O parto fora abordo de uma ambulância e Toninho cresceu aficionado por rodas. Aos três anos fazia estripulias em seu velotról. Aos doze, ninguém o pegava nas corridas de Bike. Muito menos bailavam como ele sobre duas rodas... " Manobras sensacionais!"
Para Toninho um limite sempre poderia ser rompido, não existiam barreiras para um rei, um campeão das rodas.
Aos dezoito o Sr. Alencar, seu pai, receou dar-lhe a tão sonhada moto de presente, mas a pressão foi tanta que acabou financiando com "as calças" a duzentas e cinquenta cilindradas do garoto:
"Olhe toninho! isso não é mais uma bicicleta... filho, a cada avanço na vida aumentam as responsabilidades!
Toninho assentia, nunca entrou em objeção com seu com seu pai. Como dizia: "sei levar o velho na boa... ele me ama!"
No entanto sua ânsia de quebrar todos os recordes, retumbavam em seu peito. mais do que o amor ou a cumplicidade familiar.
Depois do cinema, que assistiu forçado "Vanilla sky" filme de bicha! Deu uns amassos na Selly e foi para o pátio do velho convento. Lá estavam todas as maquinas da cidade, prontas para duelar "Um duelo de Titãs".
Os roncos dos motores das motocicletas eram uma sinfonia bizarra, mas aquela tribo capitava urros... como se cada maquina gritasse seu nome em diversas línguas.
"Tudo pronto!" E as mais surreais manobras começaram... Um som afônico crepitava num incógnito auto falante "Nossa uma R.L... Ele esticou cem metros na roda dianteira!!!"
A galera vibrava. " Caraca agora ele meteu um trezentos e sessenta graus? uawwww" A massa veio abaixo, o êxtase era latente e continuo.
"Melhor que baseado!!!!!" Gritou Tonhão, que num salto varou sete barris em chamas.
O publico eufórico ovacionou tal manobra e Toninho sentiu que sua fama estava sendo colocada em xeque naquela hora. Suado e confuso notou que a galera toda o espreitava, atônitos, como que esperando uma justa reação.
Toninho num lapso não titubeou acelerou sua maquina. Cem....cento e cinquenta...Duzentos e foi acelerando até "zerar o velocímetro". O vento em seu rosto lhe causava uma extrema sensação de prazer, quase um frenesi tão absoluto que o fez gritar "Melhor que mulher!"
Porem o salto falhou e Toninho caiu sobre o quinto barriu em chamas, que explodiu com tal colisão. E Toninho que viu a luz da vida sobre rodas, contemplou a face obscura da morte, também, sobre elas.
O corpo carbonizado apareceu no Jornal Nacional. Vazou no zap, no face. O Brasil todo pode ver os restos mortais de Toninho... ninguém poupou ninguém das grotescas imagens.
Seu Alencar se culpou pelo acontecido... e definha até hoje.
Sua Mãe ficou mais fria do que já era. uma efigie pétrea transcendental sobre uma cama sem lençóis. Ambos passaram a abominar qualquer mídia como fotos, videos e motos assim como qualquer programa de televisão.
A carreira e a historia de Toninho hoje não ecoa além das fronteiras da vila. Onde a maioria o intitula "O louco que desconhecia limites"
Para uns ele ainda é "O rei das rodas"
E para outros... meramente " Um enrustido, drogado sem causa!"
L.F
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