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O Poço e o Muro
J. C. Philpot


Título original: The Well and the Wall, or the Fruitful Vine and the Abiding Bow

Por J. C. Philpot (1802-1869)

Traduzido, Adaptado e Editado por Silvio Dutra


"José é um ramo frutífero, ramo frutífero junto a um poço; seus raminhos se estendem sobre o muro. Os flecheiros lhe deram amargura, e o flecharam e perseguiram, mas o seu arco permaneceu firme, e os seus braços foram fortalecidos pelas mãos do Poderoso de Jacó, o Pastor, o Rochedo de Israel." (Gênesis 49: 22-24)

José era um TIPO eminente de duas coisas:
Primeiro de nosso Senhor, a quem ele normalmente representava em vários detalhes impressionantes. José foi odiado por seus irmãos, como nosso Senhor foi odiado por seus irmãos segundo a carne. José foi vendido por seus irmãos em cativeiro, como nosso bendito Senhor foi vendido nas mãos dos principais sacerdotes, por um preço de escravo. José foi lançado na prisão por uma acusação falsa, como nosso Senhor foi condenado à morte e lançado na prisão por falsas acusações por meio de testemunhas mentirosas. José foi levado da prisão sob o comando do rei, como nosso bendito Senhor foi ressuscitado dos mortos pelo poder de Deus. José foi nomeado governador de todo o Egito e todo poder foi entregue em suas mãos, assim como nosso gracioso Senhor administra agora todo poder no céu e na terra por ordem do Pai. Apesar de todas as suas transgressões contra ele, José amou seus irmãos, os sustentou secretamente, e no devido tempo manifestou-se a eles. Assim, o Senhor ama seus irmãos, apesar de terem pecado contra ele, cingindo-os e alimentando-os quando eles não sabem, e no devido tempo manifesta-se às suas almas. Como José foi confiado com a disposição de todos os bens no Egito e alimentou seus irmãos; assim nosso Senhor tem em sua soberana disposição todos os dons e graças do Espírito, e dá de sua plenitude a seus irmãos toda provisão necessária, como José lhes deu grão dos celeiros do Egito.
2. Mas José era também um tipo do crente. Ele próprio era um crente eminente. As graças do Espírito brilharam grandemente nele. Ele, portanto, se destaca na Escritura não apenas como um tipo do Senhor Jesus Cristo, mas como representante também de um santo eminente de Deus; e é neste ponto de vista que, com a ajuda e bênção do Senhor, eu o considerarei esta manhã. Espero que você compreenda claramente o meu significado, senão você mal poderá me seguir na minha delineação de seu caráter. Vejo-o então como um caráter representativo - em outras palavras, que a sua vida espiritual, tal como desenhada pela pena do Espírito Santo, representa a vida espiritual de um crente, com suas provações e bênçãos, tristezas e alegrias, sofrimentos do homem e apoio de Deus, juntamente com o exercício das graças do Espírito em toda a piedade vital e prática. Tomando o nosso texto, então, neste ponto de vista como descritivo do caráter de um crente, sob a forma representativa de José, vou mostrar,
Primeiro, a fecundidade de José com sua fonte e manutenção - "José é uma videira frutífera, uma videira frutífera junto a um poço, cujos ramos correm sobre a parede".
Em segundo lugar, o sofrimento de José com sua causa e consequência - "Os arqueiros têm severamente lhe entristecido, e atiraram nele, e o odiaram."
Em terceiro lugar, a força de José e seu Autor divino - "Mas seu arco permaneceu em força, e seus braços foram fortalecidos pelas mãos do poderoso Deus de Jacó".
I. A fecundidade de José com sua fonte e manutenção - "José é uma videira frutífera junto a um poço, cujos ramos correm sobre a parede". O grande traço distintivo de José, no qual, como personagem típico, ele representa o filho da graça, é retratado nas palavras: "José é uma videira frutífera"; pois isso nos leva imediatamente à figura notável da videira de nosso Senhor, e a distinção que ali faz tão vividamente entre os ramos infrutíferos e frutíferos. "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor, Ele corta todo ramo em mim que não dá fruto, enquanto todo ramo que dá fruto, ele poda para que fique ainda mais frutífero". (João 15: 1, 2). Nosso Senhor faz um contraste muito claro e evidente entre os ramos que nele estão pela profissão nominal e aqueles que nele estão por união vital. Do primeiro ele diz: "Ele corta todo ramo em mim que não dá fruto". E do segundo, "Todo ramo que dá fruto, ele poda para que seja ainda mais frutífero". É evidente, portanto, que o porte ou a ausência de fruto é a grande distinção entre o possuidor e o mero professante.
