as famílias na sociedade ocidental, hoje lutam para ter uma participação mais ativa dividindo com as mulheres as tarefas que o sistema social ainda coloca como exclusiva do gênero feminino, conforme descreve Ramires (1997). Para esse autor, atualmente observa-se uma grande riqueza na variação dos padrões familiares e a família nuclear burguesa está deixando de se constituir no modelo predominante. A progressão no número de divórcios, filhos 106 criados pelo pai ou pela mãe, ou em famílias reconstituídas compõem os novos arranjos familiares. Como conseqüência, esses arranjos não comportam mais a simples reprodução dos antigos modelos para o exercício dos papéis de mãe e de pai.

A situação de abandono ocorre quase sempre por parte do pai da criança em gestação, quando este não aceita a gravidez e, também quando os demais familiares não aceitam ou não as apóiam, obrigando-as a assumirem sozinha a maternidade. Além disso, reforça essa observação o fato de algumas gestantes, durante a entrevista, particularmente quando foi perguntado sobre o apoio esperado após o parto e o nascimento do filho, terem apresentado respostas carregadas de emoção, demonstrando a necessidade de serem acolhidas e reconhecidas pela família. Isto causa sentimento de impotência e frustração.











Direitos Sociais das Mulheres

Considerando que a Carta das Nações Unidas reafirma a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres;

Considerando que a Declaração Universal dos Direitos do Homem afirma o princípio da não discriminação e proclama que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos e que cada pessoa pode prevalecer-se de todos os direitos e de todas as liberdades aí enunciados, sem distinção alguma, nomeadamente de sexo;

Considerando que os Estados Partes nos pactos internacionais sobre direitos do homem têm a obrigação de assegurar a igualdade de direitos dos homens e das mulheres no exercício de todos os direitos econômicos, sociais, culturais, civis e políticos;

Considerando as convenções internacionais concluídas sob a égide da Organização das Nações Unidas e das instituições especializadas com vista a promover a igualdade de direitos dos homens e das mulheres;

Considerando igualmente as resoluções, declarações e recomendações adotadas pela Organização das Nações Unidas e pelas instituições especializadas com vista a promover a igualdade de direitos dos homens e das mulheres;

Preocupados, no entanto, por constatarem que, apesar destes diversos instrumentos, as mulheres continuam a ser objeto de importantes discriminações;

Lembrando que a discriminação contra as mulheres viola os princípios da igualdade de direitos e do respeito da dignidade humana, que dificulta a participação das mulheres, nas mesmas condições que os homens, na vida política, social, econômica e cultural do seu país, que cria obstáculos ao crescimento do bem-estar da sociedade e da família e que impede as mulheres de servirem o seu país e a Humanidade em toda a medida das suas possibilidades;

Preocupados pelo fato de que em situações de pobreza as mulheres têm um acesso mínimo à alimentação, aos serviços médicos, à educação, à formação e às possibilidades de emprego e à satisfação de outras necessidades;

Convencidos de que a instauração da nova ordem econômica internacional baseada na equidade e na justiça contribuirá de forma significativa para promover a igualdade entre os homens e as mulheres;

Convencidos de que o desenvolvimento pleno de um país, o bem-estar do mundo e a causa da paz necessitam da máxima participação das mulheres, em igualdade com os homens, em todos os domínios;

Tomando em consideração a importância da contribuição das mulheres para o bem-estar da família e o progresso da sociedade, que até agora não foi plenamente reconhecida, a importância social da maternidade e do papel de ambos os pais na família e na educação das crianças, e conscientes de que o papel das mulheres na procriação não deve ser uma causa de discriminação, mas de que a educação das crianças exige a partilha das responsabilidades entre os homens, as mulheres e a sociedade no seu conjunto;

Conscientes de que é necessária uma mudança no papel tradicional dos homens, tal como no papel das mulheres na família e na sociedade, se quer alcançar uma real igualdade dos homens e das mulheres.








A História da Família Brasileira

A história da família brasileira nasce na família patriarcal e a família brasileira contemporânea ainda está impregnada desse modelo. Ela é formada por um núcleo central que abrange o casal e seus filhos e por uma periferia composta por agregados e empregados. Esse modelo, no entanto, constitui um “ideal” para as famílias de classes baixas, só sendo possível de se realizar nas famílias de classe média. Os arranjos familiares são, assim, constituídos em função de circunstâncias econômicas, sociais e históricas segundo as diferentes classes sociais.

Esse fato pode ser verificado no projeto de vida de adolescentes grávidas de classes populares. Todas as jovens relataram a vontade de ter a sua casa e de residir com o marido ou namorado e o filho, o que geralmente não poderia ocorrer devido à sua situação econômica.

O Édipo é um complexo familiar presente em todas as famílias humanas. Além de formador da subjetividade dos sujeitos, ele possui uma função social que se traduz pela transmissão dos valores morais, éticos e sociais, tendo como eixo norteador à posição econômica e cultural de cada família na sociedade.

Em geral, uma família pertencente às classes populares brasileiras tende a educar os filhos com vistas à obtenção de empregos para ajudar no orçamento familiar. O casamento é algo que pode ocorrer precocemente, sendo acompanhado, muitas vezes, de vários filhos. Uma família da classe média, por sua vez, já prioriza a atividade intelectual dos seus jovens. O casamento é, geralmente, adiado para após o término dos estudos.

Observamos que a reação das famílias das adolescentes diante da gravidez de suas filhas varia de acordo com a classe social. As famílias das jovens de classes populares apresentam uma melhor aceitação dessa situação, especialmente a mãe e a avó, contrariamente às famílias das adolescentes de classe média, que não desejam a gravidez das filhas adolescentes.

Família e Gravidez na Adolescência

As famílias das adolescentes apresentam uma média de quatro filhos por família, fato esse que se articula com a noção de filho como um bem, um valor, para essa classe social. O desejo de ter o filho repararia a carência narcísica dos próprios pais, que moram na favela, são mal-remunerados no trabalho e não têm condições econômicas para terem um melhor nível de vida.

Os pais incentivam a união das filhas com os seus namorados quando elas iniciam a vida sexual, valorizando desde cedo o casamento.

A relação mais intensa se estabelece com a mãe e expressa numa ambivalência de sentimentos, de ódio e de amor. Observa-se também uma carência afetiva das jovens e a necessidade de terem um nível de diálogo mais satisfatório com a mãe, principalmente no que se refere à questão da sexualidade.

As adolescentes vivenciam uma grande solidão agravada pela “carência de afeto” de seu meio familiar, e, dessa forma, a carência afetiva as leva à maternidade. A jovem transfere para o filho essa demanda de amor. O filho é, assim, o depositário de muitas expectativas: ele terá tudo o que elas não tiveram: estudo, carinho, proteção e até uma família.

Inicialmente, a família da adolescente não reage favoravelmente à gravidez da filha, afirmando que ela é muito nova. Entretanto, após esse primeiro momento, elas aceitam esse fato posicionando-se inclusive contra o aborto. A gravidez da jovem é vivida por toda a família, sendo o filho um traço de união entre eles.

Com relação ao interesse da mãe da adolescente pelo seu neto, é um fato bastante observado que se expressa na fala das avós, dizendo que a filha é muito nova e que não sabe cuidar da criança. A maioria das adolescentes relata que deixam o filho com a mãe para poderem ir trabalhar. Essas situações revelam o filho como um presente da adolescente para a sua mãe. Por outro lado, por meio da maternidade da filha, a mãe revive, mais uma vez, o seu desejo de completude, de reparação de suas carências afetivas.

































SAÚDE











Saúde Declara Guerra Contra a Gravidez Precoce e as DSTs

Bem informados e descolados, os adolescentes estão cansados do discurso sobre prevenções. Querem falar sobre sensações e sentimentos. Querem colocar em debate suas dúvidas e inseguranças. A análise é de Ricardo Moraes, psicólogo do Programa Municipal DST/Aids.

De acordo com o Ministério da Saúde, meninas de 10 a 19 anos respondem por 26% dos partos precoces no País. São 1 700 partos por dia, e mais 146 abortos registrados em hospitais. Das 17,5 milhões de adolescentes brasileiras (faixa entre 10 e 19 anos), 1,3 milhão já engravidaram pelo menos uma vez.



