Você me olha com um certo desprezo e ao mesmo tempo, de um jeito profundo. Como se estivesse enxergando a minha alma. Pareço não me importar, mas no fundo, estou me sentindo uma pessoa completamente insegura e vulnerável. E é exatamente isso que você acaba de captar em meus olhos. Talvez, tentando desprezar as valiosas informações que acaba de colher, como em um impulso de pura sobrevivência, me despreza. Porque no fundo, você sabe o porque de tamanha insegurança da minha parte. O medo de te perder, se revela além do que consigo esconder e se sobressai à minha maneira fingida de sempre manter um ar de incrível despreocupação e sorriso forçado. As boas maneiras, que conservei desde menina, me impedem de ir além e lhe mostrar que esse sentimento belo e sincero, é carregado de um certo desespero, por te sentir distante, mesmo estando perto. A certeza cada vez maior que tenho, de que, você não sente o mesmo por mim, só aumenta o desejo de te ter por inteiro. Uns chamam de obsessão, outros de masoquismo, mas na verdade, é apenas minha alma, tentando encontrar um jeito de sentir, o que ela nunca sentiu ou sentirá novamente. E nessa tentativa desesperada de conservar um sentimento tão verdadeiro, se deixa levar pela esperança que parece nunca ter fim. Tudo isso, porém, tento esconder, mas é em vão. Aquela sua habilidade de enxergar a minha alma, derruba toda minha pose de moça orgulhosa e inatingível. Antes de ir, você me beija descontraindo toda aquela seriedade de seu rosto e diz para não levar a vida tão a sério, voltando para o caminho de onde veio.
Aline O. Ramos
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