Ao cercarem o leito do patriarca moribundo, os irmãos de José poderiam ser representados pelos ramos que não dão fruto; mas José brilhou eminentemente entre eles como uma videira frutífera. De fato, não podemos ler a história de José desde a primeira menção feita a ele pelo Espírito Santo, como trazendo a seu pai, com preocupação fraternal, "o relato perverso dos filhos de Bilha e dos filhos de Zilpa" (Gên 37: 2) até ao seu leito moribundo, quando "jurou aos filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus vos visitará, e de lá levareis os meus ossos" (Gên 50:25) sem ver que santo eminente de Deus ele era. Nem, de fato, há algum crente cujas palavras e ações estão registradas nas Escrituras que brilham com menos manchas ou brilho mais brilhante. Vendo, pois, José como uma videira frutífera, vejamos como o cristão a quem representa dignamente tem essa designação.
A. Para ser realmente frutífero, ele deve ser fecundo de coração, lábio e vida. E primeiro com coração; porque é lá que o grande segredo se encontra. Essa é a verdadeira fonte de todos os frutos no lábio ou na vida. Vemos, no caso de José, quão fecundo ele era de coração; como nos primeiros dias, quando ele tinha apenas dezessete anos de idade, a graça de Deus tinha visitado a sua alma, e que ternura de consciência manifestou, porque ele não poderia conviver com o pecado de seus irmãos. Ele não podia saber que comunicar a triste notícia a seu pai traria sobre si seu ódio e perseguição; mas a sua alma se entristecia com as suas iniquidades; e se pelo aviso e pelo conselho de seu pai pudessem ser controlados, seria para seu bem-estar e seu próprio conforto. À medida que crescia, a graça de Deus se manifestava cada vez mais nele; porque o Senhor o separou de seus irmãos de maneira muito significativa, e deu uma revelação profética de sua futura exaltação pelos dois sonhos que ele relatou a eles na simplicidade de seu coração.
Mas, essa demonstração do favor peculiar do Senhor para com ele, e a indicação de que ele seria exaltado sobre eles, só atraíram sua inimizade; porque que o mais velho se curvaria a ele, o mais novo, isto inflamaria o orgulho deles de forma muito rápida. Eles não poderiam, de fato, ver que havia algo de profético nessas intimações; contudo, em vez de ficarem atônitos com a autoridade de Deus, apenas o ridicularizavam como "o sonhador"; conspiraram "contra ele para matá-lo", e embora fossem induzidos a poupar sua vida, ainda tentaram derrotar para sempre a profecia que eles temiam, e então o venderam como um escravo nas mãos dos midianitas. Mas, quando foi levado para o Egito, o temor de Deus ainda se manifestava cada vez mais no coração de José. Recusando-se a ceder às solicitações vis da mulher de Potifar, ele a transformou em inimiga; e caindo sob suas acusações falsas, foi lançado na prisão como um sofredor inocente, onde ele foi, sem dúvida, exposto a todas essas crueldades e dificuldades que, sabemos pela história, foram sempre o destino dos confinados naquelas prisões. E, de fato, lemos expressamente no livro dos Salmos: "Enviou um homem diante deles, José, que foi vendido por servo, cujos pés machucaram com grilhões, e foi posto em ferros". (Salmo 105: 17, 18). É muito expressivo na versão do livro de oração, que "o ferro entrou em sua alma".
Mesmo assim, a graça de Deus brilhou sobre ele e através dele. O Senhor deu-lhe favor aos olhos do guardião da prisão, deu sabedoria para interpretar os sonhos do mordomo-chefe e do padeiro-chefe, e sem dúvida muitas vezes o visitou em sua cela escura com os feixes de sua presença. Mas, que ocasião para a paciência e resignação à vontade de Deus; primeiro por ser lançado neste calabouço sombrio por uma acusação falsa, e depois por ser mantido por anos com pouca perspectiva de libertação.