Das 17,5 milhões de adolescentes brasileiras, 1,3 milhão já engravidaram pelo menos uma vez!

Diante deste cenário, Moraes e sua equipe, coordenada pela infectologista Íris Bandeira Roquim, identificaram que informar não é o bastante para que os adolescentes se previnam. "Não adianta o profissional de saúde ter um vasto conhecimento sobre o tema e não saber como repassá-lo. A abordagem deve ser pautada em uma conversa de igual para igual, em que todo mundo aprenda. Temos que trabalhar emoções e a auto-estima de cada um deles", explica a bióloga Rosana Andrade.





De acordo com o Ministério da Saúde, meninas de 10 a 19 anos respondem por 26% dos partos precoces no País!

Com essa proposta, a equipe da doutora Íris vai capacitar os profissionais de todas as Unidades Básicas de Saúde por meio de uma oficina divida em três fases. Com o tema "Capacitação, jogo de corpo e sexualidade na adolescência", 24 profissionais se preparam para aprender a falar de sexo com quem realmente está interessado e tem muitas dúvidas: o adolescente.

A partir da segunda quinzena de junho, todas as UBS de Taboão da Serra já estarão prontas para implementar essa nova metodologia. O projeto inclui material didático, treinamento dos educadores e oficinas de capacitação em educação para o sexo seguro.













Saúde e educação programam campanhas educativas contra gravidez precoce e DSTs

Quando eles chegam trazem muita felicidade, mas se for antes da hora podem trazer alguns problemas também. Um estudo encomendado pela ONU divulgado no último dia 10 mostra que a gravidez entre adolescentes é quase sempre resultado da falta de informação e de acesso aos métodos para evitar filhos.

A falta de acesso à informação e, principalmente, aos métodos anticoncepcionais foi um dos maiores problemas encontrados no estudo sobre políticas públicas de saúde para jovens e adolescentes. Pelos números do censo de 2000, o Brasil tinha uma população de 8 milhões de jovens entre 15 e 19 anos. Desses, mais de 1 milhão já eram mães.



Primeiras reuniões já definiram passos importantes para o projeto

Preocupada com esses números, a equipe de DST/aids do município se reuniu com a equipe gestora de saúde/educação para apresentar uma proposta de trabalho que leve o tema às escolas do município. Com o respaldo das unidades básicas de saúde, as escolas serão habilitadas a dar uma orientação diferenciada sobre as DSTs e gravidez precoce aos adolescentes. A princípio, as escolas da região da UBS Sílvio Sampaio estão cogitadas para iniciar um projeto piloto neste sentido, devido à concentração de jovens no bairro.

A proposta de trabalho tem três objetivos principais. O primeiro é fortalecer e ampliar as ações de prevenção já desenvolvidas. O segundo é criar condições para que os diversos setores governamentais se responsabilizem coletivamente pela questão e trabalhem de maneira articulada.

E o terceiro visa a adequar a distribuição de preservativos no ambiente escolar, possível apenas com a existência de trabalhos de orientação e prevenção com a parceria da equipe gestora municipal.

"Não podemos mais ficar de olhos fechados para o problema. Uma coisa é fato: o número de meninas grávidas e de adolescentes infectados só aumenta. Temos que reduzir esses números com urgência", disse a secretária de Educação Marta de Betania. A Secretaria da Educação vai começar o mapeamento das escolas e repassá-lo para o programa, que vai providenciar a capacitação dos diretores e coordenadores pedagógicos. Em setembro, algumas escolas já devem iniciar as ações.



















Começa programa de prevenção à gravidez precoce e DSTs em escolas de Taboão da Serra

O objetivo do programa é orientar os adolescentes do último ano letivo do ensino fundamental sobre os riscos de contrair uma doença sexualmente transmissível ou ser surpreendido por uma gravidez indesejada.

Quarta-feira, dia 18 de outubro, nove da manhã. Cerca de cem alunos da 8ª série da escola Armando Andrade participaram da primeira oficina de prevenção à gravidez precoce e às doenças sexualmente transmissíveis. A ação é realizada pelo Ministério da Saúde e pelo Programa de DST/Aids da prefeitura.



Bem informado e irreverente, o programa que leva às salas de aula a discussão sobre sexo, sexualidade e os seus perigos tem a cara do jovem.

O programa gira em torno de três objetivos principais. O primeiro é o de fortalecer e ampliar as ações de prevenção junto aos jovens que já são desenvolvidas pelos serviços de saúde do município. O segundo, de criar condições para que diversos setores, principalmente as escolas, se responsabilizem pela difusão de informações para este público que, em razão das descobertas e do experimentalismo próprios da idade, tende a se envolver com um maior número de parceiros e a desconhecer os métodos contraceptivos. O último é distribuir preservativos pelas escolas.




Equipe do programa de DST/Aids do município rouba a atenção dos alunos da escola Armando Andrade

O encontro é fruto de uma aliança entre as equipes gestoras de saúde e de educação do município. Com o apoio das unidades básicas de saúde, as escolas serão habilitadas a dar uma orientação diferenciada sobre sexualidade aos estudantes. As escolas da região da UBS Silvio Sampaio, que registra o maior índice de gravidez precoce de Taboão, já iniciaram o projeto-piloto. "Muitas alunas terminam o ensino fundamental e voltam para me visitar grávidas, tendo que interromper os estudos. Realizar um trabalho como esse aqui é um grande avanço", reconhece a diretora da escola, Marilene Oliveira.

De maneira lúdica e falando a linguagem jovem, os assuntos são abordados como numa conversa de igual para igual. "Os adolescentes estão cansados do discurso sobre prevenções. Eles querem falar sobre sensações e sentimentos, querem colocar em prática as suas inseguranças. Sem dúvida, esse é o melhor caminho para a prevenção", acredita o psicólogo do programa Ricardo Moraes.

Fotos: Daniela Monteiro



















A Economia e a História

















     Relatórios, diagnósticos, jornais, revistas e programas de televisão vêm destacando cada vez mais o tema da gravidez na adolescência, buscando denunciar e dar visibilidade ao aumento do número de meninas grávidas em todo o País.

     Nessas matérias são citados vários fatores que apontam os riscos físicos de uma gravidez nesta faixa etária, os riscos psíquicos dessa experiência, os prejuízos sociais para a jovem mãe, centrados principalmente no afastamento da vida escolar e no abandono de projetos futuros.

     Historicamente, no entanto, a idade das mulheres terem filhos está relacionada aos mecanismos gerados pela própria sociedade. Por exemplo, no Brasil do século passado, a faixa etária entre 12 e 18 anos não tinha o caráter de passagem da infância para a vida adulta. E as meninas de elite entre 12 e 14 anos estavam aptas para o casamento; não as casar nessa idade era problemático para os pais uma vez que, após os 14 anos, começavam a se tornar velhas para procriar. As uniões dessas crianças eram abençoadas pela igreja.
     
     Mas não se pode deixar de considerar que a forma de inserção da adolescência ou juventude na vida social adquire formas e importâncias diferenciadas ao longo da história, variando de sociedade para sociedade, de cultura para cultura e de acordo com o contexto econômico de cada época.

     Atualmente, a sociedade atribui à faixa dos 12 aos 20 anos a atividade escolar e a preparação profissional, em um contexto de dependência econômico familiar. Nas entrelinhas está dito que é preciso atingir a maioridade, terminar os estudos, ter melhor trabalho e melhor salário, para só então estabelecer uma relação amorosa duradoura.

     A gravidez e a maternidade na adolescência rompem com essa trajetória tida como natural e emergem socialmente como problema e risco a ser evitado. A própria sexualidade dos meninos e das meninas jovens vê-se contrariada pelos projetos que a sociedade lhes impõe visando determinados fins.

     A manutenção da reprodução dentro do marco da família; a necessidade de mão-de-obra qualificada em condições de participar da sociedade de consumo; e a intenção de conter a pobreza por meio da diminuição de nascimentos, sobretudo daqueles partos cujas mães sejam adolescentes pobres, na medida em que a pobreza exige, do Estado, assistência, políticas públicas de saúde, de educação, de habitação.

