Um casal andava com passo largos em um caminho de pedra, as árvores cercavam esse local com uma folhagem muito densa, deixando aquele local escuro e sombrio para uma manhã em que o Sol brilhava forte.
— Essa próxima cidade é diferente Valeria, vamos encontrar exatamente o que necessitarmos lá sem sermos pegos. — O homem tinha um cabelo marrom e comprido, com duas franjas médias. Usava uma camisa manga longa azul-marinho de tecido simples e uma calça preta de um tecido leve.
— Você disse a mesma coisa da cidade anterior Luís! E agora estamos aqui, fugindo da guarda da cidade. — A mulher tinha cabelos castanhos e compridos, estavam amarrados em um coque. Suas roupas eram o de uma camponesa típica, vestidos brancos e longos com um colete amarronzado por cima.
— Está tudo bem Valeria, tenho um conhecido que trabalha de carpinteiro nesta cidade e ele diz que a guarda é fraca, pois a população não é muito ativa.
— Ele é um dos nosso? — Valeria diz isso olhando espantado para Luís, ela estava bastante incrédula com o que ouviu, Luís confirma fazendo um sim com a cabeça. — Como pode alguém da mesma raça que nós, ficar em uma cidade pequena se alimentando constantemente sem ser notado?
— Também não sei explicar, teremos que chegar lá para descobrir.
Valeria e Luís tiveram que caminhar bastante para chegar até a cidade, como não tinham cavalos e muito menos carroça, levaram o dia inteiro para conseguir pelo menos ver o município a distância. Isso era um problema sério pois eles precisavam chegar antes do sol se esconder entre a terra, mas seus corpos já estavam desgastados do tempo de caminhada.
— Vamos Valeria pare de ser fraca! Precisamos chegar logo até lá.
— Não dá mais Luís, me deixe aqui e siga seu caminho, sou mulher, então algum viajante pode passar e me ajudar. — Valeria estava sentada no chão, suas pernas e pés já não aguentavam a longa caminhada que fizeram.
— Mas até parece que vou te deixar aqui sozinha nessa floresta densa e escura, acreditando que algum viajante vai ter a alma bondosa o suficiente para lhe ajudar, sou seu marido, não farei isso com você! — Luís pega ela nos braços olha para ela e dá um sorriso, logo em seguida corre o mais rápido que suas pernas podiam aguentar, ele era um caçador extremamente treinado, estava acostumado a longas caminhadas e corridas atrás de animais.
Algum tempo se passou até eles conseguirem enxergar o portão da vila que estava bem iluminado com tochas dos dois lados, a cidade parecia bastante viva, tochas espalhadas por toda a cidade a iluminavam de uma maneira bela e as pessoas que estavam em bares ou nas ruas, se divertiam e conversavam com muita alegria. Valeria e Luís finalmente saíram da floresta densa e percebem que a lua cheia estava ainda mais bela naquele dia, ela brilhava com força nos olhos dos dois, um casal ainda apaixonado e que se entregavam um ao outro de corpo e alma, até mesmo quando não podiam se reconhecer.
— Nos atrasamos Valéria.
— Nos atrasamos Luís.
Os dois deram as mãos e nem mesmo conseguiram se olhar, caíram de joelhos e começaram a gemer com toda a dor que sentiam, a cor de seus olhos mudaram, suas escleras ficaram amareladas e suas pupilas dilataram após ficarem escuras. Seus corpos cresceram como se tivesse algo empurrando a pele e os músculos para fora, conforme as roupas iam se rasgando, pelos apareciam em seus corpos e suas mãos iam crescendo e tomando unhas afiadas o suficiente para rasgar e fatiar qualquer animal em centenas de pedaços. O nariz foi sendo empurrado para fora junto com sua boca formando um focinho, os dentes comuns iam sendo expulsos e vários dentes tão afiados e poderosos quanto os de um tubarão aparecem junto com uma enorme quantidade de baba devido a fome dos animais. Os dois estão de quatro e babando com uma fome e fúria muito acima de qualquer animal que habite a terra, eles dão um rugido poderoso, se olham, se reconhecem e correm, precisavam comer, seus estômagos e insaciáveis sede de sangue, precisavam ser corrigidas.
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