Mas, chega a hora em que o Faraó tem aquele sonho para o qual nenhum intérprete pode ser encontrado entre todos os magos e todos os sábios do Egito, até que o mordomo-chefe chame a sua atenção para o jovem hebreu, servo do capitão da guarda, que interpretou para ele e seu companheiro prisioneiro os sonhos tão fatais para um, e tão próspero para o outro. Eu não preciso lembrar como José é trazido à tona em um momento de aviso e interpreta de uma só vez o sonho de Faraó; como a convicção da verdade da interpretação cai sobre a mente do monarca; como José é exaltado para ser cabeça sobre o Egito, e ainda mantém o espírito calmo que ele tinha mostrado na prisão; como quando seus irmãos vieram a ele, submissamente se curvando diante dele com seus rostos em terra, e cumprindo assim seu sonho, embora não o soubessem, em vez de retribuir seu tratamento duro, seu coração terno foi suavizado para eles, e por sábias razões, a princípio, ele se fez estranho e falou-lhes grosseiramente. Não preciso lembrá-lo das ternas perguntas que fez sobre eles em sua segunda visita, depois sobre seu pai, e falou do amor que devotava a seu irmão Benjamin. Quando chegou a hora de se dar a conhecer, como caiu sobre o pescoço de seu irmão Benjamim com muitas lágrimas, beijou todos os seus irmãos e chorou sobre eles, perdoando todos os seus pecados contra ele, falando-lhes palavras amáveis e prometendo-lhes apoio no Egito naquela época de fome, e que o melhor de toda a terra era deles.
Que exemplo de ser uma videira frutífera José manifestou. Quão fecundo no temor de Deus, na fé, no amor, em toda afeição graciosa e terna, que carregava em seu coração. Quão frutífero em palavras, pelas boas palavras que falou a seus irmãos, tudo isso fluía por amor e afeto. E quão fecundo no trabalho, pelas boas ações que adornavam sua vida e conversa, se era um escravo na casa de Potifar, um servo de servos na prisão, ou andando no segundo carro de Faraó como governador de toda a terra do Egito. Nós, é verdade, não somos colocados nas circunstâncias de José. Não temos nem a sua humilde sorte nem a sua elevada exaltação. Nós nunca fomos lançados na prisão, nem estamos propensos a governar um reino. Ainda assim, temos cada um a nossa esfera de ação, e podemos ter uma medida da graça de José sem seus grilhões de ferro ou sua corrente de ouro, sem seu calabouço ou sua dignidade. A grande questão é se somos uma videira frutífera, pois sobre isso depende o nosso estado e posição para o presente tempo e a eternidade.
B. Mas observemos agora a FONTE SECRETA da fecundidade de José; pois, como ele é um representante de um filho da graça, a fonte de sua fecundidade deve ser a nossa fonte. Ninguém pense que José produziu os frutos que o tornaram tão frutífero como uma videira por qualquer força inerente, ou sabedoria, ou bondade própria. Não havia nada nele, naturalmente, para separá-lo de seus irmãos, pois ele era como nós, por natureza, um filho da ira, assim como os outros. Tudo o que ele era espiritualmente, ele era pela graça de Deus, que lhe foi dada como um ato soberano do bom prazer de Deus. O Espírito Santo, portanto, leva-nos imediatamente à fonte secreta da fecundidade de José com as palavras: "José é uma videira frutífera, uma videira frutífera junto a um poço."
Naqueles climas ardentes, as árvores não podem crescer ou produzir frutos, exceto se plantadas perto de córregos de água. Encontramos, portanto, nas Escrituras a figura de uma árvore plantada junto às águas, sendo muitas vezes usada. Como por exemplo, Davi, descrevendo a bem-aventurança de um homem de Deus no primeiro Salmo, diz dele: "Ele será como uma árvore plantada junto aos rios de água, que produz o seu fruto no seu tempo". De modo semelhante, o profeta Jeremias, descrevendo a bem-aventurança do homem que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor, diz: "Ele será como uma árvore plantada junto às águas que não teme quando chega o calor, suas folhas são sempre verdes, não se preocupa em um ano de seca e nunca deixa de dar frutos." Este era o segredo da fecundidade de José, que foi plantado junto a um poço ou uma fonte, que jorrava sempre em rios vivos de água, de modo a manter o solo à sua volta macio e úmido. (Jeremias 17: 8).