     Não se pode esquecer que os motivos que levam a jovem a engravidar - e que são vários - devem ser ouvidos e discutidos. Cada caso é um caso, e o desenlace depende da capacidade de se lidar com a questão, da maneira como se foi educado, dos valores de cada época, e principalmente, do apoio familiar e dos profissionais. Seria necessário traçar um diagnóstico para aprofundar as principais questões que envolvem esse tema e as mudanças, identificando o que é tradicional e o que é moderno na adolescência de hoje, diferenças entre comportamentos dos e das jovens das zonas rurais e das zonas urbanas. Estudos detalhados são fundamentais para subsidiar o desenho de políticas públicas para adolescentes.

     É importante também considerar uma articulação intersetorial, garantindo as seguintes ações:

     a) inclusão de temáticas relativas à saúde e sexualidade na adolescência em todos os projetos voltados para adolescentes;
     b) articular projetos de educação sexual nas escolas com retaguarda nos serviços de saúde;
     c) garantir acesso e disponibilizar métodos contraceptivos para os e as jovens, inclusive a contracepção de emergência;
d) garantir orientação sobre sexualidade e saúde reprodutiva para o pai e a mãe adolescente após o parto;
     e) criar abrigos para gestantes adolescentes favorecendo seu acesso a projetos de reforço escolar, profissionalização, etc.;
     f) garantir os cuidados da criança (creches, parentes, etc.) para que as mães possam continuar na escola; e
g) implementar projetos comunitários que ofereçam atenção integrada aos adolescentes (saúde, reforço escolar, esportes, profissionalização, etc.).
     
Podemos utilizar varias temáticas para trabalhar nosso aluno, para que ele perceba o mundo que o cerca.


















Engravidar é um Ato Egoísta
















Existe hoje uma explosão na população mundial e podemos destacar como fatores, desde a desinformação entre os mais pobres até a irresponsabilidade de famílias de classe média. Independente do motivo, o fato é que a população cresce em progressão geométrica, aumentando os problemas sociais e gerando mais violência.

     Por motivos que estão mais ligados ao lucro do que as preocupações humanitárias, a ciência colabora com essa explosão populacional, desenvolvendo a cada dia, métodos de fertilização artificial. Mas por que, em vez de gerar mais crianças, não damos condições decentes às que estão abandonadas ou que são obrigadas a trabalhar em fornos de carvão? Em vez de promover métodos de fertilização artificial, por que não se promovem campanhas de adoção?

     Se a genética e o desejo de engravidar não justificam o repúdio a adoção, é possível concluir que o que as futuras mães querem é a garantia de que seus filhos terão um tom de pele próximo do delas. O desejo de engravidar a qualquer custo também tem seu lado racista. Até mesmo porque boa parte das crianças abandonadas, que poderiam ser adotadas no Brasil, é negra.

     Num planeta cada vez mais desigual, uma mulher que investe em tratamentos para gravidez é, de certa forma, uma egoísta, assim como um casal que tem cinco ou seis filhos. Não tem preocupação com o futuro do bebê nem com o futuro do planeta. Essa mulher quer apenas provar para ela e para a sociedade que é capaz de cumprir uma falsa obrigação moral: engravidar num mundo cada vez mais cheio de gente”.

     Engravidar é um ato de amor. Porém, nossa sociedade consumista transformou o sexo e as relações humanas em algo descartável. Hoje a gravidez na adolescência é um grande problema social e cabe a mudança de velhos paradigmas para resolvermos tal problema.

     Como vimos à população do planeta está crescendo de forma muito rápida e isso pode comprometer as necessidades básicas para o desenvolvimento da vida humana.
     Toda sociedade e suas instituições (igrejas, sindicatos, iniciativa privada, escola, família, etc.), tem que se unir para esta causa. Mas acima de tudo é uma questão de atitude de todos para mudarmos o quadro que temos hoje.


















A Adolescente
















     Com a gravidez a adolescente poderá apresentar problemas de crescimento e desenvolvimento, emocionais e comportamentais, educacionais e de aprendizado, além de complicações da gravidez e problemas de parto. É por isso que alguns autores considerem a gravidez na adolescência como sendo uma das complicações da atividade sexual.

     O contexto familiar tem uma relação direta com a época em que se inicia a atividade sexual. As adolescentes que iniciam vida sexual precocemente ou engravidam nesse período, geralmente vêm de famílias cujas mães se assemelharam a essa biografia, ou seja, também iniciaram vida sexual precoce ou engravidaram durante a adolescência.

     O comportamento sexual do adolescente é classificado de acordo com o grau de seriedade. Vai desde o "ficar" até o namorar. "Ficar" é um tipo de relacionamento íntimo sem compromisso de fidelidade entre os parceiros. Num ambiente social (festa, barzinho, boate) dois jovens sentem-se atraídos, dançam, conversam e resolvem ficar juntos aquela noite. Nessa relação podem acontecer beijos, abraços, colar de corpos e até uma relação sexual completa, desde que ambos queiram.

     Esse relacionamento é inteiramente descompromissado, sendo possível que esses jovens se encontrem novamente e não aconteça mais nada entre eles de novo.

     Em bom número de vezes o casal começa "ficando" e evoluem para o namoro. No namoro a fidelidade é considerada muito importante. O namoro estabelece uma relação verdadeira com um parceiro sexual. Na puberdade, o interesse sexual coincide com a vontade de namorar e, segundo pesquisas, esse despertar sexual tem surgido cada vez mais cedo entre os adolescentes.

     O adolescente, impulsionado pela força de seus instintos, juntamente com a necessidade de provar a si mesmo sua virilidade e sua independente determinação em conquistar outra pessoa do sexo oposto, contraria com facilidade as normas tradicionais da sociedade e os aconselhamentos familiares e começa, avidamente, o exercício de sua sexualidade.

     Há uma corrente bizarra de pensamento que pretende associar progresso, modernidade, permissividade e liberalidade, tudo isso em meio à um caldo daquilo que seria desejável e melhor para o ser humano. Quem porventura ousar se contrapor a esse esquema, corre o risco de ser rotulado de retrógrado.

     As pessoas de bom senso silenciam diante da ameaça de serem tidas por preconceituosas, interessando a cultua modernóide desenvolver uma cegueira cultural contra um preconceito ainda maior e que não se percebe; aquele que aponta contra pessoas cautelosas e sensatas, os chamados "conservadores", uma espécie acanhada de atravancador do progresso.

     As atitudes das pessoas são, inegavelmente, estimuladas e condicionadas tanto pela família quanto pela sociedade. E a sociedade tem passado por profundas mudanças em sua estrutura, inclusive aceitando "goela abaixo" a sexualidade na adolescência e, conseqüentemente, também a gravidez na adolescência.

     Portanto, à medida que os tabus, inibições, tradições e comportamentos conservadores estão diminuindo, a atividade sexual e a gravidez na infância e juventude vai aumentando.











Aspectos psicológicos

     A adolescência implica num período de mudanças físicas e emocionais considerado, por alguns, um momento conflitivo ou de crise. Não podemos descrever a adolescência como simples adaptação às transformações corporais, mas como um importante período no ciclo existencial da pessoa, uma tomada de posição social, familiar, sexual e entre o grupo.

     A puberdade, que marca o início da vida reprodutiva da mulher, é caracterizada pelas mudanças fisiológicas corporais e psicológicas da adolescência. Uma gravidez na adolescência provocaria mudanças maiores ainda na transformação que já vinha ocorrendo de forma natural. Neste caso, muitas vezes a adolescente precisaria de um importante apoio do mundo adulto para saber lidar com esta nova situação.

     Porque a adolescente fica grávida é uma questão muito incômoda aos pesquisadores. São boas as palavras de Vitalle & Amâncio (idem), segundo as quais a utilização de métodos anticoncepcionais não ocorre de modo eficaz na adolescência, inclusive devido a fatores psicológicos inerentes ao período da adolescência.

     A adolescente nega a possibilidade de engravidar e essa negação é tanto maior quanto menor a faixa etária.

     A atividade sexual da adolescente é, geralmente, eventual, justificando para muitas a falta de uso rotineiro de anticoncepcionais. A grande maioria delas também não assume diante da família a sua sexualidade, nem a posse do anticoncepcional, que denuncia uma vida sexual ativa.

