O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), encontrou a alternativa mais eficiente para ocultar o desastre que é a segurança pública em seu estado: proibir a pistola d’água.
Antes que pensem que isso é loucura ou, o mais provável, uma tremenda “cortina de fumaça”, foi informado que a atitude é para combater a misoginia e o machismo. Ufa! Quem for curtir o Carnaval baiano pode ficar mais tranquilo quanto a voltar gripado, embora não seja assegurada a vida ou a integridade física.
Na minha infância, eu ganhei um revólver a espoleta. Atualmente, devido à perfeição da réplica, eu seria neutralizado como portador de um simulacro de arma de fogo ou um assaltante de banco. Nos anos 80, tenho certeza, a pistolinha d’água seria considerada mais perigosa que o revólver com um pente cheio de pólvora, pois sempre teve o potencial de abrir as portas para o vírus da gripe.
O que até os anos 90 eram brinquedos, hoje, são levados a sério, encarados como solução para encobrir a incompetência de políticos. Além da arminha de água (problema de violência), a cidade de São Paulo está coalhada de barraquinhas de “camping”, que parecem ser a solução para a falta de moradia.
O governador baiano regulamentou a lei que proíbe o uso de pistolas de água e similares no Carnaval. Lendo isso, é plausível que eu encare a lei com alguma seriedade inexistente. A pomposidade com que a lei foi escrita carrega uma arrogância e superioridade própria de quem acha que quem lerá isso é inepto suficientemente para levar a lei a sério.
É necessário um trabalho imaginativo muito grande para aceitar a ideia de um policial apreendendo e recolhendo o armamento proibido de... uma criança. Já é mais fácil conceber a figura mental da cerimônia de incineração do material ilícito. Enfim, proibir a bazuquinha colorida mostra o grau de infantilização com que o mandatário petista trata a Segurança.
A notícia já nasceu como piada, mas, tentando abordar o assunto com alguma seriedade, é impossível não lembrar que a Bahia é um dos estados brasileiros com mais violência da bandidagem. Portanto, mesmo com a fiscalização restringindo-se às áreas “carnavalizadas” e visar ao combate ao machismo e à misoginia, não deixa de ser uma evidência de incompetência.
Loucura ou desonestidade, essa lei já nasceu para engrossar a estatística de que no Brasil existem leis que não pegam.
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