Estou indo. Eu disse. E saí caminhando.
Não ouvi resposta ou alguém que pedisse para ficar.
Segui caminhando, devagar, olhando as vitrines da vida, sem interesse apenas esperando.
Caminhei. Segui, percorri um caminho triste cabeça baixa, passos lentos. Ouvidos atentos aos sons desconhecidos na esperança de ouvir uma conhecida voz chamar meu nome.
Caminhei com passos lentos quase arrastados, em silêncio represando as lágrimas dentro do meu olhar.
Segui. Mantendo a esperança e a atenção. Percorri um caminho solitário, feri meus pés nas pedras e nos espinhos.
Pouco a pouco me acostumei com a distância, já reconhecia os sons, e meus passos tornaram-se mais rápidos, confiantes, leves.
Quando já estava a uma considerável distância ouvi alguém dizer:
– Moça te chamam. Agradeci, e por um instante, olhei para trás, visualizei o caminho já percorrido, as lágrimas já derramadas a solidão sentida e o tempo que passou…
Não. Não pensei comigo… Não convém voltar agora. Sei de onde vim.
Se mais uma vez me deixar, terei de fazer todo o percurso outra vez.
Não. Não vale a pena voltar, eu já sei o que encontrarei lá…
Virei para frente e segui caminhando, ao som do meu nome sendo chamado a voz com a distância foi se tornando apenas mais um ruido que se misturou aos sons desconhecidos que povoam a noite…
16/04/2018-Ironi Jaeger
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