     Assim sendo, além da falta ou má utilização de meios anticoncepcionais, a gravidez e o risco de engravidar na adolescente podem estar associados a uma menor auto-estima, a um funcionamento familiar inadequado, à grande permissividade falsamente apregoada como desejável a uma família moderna ou à baixa qualidade de seu tempo livre.
     De qualquer forma, o que parece ser quase consensual entre os pesquisadores, é que as facilidades de acesso à informação sexual não têm garantido maior proteção contra doenças sexualmente transmissíveis e nem contra a gravidez nas adolescentes.

     Uma vez constatada a gravidez, se a família da adolescente for capaz de acolher o novo fato com harmonia, respeito e colaboração, esta gravidez tem maior probabilidade de ser levada a termo normalmente e sem grandes transtornos.

     Porém, havendo rejeição, conflitos traumáticos de relacionamento, punições atrozes e incompreensão, a adolescente poderá sentir-se profundamente só nesta experiência difícil e desconhecida, poderá correr o risco de procurar abortar, sair de casa, submeter-se a toda sorte de atitudes que, acredita, “resolverão” seu problema.

     O bem-estar afetivo da adolescente grávida é muito importante para si própria, para o desenvolvimento da gravidez e para a vida do bebê. A adolescente grávida, principalmente a solteira e não planejada, precisa encarar sua gravidez a partir do valor da vida que nela habita, precisa sentir segurança e apoio necessários para seu conforto afetivo, precisa dispor bastante de um diálogo esclarecedor e, finalmente, da presença constante de amor e solidariedade que a ajude nos altos e baixos emocionais, comuns na gravidez, até o nascimento de seu bebê.

     Mesmo diante de casamentos ocorridos na adolescência de forma planejada e com gravidez também planejada, por mais preparado que esteja o casal, a adolescente não deixará de enfrentar a somatória das mudanças físicas e psíquicas decorrentes da gravidez e da adolescência.

     A gravidez na adolescência é, portanto, um problema que deve ser levado muito a sério e não deve ser subestimado, assim como deve ser levado a sério o próprio processo do parto.

     Este pode ser dificultado por problemas anatômicos e comuns da adolescente, tais como o tamanho e conformidade da pelve, a elasticidade dos músculos uterinos, os temores, desinformação e fantasias da mãe ex-criança, além dos importantíssimos elementos psicológicos e afetivos possivelmente presentes.

     Para se ter idéia das intercorrências emocionais na gravidez de adolescentes, em trabalho apresentado no III Fórum de Psiquiatria do Interior Paulista, em 2000, Gislaine Freitas e Neury Botega mostraram que, do total de adolescentes grávidas estudadas na Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba, foram encontrados: casos de Ansiedade em 21% delas, assim como 23% de Depressão. Ansiedade junto com Depressão esteve presente em 10%.

     Importantíssima foi a incidência observada para a ocorrência de ideação suicida, presente 16% dos casos, mas, não encontraram diferenças nas prevalências de depressão, ansiedade e ideação suicida entre os diversos trimestres da gravidez. Tentativa de suicídio ocorreu em 13% e a severidade da ideação suicida associação significativa com a severidade depressão.

     Procurando conhecer algumas outras características da população de adolescentes grávidas como estado civil, escolaridade, ocupação, menarca, atividades sexuais, tipo de parto, número de gestações e realização de pré-natal, Maria Joana Siqueira refere alguns números interessantes.
Números interessantes da Gravidez na Adolescência
Porcentagem de grávidas entre 16 e 17 anos     84%
Primigestas (primeira gestação)     75%
Freqüentaram o pré-natal     95%
Tiveram parto normal     68%
Menarca (1a. menstruação) entre os 11 e 12 anos     52%
Não utilizavam nenhum método contraceptivo     56%
Usavam camisinha às vezes     28%
Utilizavam a pílula     16%
Em relação à primeira relação sexual:

             A primeira relação sexual ocorreu*:
até os 13 anos     10%
entre 14 e 16 anos     27%
entre 17 e 18 anos     18%
entre 19 e 25 anos     17%
depois dos 25 anos     2%
























Ideação Suicida em Adolescentes Grávidas

     Gisleine Vaz Scavacini de Freitas e Neury José Botega (Unicamp) têm um estudo sobre ideação de suicídio em adolescentes grávidas. Estudaram 120 adolescentes grávidas (40 de cada trimestre gestacional), com idades variando entre 14 e 18 anos, atendidas em serviço de pré-natal da Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba.

     Do total dos sujeitos, foram encontrados: casos de ansiedade em 25 (21 %); casos de depressão em 28 (23%). Desses, 12 (10%) tinham ansiedade e depressão. Ideação suicida ocorreu em 19 (16%) das pacientes. Não foram encontradas diferenças nas prevalências de depressão, ansiedade e ideação suicida nos diversos trimestres da gravidez.

     As tentativas de suicídio anteriores ocorram em 13% das adolescentes grávidas. A severidade dessas tentativas de suicídio teve associação significativa com o grau da depressão, bem como com o estado civil das pacientes (solteira sem namorado).

     Porém, depois do parto Anne Lise Scappaticci, psicanalista e autora de pesquisa sobre jovens mães, concluiu que as adolescentes oferecem mais o seio para amamentação e estimulam mais os bebês que mães adultas, favorecendo assim uma melhor interação com a criança.

     Essa pesquisa, entretanto, contradiz boa parte da literatura científica, a qual sugere maior risco de não atender as necessidades de seus filhos por parte das mães adolescentes.

     A pesquisa de Anne Lise mostrou que as adolescentes interagiram mais e por mais tempo com seus bebês em dois, dos seis aspectos analisados: "oferecer o seio" e "estimular o bebê". Foi considerado estimular o bebê o ato de tocar, acariciar, afagar, beijar, acalentar e esfregar.

     Das adolescentes, 23,69% estavam no grupo que mais oferecia o seio para o bebê, enquanto 60,7% das 28 adultas, estavam no grupo que oferecia menos. Quando se trata do critério "mãe estimula o bebê", o resultado é igual: novamente as mais jovens estimulavam mais seus bebês.

     Quando o quesito era estimulação dos recém-nascidos, houve maior freqüência entre as mães adolescentes. Naquelas cujo bebê era o primeiro filho, 78% acariciavam, beijavam e embalavam mais a criança. Já as mães adultas, indiferente de ser o primeiro filho ou não, estimulavam pouco os recém-nascidos.


























Aspectos Psicossociais

     Inegavelmente a gravidez precoce e/ou indesejada leva à algum prejuízo no projeto de vida e, por vezes, na própria vida. Há, concomitantemente, possíveis outros riscos relacionados ao aborto e à doenças sexualmente transmissíveis entre as quais AIDS.

     As taxas de gravidez e infecções sexualmente transmissíveis na adolescência são indicativos da freqüência com que a atividade sexual (desprotegida) ocorre nessa faixa etária. Talvez possam ser considerados aspectos sociais (talvez, bio-psíco-sociais) alguns fatores de risco para gravidez na adolescência:
• antecipação da menarca;
• educação sexual ausente ou inadequada;
• atividade sexual precoce;
• desejo de gravidez;
• dificuldade para práticas anticoncepcionais;
• problemas psicológicos e emocionais;
• mudanças dos valores sociais;
• migração mal sucedida;
• pobreza;
• baixa escolaridade;
• ausência de projeto de vida.

     As complicações psicossociais relacionadas à gravidez na adolescência são, em geral, mais importantes que as complicações físicas. Fatos que devem ser levado em consideração, inclusive pela equipe que faz o pré-natal seriam, por exemplo, o abandono do lar dos pais, o abandono pelo pai da criança, a opressão e discriminação social, a interrupção dos estudos e suas conseqüências futuras, tais como os empregos menos remunerados, a dependência financeira dos pais por mais tempo.

     Os casamentos ou co-habitação precoces, motivados exclusivamente pela gravidez, tem levado a uma maior taxa de separações. Alguns autores afirmam que as uniões contraídas antes dos 20 anos terminam em separação 3 a 4 vezes mais que nas uniões contraídas após os 20 anos 2.

