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Noctâmbulo
Aníbal Benévolo Bonorino



Gélida noite de um silêncio atroz,
Silêncio triste, tétrico, feroz -
Noite apavorante.
Na vastidão da abóboda infinita
Nenhum astro, nenhuma luz se agita,
Nada no distante.

Entre passos incertos e tardios,
Nestes caminhos, agora, tão vazios,
Lentamente sigo.
O frio da noite a carne me castiga.
A meu lado nenhuma sombra amiga,
Estou só comigo.

Com o desvairo de um vento louco
Vai-se o silêncio e volta pouco a pouco
Com sua tristeza.
Cai a geada em pulverizações
E desfalece sem ressureições -
Fúnebre beleza.

Em meio à densa nuvem da neblina,
A luz cansada de um farol de esquina
Fere a escuridão.
Na vidraça uma gota desliza
E na calçada, a gota o homem pisa,
A morte está no chão.

Eu vago triste povoando as trevas
E as sedas frias das noturnas névoas
Intensas me envolvem.
Na lentidão da minha caminhada
Procuro algo, em ânsia indisfarçada,
Algo que não vem.

O ébano da noite emudece a terra,
Tempestuosa nuvem pelo espaço erra...
Sonho e choro em vão.
Torna o vento, o silêncio vai morrendo,
Percorre a alma um calafrio horrendo,
Gela o coração.

Caminho, vacilando a cada passo,
Dentro da noite de glacial abraço.
Estamos sós os dois,
A gota argêntea rola e cai de bruços.
Sigo tristonho, pensando nos soluços
Que chorarei depois.

Como o boêmio que transita a esmo,
À procura de algo inexistente,
Escolho a noite para a busca de mim mesmo.

P. Alegre 01/1957


Este texto é administrado por: ANIBAL BENEVOLO BONORINO
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