Mas, o que esse "BEM" representa espiritualmente? As influências e operações do Espírito abençoado; para todos através da Escritura, a água é usada como típica dos dons e graças, operações e influências do Espírito Santo. Assim, nosso Senhor disse: "Todo aquele que crê em mim, como diz a Escritura, fluirão rios de água viva do seu interior." Por isso se referia ao Espírito, a quem os que nele cressem receberiam mais tarde. (João 7:38, 39). Assim falou também o profeta antigo: "Porque derramarei água sobre o sedento, e correntes sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre a tua descendência." (Isaías 44: 3). Assim como a água foi, por assim dizer, consagrada pela autoridade divina para ser um tipo permanente de dons e graças, ensinamentos e influências do Espírito Santo, não podemos errar grandemente ao interpretar dessa forma o poço junto ao qual José foi plantado.
E eu posso aqui observar que a palavra "videira" não significa tanto o ramo da árvore como a própria árvore; pois descobriremos que somos uma videira à qual José é comparado. A fecundidade de José, então, foi dada e mantida por sua proximidade a este poço, a respeito do qual nosso Senhor disse: "A água que eu lhe der será nele uma fonte de água que brota para a vida eterna." (João 4:14).
Mas, observe comigo que este poço estava escondido da vista, pois como a videira foi plantada junto a ele e suas raízes estavam necessariamente ocultas fora da vista, o poço também foi escondido do olho humano. Talvez você se lembre de que entre as bênçãos de José, com as quais Moisés, o homem de Deus o abençoou, não havia apenas "o orvalho" que caiu do céu, mas "o abismo que se escondia por baixo". Ou seja, os suprimentos de água que se escondiam ou se esconderam profundamente sob o solo, e por suas fontes secretas sempre mantendo-o úmido e frutífero. A fonte, então, da fecundidade de José estava escondida dos olhos dos homens, e só podia ser discernida pelo fruto que pendia da videira. Seus irmãos viram e odiaram. Potifar, seu senhor, até se voltar contra ele, viu e aprovou, pois descobriu que "o Senhor estava com ele, e fez tudo o que fez para prosperar na sua mão". O próprio carcereiro da prisão, provavelmente naturalmente algum infeliz desumano, não podia deixar de vê-lo; e porque o Senhor estava com ele, José tinha graça diante dele. Faraó e todos os seus servos não podiam deixar de vê-lo, embora não conhecessem o Deus de José, pois todos se alegraram com ele quando se ouviu a fama na casa de Faraó que os irmãos de José vieram. Mas, nenhum deles conhecia a fonte daquela fecundidade com que se adornava como uma videira carregada de frutos ricos e maduros.
Assim também é agora com cada filho da graça. A fonte secreta de sua fecundidade está escondida dos olhos dos homens - eles só podem ver suas boas obras e glorificar seu Pai que está nos céus. Mas, as fontes secretas de graça que estão fluindo continuamente em sua alma para guardar sua fé, sua esperança, seu amor, em uma palavra, toda sua religião viva em seu seio está escondida de toda a observação humana. Tenha em mente que sua religião, se é o dom e obra de Deus, terá e deve ter uma raiz para ela. Jó, em meio a toda sua confusão, ainda podia dizer de si mesmo com toda a santidade de confiança: "A raiz da matéria é encontrada em mim". Ele sabia que "a questão", o importante assunto da vida espiritual e eterna estava profundamente enraizado em seu coração. Mas, seja qual for a raiz que nossa religião possa ter, tudo morrerá na raiz, tronco e ramo, folha e fruto, se não estiver plantada junto ao poço.