     Os filhos de mães adolescentes, segundo Verena Castellani V. Santos tendem a sofrer mais a negligência materna, têm maior risco de serem adotados, são internados em hospitais mais vezes, e sofrem mais acidentes que filhos de mães adultas. Revela ainda que eles têm um risco aumentado para ter atraso de desenvolvimento, dificuldades acadêmicas, desordens de comportamento, abuso de drogas, e se tornarem também pais adolescentes.

























     A Gravidez É MESMO Indesejada?

     Como entender a garota que tem bom conhecimento da sexualidade, conhece os métodos anticoncepcionais, tem acesso a eles, não quer engravidar e, apesar disso tudo, engravida? Que força “do mal” é esta que, contrária à todas possibilidades, fez vingar uma gravidez?

     Embora não seja a regra, tem sido comum encontrar adolescentes felizes, depois do susto do resultado positivo do exame de gravidez, dizendo que a criança é bem vinda e que, apesar de seu pai ter ficado muito bravo, todos já estão festejando a vinda do mais novo membro à família.

     Na opinião dessas jovens quase deslumbradas com a gravidez (muitas dissimulando, como se estivesse muito tristes), a pílula falhou, a tabelinha falhou, a camisinha rasgou... ou coisas assim, mas, de qualquer forma foi alguma coisa “completamente” acidental, emancipada da vontade dela. Mas, será mesmo que não havia nenhuma vontadezinha, ainda que inconsciente, de engravidar?

     Algumas adolescentes grávidas, entretanto, continuam dizendo, depois do exame positivo, que não queriam e não querem ter o filho, que não se vêem criando uma criança. Estará esta jovem mãe pronta para assumir a função materna?

     Mas o drama da gravidez em adolescentes não é monopólio das meninas. E o rapaz? Afinal, sem sua participação não haveria a concepção. Infelizmente, os rapazes, principalmente aqueles que apenas “ficam”, dificilmente vão sentir como sendo sua também a responsabilidade sobre a gravidez. Normalmente os rapazes têm uma visão um tanto minimizada da gravidez imposta à menina.

     Afinal, como pensam, a gravidez só pode ter como conseqüência, uma gigantesca transformação no corpo (que não é seu), a necessidade de um acompanhamento pré-natal (que pode muito bem acontecer sem ele), o parto (que também acontece sem ele estar presente), abandonar os estudos (que também não dizem respeito à ele), os cuidados com o bebê por alguns poucos seis ou sete anos, e assim por diante.

     Sobre as razões pelas quais adolescentes engravidam, pesquisadores portugueses concluíram, por aplicação do método fenomenológico, que a gravidez na adolescência não é planejada mas pode ser desejada. Constataram ainda que o uso de contraceptivos é influenciado pela informação e que existem em muitas jovens expectativas de mudança de vida associada à gravidez.

     Em nosso meio a questão da gravidez na adolescência continua desafiando teorias e hipóteses sociológicas. Pesquisa realizada por pesquisadoras da obstetrícia do Hospital São Paulo mostrou que, apesar de receber informações sobre métodos anticoncepcionais durante o pré-natal e depois do parto, muitas adolescentes engravidam por mais de uma vez.

     As pesquisadoras realizaram uma pesquisa com 413 adolescentes atendidas pelo pré-natal do Hospital São Paulo entre 1996 e 1998. Do total, 159 (38,5%) tinham menos de 16 anos, e 254 (61,5%) entre 17 e 19 anos. Entre as adolescentes pesquisadas, 22,5% engravidaram depois de terem recebido orientações sobre métodos anticoncepcionais e, destas, 79,6% tiveram duas gestações e 20,4% três.

     A conclusão desse trabalho foi que, apesar da orientação sobre métodos anticoncepcionais, as adolescentes continuam engravidando, "talvez por não terem grandes perspectivas de vida ou simplesmente por emoção", explica Cristina Guazzelli, professora assistente da Obstetrícia.

     "Entre as adolescentes que tiveram três gestações, foi comum cada filho ser de um pai diferente, ou seja, em cada relacionamento, repetiu-se a vontade de ter um filho com o parceiro, analisou a docente.





     As Emoções da Futura Mãe

     De modo geral não se pode dizer que as depressões previamente presentes piorem a gravidez, obrigatoriamente, pois se observa exatamente o contrário na prática clínica, algumas mulheres apresentam uma melhora da sintomatologia depressiva quando se encontram grávidas.

     Também não é possível tentar estabelecer alguma regra geral, segundo a qual a gravidez de adolescentes predispõe ao estado depressivo. E a base destas alterações do humor para melhor, quando ocorrem, parece estar relacionada à alguma alteração hormonal.

     Sendo a progesterona é a hormônio dominante da gravidez, pode ser possível que exista algum benefício se estas mulheres, que melhoram da depressão durante a gravidez, continuem a tomar progesterona, fora da gravidez.

     Se existe algum período da gravidez onde possa ser observada uma melhor performance emocional, essa época é entre a 17a. e 20a. semanas de gestação. Isso parece estar relacionado à produção hormonal pela placenta.

     Nessa fase da gravidez, o sistema endócrino da mulher trabalha ativamente para promover o crescimento uterino e do bebê. No entanto, passado algum tempo, a placenta torna-se a principal responsável pela produção hormonal. Este fato explica, em parte e como vimos acima, as sensações de melhora física, pois, a produção placentária não tem tantos efeitos secundários quanto a produção endócrina.

     Mesmo assim, as reações emotivas da grávida tornam-se mais intensas e muitas delas ficam surpreendidas com sua labilidade emocional, onde até um simples anúncio televisivo pode fazê-las chorar. Além desses determinantes biológicos e hormonais, a grávida adolescente teria ainda razões de ordem existencial para alimentar a extrema labilidade afetiva.

     Normalmente, as pessoas costumam não acreditar serem suficientemente boas, suficientemente organizadas, suficientemente ricas ou suficientemente suportadas. As inseguranças, nessas questões de auto-estima, são normais e fisiológicas.

     Da mesma forma, muitas mulheres não acreditam que serão capazes de ser boas mães. Em algumas adolescentes grávidas, o infantilismo fisiológico próprio da faixa etária e prontamente substituído por esse complexo de mãe incompetente.

     O trabalho de parto é receado por muitas adolescentes, sobretudo porque é amplamente desconhecido. A melhor forma de ultrapassar o medo é falar abertamente sobre o assunto. A partilha de idéias com outras mulheres que sentem o mesmo pode ser uma ajuda preciosa.

     Durante a gravidez, a mulher pode sentir dificuldades na concentração ou na articulação de vocábulos simples. O esquecimento passa também a ser freqüente. Estes fenômenos podem ser alarmantes, sobretudo para as mulheres que não estão prevenidas. No entanto, todas estas alterações regridem com o parto.

     Geralmente a adolescente grávida passa a ser rodeada de conselhos, críticas, sugestões e advertências. Todos parecem ter algo a dizer; alguns amigos querem contribuir para o crescimento do filho, professores e parentes procedem com críticas amargas e dissimuladas, familiares mais próximos com veementes censuras... e assim por diante.

     Embora possa ser agradável receber alguma atenção, muitas vezes até pode ser perturbador. A emotividade subjacente a este período, torna a mulher hipersensível a algumas sugestões, nomeadamente, no que se refere à sua própria saúde ou à do seu bebê. Esta é uma boa altura para ignorara conselhos inúteis e para aumentar o próprio discernimento quanto às opiniões de interesse.

     Mas não é raro que a grávida adolescente experimente algumas sensações de ser especial e isso pode aliviar a eventual depressão pela qual esteja passando. Quando a gravidez se torna óbvia e irreversível, a mulher passa a ter um estatuto que lhe confere alguns privilégios; caixas dos supermercados prioritárias para grávidas ou de lugares reservados nos transportes públicos, etc.

     De acordo com a pesquisa Raquel Foresti, os depoimentos mostram que as adolescentes que engravidam apresentam um ponto em comum: a fragilidade no processo de formação de sua identidade. Algumas delas não conseguiram criar vínculos com o mundo do trabalho e tiveram vários empregos em um curto período de tempo. Outras não enxergam perspectivas nos estudos.

     Muitas vezes elas demonstram um comportamento mais infantil do que o esperado para sua idade e não aceitam as responsabilidades. Por isso, sentem que não encontram seu espaço no mundo, analisa a psicóloga.

