Essa flor de laranjeira apanhei pelo caminho,
que trouxe para no teu cabelo tu pores,
último ato de vida desta flor, o carinho
da natureza, que rescende a muito amores...
Esta pedra apanhei no meio do caminho,
pedra no meio do caminho meu e de Drummond,
estava ela só, estava eu, naquele momento, sozinho,
voava no vento o canto da passarada em doce som...
Porei de pé uma casa para que não fiquemos ao relento,
inventarei um relógio sem ponteiros e horas,
faremos renascer a eternidade nos braços do tempo,
pescaremos no rio e nos amaremos, felizes, sem demora...
Quando a aurora dos séculos surgir no delicado poente
a nos chamar a outros sonhos e vidas mui que distantes,
olharei em teus olhos e direi do meu amor delicadamente,
atravessaremos o portal do futuro e seremos brilhantes
raios de luz flutuando no espaço de energia constante,
amigos, amantes, tu, lua, eu, sol, vivos, a todo instante...
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