Duas coisas são então necessárias para fazer-nos árvores frutíferas; primeiro a raiz e depois o poço. E você sempre verá que as raízes de sua religião devem mergulhar no poço para extrair água dele. Jeremias, portanto, como antes citado, descreve o homem piedoso "como uma árvore plantada junto às águas, e que estende suas raízes junto ao rio." Você sabe como uma árvore vai espalhar suas raízes em um solo adequado. À medida que o rio flui, a árvore plantada junto às águas espalha as suas raízes ao longo da margem do rio, como se deleitasse na umidade da correnteza enquanto continuamente banha suas radículas. Assim também, sua fé, esperança e amor, e toda graça do Espírito em seu coração mergulha suas raízes no poço e é alimentado e sustentado pela umidade que sempre vem dele, e recebe fecundidade em cada poro. Corte aquele suprimento, e a raiz seca, a haste se inclinar, os galhos ficam fracos, as folhas caem, as flores não surgem e assim não haveria nenhum fruto na videira. Mas, enquanto essa fonte de fecundidade permanece; enquanto o poço continuar cheio de água e as raízes mergulharem nele e extraírem a umidade espiritual dele, tão longamente será a videira frutífera.
Sua religião, se é para suportar a seca ardente da tentação; sua religião, se não é para enfraquecer e morrer; se sua folha for verde, se a seiva fluir no caule, se o fruto deve adornar os ramos, só pode ser assim sustentado e mantido ao mergulhar continuamente suas raízes no poço; pois o Espírito Santo não é apenas o doador, mas o mantenedor de toda a vida na alma. Embora não possamos realmente ver ou entender como o Espírito mantém a vida de Deus em nós, contudo sabemos que ele o faz por duas coisas distintas - primeiro, pelo enfraquecimento de toda graça no coração quando ele retira sua operação graciosa, pois quando ele vai toda a nossa religião parece ir com ele; e, por outro, pelas renovações e avivamentos que são sempre produzidos pelo retorno de sua presença e poder. Nosso Senhor, portanto, disse: "Aquele que permanece em mim e eu nele (o que só podemos fazer pelo poder e influência do Espírito), este produz muito fruto, pois sem mim nada podes fazer".
C. Mas, o Espírito Santo trouxe diante de nós outro traço marcante em José, como um crente representativo, pelo qual ele se distinguiu entre os seus irmãos como uma videira frutífera - "cujos ramos CRESCEM SOBRE A PAREDE". Eu já indiquei que a videira é a árvore frutífera à qual José é aqui comparado. Como então "o poço" representa o Espírito Santo com suas influências secretas e operações divinas sobre a alma, então a "PAREDE" representa o Senhor Jesus Cristo. Mas, talvez você me pergunte por quê? Você não vê que este muro é necessário para sustentar a videira, para levantá-la, por assim dizer, de fora do chão, pois Jesus é o único apoio da alma crente! A videira é naturalmente uma planta de arrasto; não possui um tronco autossustentador que, como o carvalho ou o cedro, possa subir de si mesmo para o ar. Precisa de apoio contínuo desde o seu mais antigo crescimento.
Assim é com a alma recém-nascida - ela precisa de apoio desde o seu nascimento mais precoce, ou de outra forma se arrasta no pó, onde pode ser pisada, machucada, esmagada, e sua própria vida destruída pelas bestas selvagens. Mas, há uma parede construída de propósito, contra a qual o tenro broto pode ser apoiado. Agora, no momento em que esta criança começa a crescer descobre que há uma parede, um suporte sobre o qual ela pode se inclinar, e a essa parede ela instintivamente se agarra com todo o ardor e tenacidade de sua vida jovem, mas vigorosa. Mas se você assistir ao ramo que assim cresce, você verá anexado a ele o que são chamados de ganchos. Eles estendem-se aqui e ali, como se estivessem procurando algum apoio sobre o qual se fixarem; e no momento em que a encontram, se agarram a ele. Assim é com o filho de Deus. Ele está em si mesmo tão fraco como o tenro broto; sua tendência é ficar no pó, não porque ele ame o chão, porque ama a parede; mas ele não pode mais ajudar a si mesmo nem se levantar do que a mulher que foi curvada juntamente com um espírito de enfermidade por dezoito anos. (Lucas 13:11).
Mas, assim que ele encontra algum apoio por qualquer descoberta ou manifestação de Cristo à sua alma como o Filho de Deus, então a esse apoio ele se aferra com toda a tenacidade com que um homem afogado se agarra ao ramo de uma árvore que paira sobre o rio. Quão adequado é o muro para levantá-lo evitando que rasteje no chão, ou ser pisado na lama pelo pecado e Satanás!