     Para essas meninas, a gravidez tem uma dupla função. “Além de servir como justificativa para a inadequação, a barriga traz um certo poder e até status dentro da família. Preenche o vazio que elas sentem por causa da crise de identidade”, afirma Raquel.
































A Sexualidade Precoce











     





     As meninas brasileiras estão menstruando e iniciando sua vida sexual cada vez mais cedo. Vários fatores, desde o clima tropical e a alimentação do mundo industrializado até a erotização provocada pela permissividade dos programas de televisão levam a mudanças hormonais que promovem o amadurecimento antecipado dos elementos ligados ao desejo sexual e ao aparelho reprodutivo dos púberes. Em uma sociedade moderna, em que os pais trabalham fora e a escola é insuficiente para acompanhar o desenvolvimento da sexualidade dos adolescentes, o problema torna-se preocupante, pois, por falta de informações, suas relações sexuais, sem proteção, podem resultar em gravidez indesejada, além de doenças sexualmente transmissíveis.
























     Conseqüências de uma gravidez precoce

·     Ansiedade da menina no período que antecede a confirmação da gravidez, pois começa a se dar conta de que vai enfrentar sérios problemas.
·     Medo de contar aos pais, o que leva, muitas vezes, a um período longo de mentiras e estresse.
·     Turbulências na relação com o namorado, que, pego de surpresa, não sabe como agir.
·     Interrupção dos estudos e adiamento dos projetos de vida.
·     Instabilidade psicológica e insegurança.
·     Afastamento de algumas amizades.
·     Adiamento da oportunidade de arrumar um emprego.
·     Insegurança financeira e temor do futuro.
·     Modificação do quadro familiar, pelo acréscimo de novas responsabilidades.

     Além das conseqüências psicológicas e sociais, a gravidez precoce, traz um risco tanto para a vida da mãe quanto para a do bebê. O parto é mais complicado e, em geral, o recém-nascido de uma adolescente tem peso abaixo do normal, requerendo cuidados médicos especiais.

     A conseqüência mais grave da gravidez precoce, especialmente entre meninas pobres, é a prática do aborto clandestino. Segundo a Organização Mundial da Saúde, dos 4 milhões de abortos praticados no Brasil, anualmente, 1 milhão ocorre entre adolescentes, das quais 20% morrem. O primitivismo com que são realizados é responsável por infecções graves e esterilidade de muitas mulheres.






     Causas da gravidez Precoce

·     Ausência de diálogo com os pais sobre vida sexual.
·     Início precoce das atividades sexuais, por influência da mídia e do grupo de amigos.
·     Confusão entre amor e sexualidade por parte de ambos os parceiros.
·     Falta de informações sobre reprodução.
·     Falta de informações sobre métodos anticoncepcionais.
·     Resistência ao uso de preservativos.
·     Necessidade de auto-afirmação.
·     Rebeldia contra a família.
·     Falta de perspectivas pessoais e profissionais.
·     Ilusão de que por ser muito jovem ainda (imagem não perdida do "corpo de criança") não é possível a gravidez.




































Abandono Escolar
















     Justo no dia de uma prova importante, Sabrina (nome fictício), 16, aluna do primeiro ano do ensino médio de uma escola pública de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, teve um exame de ultra-som marcado pelo médico. "Não sabia o que escolher. Precisava fazer o exame e a prova”.

     Optou pelo exame. E, uma hora depois, foi informada de que estava grávida de quatro meses. "Saí da clínica desorientada. Ainda assim corri pra escola e consegui entrar na sala atrasada. Eu, com aquilo na cabeça, tive de resolver 45 questões difíceis. Respondia e chorava, respondia e chorava", conta. "Nem acreditei quando vi o resultado: não fui mal, não”.

Grávida, ela decidiu seguir os estudos. Sabrina é, segundo uma pesquisa inédita da Unesco (órgão da ONU para educação, ciência e cultura), uma exceção: levantamento feito com mais de 10 mil jovens nos 26 Estados do país apontou que as meninas deixam mais a escola do que os meninos na faixa etária dos 15 a 17 anos.

     As três principais causas para o afastamento prematuro da escola são necessidade de trabalhar, gravidez não-planejada e dificuldades de aprendizado.

     Uma gravidez não-planejada fez com que Verônica Ribeiro da Silva, 18, parasse de ir à escola, aos 16 anos. "Achei que o pessoal ficaria comentando a gravidez. Fiquei com vergonha e larguei a escola”.
A Unesco traçou o perfil do jovem brasileiro fora dos bancos escolares com idade de 15 a 17 anos, faixa própria para a freqüência no ensino médio -grande gargalo da educação básica.
     
     Seus dados apontam que há mais de 1,5 milhão de jovens nessa faixa etária fora da escola e inverte o senso comum que diz que há mais meninos que meninas atualmente sem estudo por conta da necessidade de trabalhar.
     
     Entre os jovens de 15 a 17 anos que abandonaram os estudos, 56% são meninas. Por outro lado, a pesquisa reitera a noção de que os negros são desfavorecidos pelo modelo educacional de hoje: 72% dos jovens que estão fora da escola são negros ou pardos.

     "Não tenho dúvidas de que o desequilíbrio entre o número de homens e mulheres fora da escola está, em grande parte, na questão da gravidez precoce", avalia Eliezer Pacheco, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).

     De fato, após deixar os estudos, Verônica -hoje com dois filhos por conta de uma segunda gravidez não-planejada - constatou que mais de 15 amigas suas viveram o mesmo drama: engravidaram adolescentes e, segundo ela, a maioria deixou a escola.

     "A gravidez é um fator conhecido de abandono escolar", afirma o ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza. Para ele, é preciso que os ministérios da Educação e da Saúde atuem em conjunto em programas de prevenção nas escolas e que o governo injete verbas em organizações da sociedade civil que auxiliam essas jovens. Tudo para garantir que o jovem complete o ensino médio, que, "há pelo menos 15 anos vem sendo exigido como pré-requisito para qualquer tipo de emprego".

     Albertina Duarte Takiuti, coordenadora do programa Saúde do Adolescente da Secretaria de Estado da Saúde, especialista em gravidez na adolescência, explica que a gestação precoce é uma situação turbulenta em um período da vida já conturbado.

     "A gravidez muitas vezes substitui o interesse das meninas pela escola. É preciso muito apoio da escola, da família e da sociedade para que ela tenha segurança para continuar os estudos”.

     Para ela, a escola é um fator protetor para as jovens que estão grávidas ou que já tiveram filhos. "Freqüentando a escola, ela continua a integrar um grupo e a ter outros interesses e atividades que não sejam apenas a maternidade", diz. "Jovens que abandonam a escola voltam a engravidar mais rapidamente que aquelas que prosseguem estudando”.
     O caso de Verônica é emblemático. Após o primeiro filho, não voltou à escola. Três meses depois, estava grávida novamente. "A segunda gravidez é muito determinante. Depois dela, a menina não volta para a escola mesmo", diz Takiuti.

     Isabel (nome fictício), 17, ao contrário, fez sua matrícula logo que saiu da maternidade, aos 14 anos, e hoje enfrentará a segunda gestação dentro da sala de aula.

     Suzanna Caveraggi, pesquisadora do Núcleo de Estudos Populacionais (Nepo) da Unicamp, explica que a mudança no comportamento sexual dos jovens não foi acompanhada nem pelo Estado nem pelas famílias. Para ela, porém, esse é um período de adaptação que deve, em breve, alterar os dados sobre gravidez precoce.
     
     De 1991 a 2000, houve um aumento de 25% na fecundidade de jovens de 15 a 19 anos. Já de 2002 para 2003, de acordo com dados do IBGE sobre registro civil, houve um aumento de 12% nos partos de adolescentes -menores que a média da década anterior.

     "O que interessa nesse caso não é o aumento ou não da gravidez precoce, mas o planejamento de uma estrutura social em que essas meninas possam permanecer na escola", diz a pesquisadora. "A falta de perspectiva dessas jovens pode ser anterior à gravidez e residir no desemprego e na baixa qualidade da escola”.

























