CRÔNICA
Os garis
Prof Antônio José
Estou a caminho para o trabalho e lá estão eles: os garis. Com seu uniforme esverdeado ou alaranjado, os homens da limpeza estão se preparando para mais um dia de labuta. Com um sorriso no rosto e conversas variadas, eles brincam um com o outro, enquanto o motorista liga o carro e bota o motor para esquentar.
O dia vai ser puxado, o sol já está saindo e o monte de lixo está na frente das casas a espera da coleta. Os depósitos de armazenamento são os mais variados, caixas de papelão, de isopô, baldes de plástico, sacolas diversas contendo tudo o que você imaginar! Tem gente que não separa nem o lixo orgânico do inogânico e vai tudo nas sacolas, algumas bem fechadas, mas outras totalmente abertas servindo de abrigo para moscas, sem falar que os cães de ruas adoram encontrar uma sacola entreaberta. Os animais fazem a festa e até o absorvente usado por aquela mocinha agora está exposto no meio da rua.
E lá vão eles, os heróis das ruas, pegam cada depósito e jogam naquele carro coletor, para aqui, para acolá e de vez enquando algo jogado no lixo que parece ainda ter alguma serventia. Mas se jogaram no lixo é porque não querem mais, então diz um deles:- Isso ainda presta e vou levar para casa. O que era? Uma pochete preta, isso mesmo, daquelas que você coloca na cintura e põe moedas e papéis diversos.
Numa das paradas, uma senhora fala com os garis e lhes oferecem um cafezinho coado na hora. Ah, que alegria, agora imagina se todas as pessoas recebessem os garis dessa maneira!E eles saem debaixo de um sol escaldante lembrando que a sua profissão é digna, mas o salário está muito aquém do merecido. Viva os garis de nossa cidade!
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