Por Geotagging codificado,
Dá-se agiotagem às milhas
Que determinar,
Por seu lado
Tornar — seu — o meridiano
Dos meliantes do passado,
Os mais maltrapilhos
Deste engano
De ignorância aflitiva,
Pois que festejam, todo um ano,
Com pandilha e comitiva,
Como um aviso de vespeiros,
Publicidade primitiva,
Até chegar outros janeiros
(E outra campanha altruísta):
Lançam mãos aos manuais certeiros
Da realidade imprevista.
E na precariedade,
Dois mundos
E imprecisões fora de vista,
Dialogam com os mais profundos
E ficam loucos com os menos.
Tristes, os pândegos Raimundos,
Que adormecem, pálidos, plenos
Das palavras em suas bocas
(Frouxas) de homens obscenos:
Vendem, por atacado,
Louças, espirais,
Caracóis de vento,
Tordesilhas de torpes poucas paisagens.
Nisso o pensamento
Nos contradiz e,
No entanto,
Nega o líquido em movimento
E
Resume ainda com espanto
A vida por idealismo
E,
Acima de nós,
Tanto,
Tanto
Doloroso demais o abismo
E as lágrimas, imóveis...
Vida,
Morte,
São um gnosticismo
Solene na voz comovida
E um problema maior — morte
(Vida é muito desconhecida),
Corta o mundo feito o mais forte
Diamante
E após diferente costura,
Desperdiça o corte
Muito meticulosamente
No vidro impecável do acaso
Do tempo
E quase não se sente
Um melhor dia como um caso
De hipersensibilidade,
Por tão menos perder o prazo,
Por tão menos não ter vontade
Do que dignifica ainda
Viver,
É única verdade
Que resista
Ou sofre, bem-vinda,
A vida como assustadora
Miragem,
Roda na berlinda
Infantil,
A lei redentora:
Tordesilhas de torpe outrora,
Tão menos quanto jamais fora,
Outrossim,
Solta mundo afora
Vive-se,
Não porque mais goste,
Desaba-se em pacto e demora
Como um marco,
Um limite,
Um poste,
Capitania hereditária,
Pelos litorais em que encoste
Ou barcos de guerra,
Na área
Marcada, a que leva a bandeira
De um reino,
Ou trégua necessária,
Cruzados ossos e caveira,
Desembarque de nossos dias
Mais difíceis e de maneira
Elegante entre zombarias,
Descuidado, o inferno desaba
Sob as ondas e as naus vazias.
Feito em pedras o mar se acaba
— Em cemitérios fatalistas:
Sangue nas plumas do emboaba,
Sangue nos dentes dos paulistas
— Estúpidos filhos e filhas,
Mortos sem glórias
Nem conquistas.
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