Estatísticas
















     Desde 1970, tem aumentado os casos de gravidez na adolescência e diminuído a idade das adolescentes grávidas.

     Enquanto isso, a taxa de gravidez em mulheres adultas está caindo. Em 1940, a média de filhos por mulher era de 6. Essa média, calculada no ano de 2000 caiu para 2,3 filhos para cada mulher. Porém, o mesmo não acontece com as adolescentes.

     Segundo os dados do IBGE, desde 1980 o número de adolescentes entre 15 e 19 anos grávidas aumentou 15%. Só para ter idéia do que isso significa, são cerca de 700 mil meninas se tornando mães a cada ano no Brasil. Desse total, 1,3% são partos realizados em garotas de 10 a 14 anos.

     A gravidez ocorre geralmente entre a primeira e a quinta relação sendo o parto normal a principal causa de internação de brasileiras entre 10 e 14 anos.

     No Brasil, é no estrato social mais pobre que se encontram os maiores índices de fecundidade na população adolescente. Assim, no estrato de renda familiar menor de um salário mínimo, cerca de 26% das adolescentes entre 15 e 19 anos tiveram filhos, e no estrato de renda mais elevado, somente 2,3% eram mães (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1988). Nas regiões faveladas do Recife, de cada dez mulheres que são mães uma é menor de 15 anos, sendo que 60% das mulheres têm menos de 20 anos de idade (Lima et al., 1990).

     Em nosso meio, as taxas de gravidez na adolescência variam de serviço para serviço, mas estima-se que de 20% a 25% do total de mulheres gestantes sejam adolescentes, apontando que há uma gestante adolescente em cada cinco mulheres (Santos Júnior, 1999).

     Estudo realizado em 1985, por Nóbrega et al. em nosso meio, mostrava que a distribuição de partos entre adolescentes de baixo nível socioeconômico-BNSE se dava da seguinte forma: 1,4% nas < 15 anos; 18,5% entre 15 e 19 anos, sendo que a população adolescente representava 14,4% do total e as menores de 15 anos 0,2% do total. Em trabalho retrospectivo realizado no ano de 1991 no Amparo Maternal (SP), entidade filantrópica que assiste basicamente a população de BNSE encontrou-se: 6.316 partos com recém-nascidos vivos no período, sendo que a população adolescente representava 24,4% do total e as menores de 15 anos 2,6% do total. Há, portanto, aumento da freqüência de gravidez na adolescência quando comparamos os dois trabalhos.

     Rocha (1991), no Recife, encontrou 24,5% de partos na adolescência, em amostra de 5940 recém-nascidos vivos de BNSE, sendo que as menores de 15 anos representavam 0,5% do total e as de 15 a 19 anos 23,9% do total, dados muito semelhantes aos do Amparo Maternal (Vitalle, 1993), exceto pelas mães menores de 15 anos onde se observam percentuais maiores na população estudada em São Paulo, confirmando assim que a gravidez na adolescência está aumentando às custas, inclusive, das gestantes mais jovens.

     Estudo de fatores de risco para verificar o surgimento de prematuridade e baixo peso, realizado no Município de São Paulo, mostrou que a adolescência não influencia a ocorrência de baixo peso, porém aumenta em 1,3 vezes o risco de ocorrência de prematuridade. Pode-se responsabilizar a inadequada condição econômica como o fator de risco mais importante na determinação de prematuridade e baixo peso, pois, controladas as demais variáveis (idade materna, tabagismo, cuidado pré-natal) encontrou-se o risco aumentado de 1,8 vezes de prematuridade e 2,1 vezes de baixo peso ao nascimento quando a parturiente provinha do baixo nível econômico.

     UNESCO: Pesquisa Juventude e Sexualidade (2001)
·     Idade Média da Primeira Relação Sexual:
·     Meninos: 14 anos
·     Meninas: 15 anos
·     Idade Média da Primeira Gravidez: 16 anos

     Ministério da Saúde (2002)
·     Meninas entre 10 e 19 anos:
·     1.700 partos / dia = 26% do total de nascimentos
·     146 abortos / dia nos hospitais
·     Das 17.491.139 adolescentes de 10 a 19 anos, 1.375.044 já engravidaram pelo menos uma vez.
·     De 10 a 14 anos, somam um total de 36.850.
·     De 15 a 19 anos, somam um total de 1.338.194.
     Sabemos que muitas adolescentes estão engravidando, hoje, no Brasil.

     Vamos conhecer um pouco mais sobre a situação da gravidez na adolescência em nosso país:
·     Aproximadamente 27% dos partos feitos no SUS (Sistema Único de Saúde) no ano de 1999, foram em adolescentes de 10 a 19 anos, isso quer dizer que a cada 100 (cem) partos, 27 foram em adolescentes, dando um total de 756.553, naquele ano.
·     Cerca de 10% das adolescentes, de acordo com uma pesquisa feita em alguns Estados brasileiros em 1996, tinham pelo menos 2 filhos aos 19 anos.
·     Entre 1993 e 1999 houve aumento de aproximadamente 30% do número de partos feitos no SUS em adolescentes mais jovens, entre 10 a 14 anos.
·     Aproximadamente 17% dos homens entre 15 e 24 anos, segundo uma pesquisa feita em alguns Estados brasileiros, em 1996, já engravidaram alguma parceira.





























Por que Acontece a Gravidez na Adolescência
















     Já não causa tanto espanto sabermos que meninas de 10, 11, 12 anos tenham vida sexual ativa, assim como aparecem em consultórios portando alguma doença sexualmente transmissível (DSTs) e ou grávida.

     O que levaria as adolescentes a engravidar? Nunca foi tão divulgado os meios para evitar a gravidez como nos dias atuais, e mesmo assim, o número de adolescentes grávidas á cada vez maior.

     Porém, são muitos os motivos que tornam uma adolescente mais vulnerável a uma gravidez, mas o principal deles, é a falta de um projeto de vida, a falta de perspectiva futura.

     Não podemos dizer que toda gravidez na adolescência é indesejada, indesejadas são as gravidezes que acontecem por abuso sexual ou por falha de métodos anticoncepcionais.

     A maioria das gravidezes na adolescência não são planejadas, isto é, acontecem sem intenção, causada por diferentes fatores individuais ou sociais. Porém, não é por isso que a gravidez não vai ser bem vinda. Existem vários fatores que contribuem com esse quadro:

     Os repetidos casos que aparecem nos consultórios de psicólogos e médicos, apontam que muitas dessas adolescentes possuem um desejo de serem mães, da qual elas não têm consciência.
A falta de um projeto de orientação sexual nas escolas, família, comunidade de bairro, igrejas.

     A mídia é outro vilão nessa questão, exagerando na erotização do corpo algumas pessoas que são vistas na passarela, revista, cinema e televisão são para os adolescentes verdadeiros ídolos, ídolos esses que passam uma imagem de liberação sexual, e a tendência de um fã é sempre copiar o que seu ídolo faz.

     A falta de informação dos pais de adolescentes é um fator fundamental. Não havendo em casa alguém que possa informá-los, que sirva de modelo, que tire suas dúvidas e angústias, como esperar dos adolescentes comportamentos mais adequados? Como querer que eles aguardem o tempo mais adequado para aproveitar a sexualidade como algo bom, saudável e necessário para o ser humano?

     Quando acontece de uma adolescente ficar grávida ela deve tomar todos os cuidados normais da gravidez.
Fazer o pré-natal é importantíssimo; é durante o pré-natal que o médico acompanha o desenvolvimento do bebê e da mãe.

     Por isso, o controle pré-natal é muito importante para a adolescente grávida. Quanto mais cedo a adolescente começar o acompanhamento pré-natal, melhores serão os cuidados com a sua saúde e a saúde do bebê.

     Lembrando que a adolescente não fica grávida sozinha, é fundamental que os adolescentes homens participem de todo o processo, e nos cuidados necessários que devem ser tomados durante e após a gravidez. Estas informações podem ajudar.

               Como acontece a gravidez

     Após a 1ª menstruação, (menarca), a adolescente já pode engravidar. Para ocorrer uma gravidez, é preciso ter relações sexuais durante o período fértil, tempo em que o óvulo sai do ovário e vai para a trompa.
     

