Navegam por entre mais ondas que venham
Tornar esquecidos, os homens...
Despenham
Sem ter opção,
Como fossem só feixes
De galhos, não cedem,
São dentes de fechos-éclair apertados, tentando escapar.
Repetem lembranças amargas no olhar:
A vida se ausenta diante de algozes,
Tão perto da praia, os peixes ferozes —
Devoram os homens — à beira do mar.
Nos tormentos do mar conhecem bem menos que o mar, planejado;
Vagando em seus braços e ainda são tantos,
Seguindo os que seguem sereias e encantos,
Os olhos em prantos, sem ter o cuidado
Do engano e um tempo depois, tudo errado,
Canoas viraram, deixaram virar.
Só para sentir como nunca o luar
Morrendo de sonhos debaixo do mundo,
Por entre as águas, inferno profundo,
Pois são idiotas, não sabem nadar.
Nos tormentos do mar recém naufragados:
Batendo mais palmas,
Pediu mais moedas, moedas de ouro,
Moedas brilhantes, dos mortos, no agouro,
As mãos calejadas por mortes mais calmas,
Caronte,
Um barqueiro, que rouba das almas,
Palavras — e o mundo — só finge avançar.
Viver, desistir, muito menos voltar,
Sequer ir em frente ou viver muitos anos,
Fantasmas de peixes, fantasmas humanos,
No azul, sem cansar
Da arrogância do mar.
Nos tormentos do mar noturno, algum beijo,
Desejam roubar.
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