Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
As flores que roubei pra você
Darley Moreira

Sempre que ia te ver levava uma flor, saía de casa, passava pela rua de trás onde tinha uma casinha de portões de grade, ali morava Seu Alberto, um daqueles senhores sistemáticos, que sempre passava por mim no caminho da escola com dois pães em uma sacola à resmungar.
Ali pelo cair da seis, vestia a melhor roupa, passava o perfume, e estava pronto para cometer mais um ato perigoso. Seu Alberto fechava as portas cedo, eu mais que rapidamente, passava apresado, levava a mão por cima do portão e logo pegava a flor mais bonita pra te levar, para não correr o risco de repetir a cor, eu mantinha secretamente um rascunho com as cores das flores que levava.
Eu sinceramente, não sei onde errei, talvez tenha repetido alguma cor, lembro aquela noite em que você se desfez do meu amor, disse que não dava mais, nem para dentro me chamou, me deixou falando sozinho, o chuvisco cobria os telhados e eu sem pra onde ir, tive que voltar para casa. Fui na contramão à chorar de desgosto, a chuva me molhava e eu andando à contar os passos chorava enquanto a escuridão só era interrompida pelos raios que clareavam o céu; passei pela rua do Seu Alberto, ali debaixo daquele aguaceiro, me dependurei no portão e tentei colocar a flor de volta no seu lugar, não deu muito certo, em um desequilíbrio acabei por cair da grade, Seu Alberto alarmado por seu cãozinho acendeu rapidamente a luz de fora e mais do que rapidamente me levantei e me pus à correr.
Minha consciência me acusava, agora ele saberia quem era o ladrão que roubara suas flores esse tempo todo, e como quem rouba não fica com nada, eu perdi você para o acaso. Passei dois dias sem ir para escola, no primeiro inventei não ter aula, no segundo, dor de barriga, todos lá em casa já estavam desconfiados até que eu tomei coragem e fui. Lá vinha Seu Alberto, com os pães na sacola à resmungar, a minha sentença já havia sido determinada, sentia calafrios, cheguei a atravessar para o outro lado da rua; ele então passou, à resmungar como de costume, nada aconteceu, nada falou, estava tudo bem, exceto à aquela pobre flor e meu coração, tentei consertá los, mas depois de você eles nunca mais foram os mesmos.


Biografia:
Escritor meia boca nas horas vagas no Instagram @moreiradarley https://www.instagram.com/moreiradarley/
Número de vezes que este texto foi lido: 52817


Outros títulos do mesmo autor

Romance Hoje eu vim te agradecer Darley Moreira
Romance As flores que roubei pra você Darley Moreira


Publicações de número 1 até 2 de um total de 2.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
JASMIM - evandro baptista de araujo 68971 Visitas
ANOITECIMENTOS - Edmir Carvalho 57894 Visitas
Contraportada de la novela Obscuro sueño de Jesús - udonge 56713 Visitas
Camden: O Avivamento Que Mudou O Movimento Evangélico - Eliel dos santos silva 55790 Visitas
URBE - Darwin Ferraretto 55036 Visitas
Entrevista com Larissa Gomes – autora de Cidadolls - Caliel Alves dos Santos 54931 Visitas
Sobrenatural: A Vida de William Branham - Owen Jorgensen 54838 Visitas
Caçando demónios por aí - Caliel Alves dos Santos 54810 Visitas
ENCONTRO DE ALMAS GENTIS - Eliana da Silva 54720 Visitas
O TEMPO QUE MOVE A ALMA - Leonardo de Souza Dutra 54711 Visitas

Páginas: Próxima Última