Se acontecer a fecundação, encontro do óvulo com o espermatozóide, depois de uma semana o ovo (óvulo + espermatozóide) prende-se na parede do útero para começar o desenvolvimento da gravidez.

     É a partir desse momento que a mulher começa a ter os primeiros sinais da gravidez: ausência da menstruação, enjôos, sensibilidade nos seios, mudança de humor e outros. O bebê começa a se desenvolver dentro do útero da mãe.
     Depois de nove meses é chegada a hora do parto:

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Prevenção
















Métodos anticoncepcionais são aqueles que impedem o encontro do espermatozóide com o óvulo, evitando, desse modo, a gravidez. Existem os que impedem a ovulação e os que evitam a penetração dos espermatozóides no útero.

Pílula anticoncepcional - É um comprimido de hormônio sintético, que deve ser ingerido durante 21 dias no mês, a fim de inibir a ovulação. O método é quase cem por cento seguro, para evitar a gravidez, mas requer disciplina, pois respeita o ciclo feminino e deve ser seguido de acordo com a orientação médica.
     
Camisinha - É o preservativo masculino, invólucro de fina borracha que deve ser colocado no pênis, antes do seu primeiro contato com a vagina. Além de impedir que o espermatozóide fecunde o óvulo, funciona, também como uma barreira de proteção contra doenças sexualmente transmissíveis (AIDS, sífilis, gonorréia e outras).

Diafragma - Trata-se de um preservativo feminino, uma capinha de borracha que deve ser introduzida, antes da relação sexual, na parte mais profunda da vagina, a fim de cobrir a entrada do colo do útero e impedir a entrada dos espermatozóides. Só deve ser retirado oito horas depois.

Espermicida - Tipo de creme ou espuma, contendo substâncias químicas capazes de destruir os espermatozóides. É colocado no fundo da vagina, antes da relação sexual. Só se torna, realmente, eficaz, quando combinado com outros métodos, como o diafragma, por exemplo.

DIU - É um dispositivo intra-uterino, uma pequena haste de cobre ou silicone, que, introduzida pelo médico dentro do útero, impede que o espermatozóide fecunde o óvulo. É eficaz, mas só pode ser colocado em mulheres que já tiveram filhos.

Método natural - Este método, o único aceito pela Igreja Católica, consiste em abster-se de relações sexuais durante o período fértil da mulher, isto é, quando o óvulo maduro está pronto para ser fecundado. Como o ciclo é de, aproximadamente, 28 dias, esse período localiza-se bem no meio do mês entre as menstruações. Os médicos não recomendam às adolescentes, cujo ciclo ainda é irregular.

Coito interrompido - Consiste em interromper o ato sexual antes da ejaculação masculina. Não é garantido para evitar a gravidez nem o contágio de doenças sexuais.

Estudos mostram que os adolescentes conhecem métodos anticoncepcionais, mas, como suas relações sexuais são esporádicas, não têm prática do seu uso correto. Mais do que nunca, é importante o diálogo de pais, educadores e médicos com os jovens.







































DSTs
















     As DST são doenças transmitidas por meio da relação sexual, seja de homem com mulher, homem com homem ou mulher com mulher. Em geral, a pessoa infectada transmite a DST para seus parceiros, principalmente quando acontece penetração.

     Ao contrário do que muita gente pensa, as DST são doenças graves que podem causar disfunções sexuais, esterilidade, aborto, nascimento de bebês prematuros com problemas de saúde, deficiência física ou mental, alguns tipos de câncer e até a morte. Uma pessoa com DST também tem mais chance de pegar outras DST, inclusive a aids.

     Quem pode pegar DST?
·     Quem tem relações sexuais sem camisinha;
·     Quem tem parceiro que mantém relações sexuais com outras pessoas sem camisinha;
·     Pessoas que usam drogas injetáveis e compartilham seringas;
·     Pessoas que têm parceiros que usem drogas injetáveis, compartilhando seringas;
·     Pessoas que recebem transfusão de sangue não testado;
·     Qualquer um - casados, solteiros, jovens, adultos, ricos ou pobres - pode pegar DST.

     Os Principais sinais das DSTs são:
•     Feridas (úlceras): aparecem nos órgãos genitais ou em qualquer parte do corpo. Podem doer ou não.
•     Corrimentos: aparecem no homem e na mulher no canal da uretra, vagina ou ânus. Podem ser esbranquiçados, esverdeados ou amarelados como pus. Alguns têm cheiro forte e ruim. Tem gente que sente dor ao urinar ou durante a relação sexual. Nas mulheres, quando o corrimento é pouco, só é visto em exames ginecológicos.
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•     Verrugas: são como caroços; podem parecer uma couve-flor quando a doença está em estágio avançado. Em geral não dói, mas pode ocorrer irritação ou coceiras.
      Os principais sintomas das DSTs são:
•     Ardência ou coceira: mais sentidas ao urinar ou nas relações sexuais. Há pessoas que sentem as duas coisas, outras somente uma e muitas pessoas não sentem nada e, sem saber, transmitem DST para seus parceiros.
•     Dor e mal-estar: embaixo do umbigo, na parte baixa da barriga, ao urinar, ao evacuar ou nas relações sexuais.
     
Como tratar:
·     Faça apenas o tratamento indicado por um profissional de saúde, não aceite indicações de vizinhos, parentes, funcionários de farmácias etc.
·     Siga a receita e tome os remédios na quantidade certa e nas horas certas.
·     Continue o tratamento até o fim, mesmo que não haja mais sinal ou sintoma da doença.
·     Todos os parceiros de quem está com DST devem ser conscientizados e fazer o tratamento, senão o problema continua.
·     Deve-se evitar relações sexuais durante o tratamento. Em último caso, use sempre camisinha.
·     Peça também para fazer o teste da aids. É melhor sempre se prevenir.
     
O que são os serviços que atendem DST? São serviços de saúde que pertencem ao Sistema Único de Saúde (SUS) e que contam com profissionais de saúde capacitados na Abordagem Sindrômica das DST, podendo ou não contar com estrutura laboratorial, promovendo a assistência clínica e o tratamento adequado, a prevenção, o fornecimento de preservativos e aconselhamento para testagem para o HIV.


Garotos

(Leoni)

Seus olhos, e seus olhares
Milhares de tentações
Meninas são tão mulheres
Seus truques e confusões
Se espalham pelos pêlos, corpo e cabelo
Peitos e poses e apelos
Me agarram pelas pernas
Certas mulheres como você
Me levam sempre onde querem
Garotos não resistem aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu, sempre tão espertos
Perto de uma mulher, São só garotos
Perto de uma mulher, São só garotos
Seus dentes e seu sorriso
Mastigam meu corpo e juízo
Devoram os meus sentidos
E eu já não me importo com isso
então são mãos e braços beijos e abraços
Pele e barriga e seus laços
São armadilhas e eu não sei o que faço
Aqui de palhaço seguindo seus passos
Garotos não resistem aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu, sempre tão espertos
Perto de uma mulher, São só garotos
Perto de uma mulher, São só garotos
Se espalham pelos pêlos, corpo e cabelo
Peitos e poses e apelos
Me agarram pelas pernas
Certas mulheres como você
Me levam sempre onde querem
Garotos não resistem aos seus mistérios
Garotos nunca dizem não
Garotos como eu, sempre tão espertos
Perto de uma mulher, São só garotos
Perto de uma mulher, São só garotos


     
Garotos

(Leoni/Paula Toller)

Garotos gostam de iludir
Sorriso, planos, promessas demais
Eles escondem o que mais querem
Que eu seja outra entre outras iguais

São sempre os mesmo sonhos
De quantidade e tamanho
Garotos fazem tudo igual
E quase nunca chegam ao fim

Talvez você seja melhor que os outros
Talvez, quem sabe, goste de mim
São sempre os mesmos sonhos
De quantidade e tamanho

Garotos perdem tempo pensando
Em brinquedos e proteção
Romances de estação
Desejo sem paixão
Qualquer truque contra a emoção












Biografia:
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Outros títulos do mesmo autor

Monografias Gravidez Simone Zabeu Ferreira
Artigos Mídia Digital Simone Zabeu Ferreira
Artigos Bullying nas Escolas Simone Zabeu Ferreira


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