Mas, você observará que é dito de José que seus ramos correm sobre a parede. Tendo encontrado um apoio tão apropriado, os ramos da videira se espalham por toda parte. E como o poço e o muro vão juntos e se combinam para fazer de José uma videira frutífera, assim suas raízes e seus ramos se espalham em proporção igual.
Os jardineiros sabem bem o que é chamado de "ação da raiz", e que é o segredo da fecundidade da videira, pois qualquer defeito que exista na raiz se manifesta no fruto. Mas, quando a fonte alimenta as raízes, e o muro sustenta os ramos, então o fruto adorna a videira. Mas, você também observará que pelo suporte desta parede a videira fica mais exposta aos raios solares. A videira é um nativo de um clima ensolarado. Crescerá em nosso clima nublado, mas não amadurecerá nenhum fruto à perfeição.
Mas, observe também que quanto mais o muro se estender, mais a videira se espalhará; por sua própria natureza buscará a extensão. De todas as árvores frutíferas é a que chegará mais longe, e creio que o seu melhor fruto está na sua parte mais distante. Eu vi uma videira em Kent que se espalhou sobre doze casas, e eu vi outra em Surrey que encheu completamente uma estufa muito grande, e da qual foi dito que produzia cada ano uma tonelada de uvas as mais finas possíveis. Que outra árvore você pode encontrar para se espalhar tão amplamente em todas as direções, ou carregado com uma colheita tão prodigiosa?
A videira, portanto, bem representa um cristão, não só em sua fraqueza, mas em sua fecundidade, e a forma como essa fecundidade é comunicada e mantida. Quando uma videira é completamente saudável, os ramos correm sobre a parede como se eles se deleitassem no apoio que assim lhes foi proporcionado, e eles procuram especialmente o que eu posso chamar de lado ensolarado da parede; porque a parede tem dois lados, um sombrio e um ensolarado, um norte e um sul. Os ramos então "correm sobre a parede" para chegar tão longe quanto possível no lado ensolarado; e apenas na proporção em que eles se aquecem no sol quente as raízes extraem mais e mais umidade e seiva do poço. Assim, o Senhor Jesus Cristo dá um sólido apoio a toda alma crente que repousa sobre ele para a vida e a salvação, seja no lado sombrio ou ensolarado de seu rosto, pois embora um possa estar mais confortável, o outro não é menos seguro.
Como, então, esse apoio é sensivelmente sentido, a alma crente se liga cada vez mais estreitamente com ele pelos tentáculos da fé que se apoderam de sua Pessoa e obra; e seu deleite sempre renovado é apoiar-se em toda sua fraqueza sobre ele como o Filho de Deus, especialmente quando ele brilha sobre ele; como a videira deleita-se em espalhar-se sobre a parede para aproveitar cada feixe do sol e dar a verdura à folha, vigor ao ramo, e amadurecimento ao fruto.
Agora devemos pensar que a visão desta videira frutífera, atrairia admiração universal. Faria isso na natureza. Uma videira carregada de frutos e espalhando de todos os lados os seus cachos de uvas ricos seria naturalmente um objeto de admiração geral.
Mas, não é assim na graça. Como exemplo, a graça que brilhava tão claramente em José atraiu a admiração de seus irmãos? Eles gostaram de seu "casaco de muitas cores", ou quando viram que seu pai "o amava mais do que todos os seus irmãos?" Eles estavam satisfeitos com seus sonhos? Será que a graça de Deus assim manifestamente concedida a ele suscitou em seus corações o desejo de serem eles mesmos participantes da mesma graça distintiva? Nós achamos que não. Pelo contrário, lemos que "eles o odiavam e não podiam falar pacificamente com ele". É verdade que "eles o invejavam"; mas esse sentimento só mais moveu sua raiva, e provocou a inimizade de sua mente carnal, de modo que eles realmente conspiraram para matá-lo, embora eles sabiam que iria derrubar os cabelos grisalhos de seu pai em tristeza ao túmulo; e só foram dissuadidos de sua crueldade assassina pelas súplicas de Rubem. Embora assim verificado pela providência de Deus de seu crime pretendido de assassinato, eles o venderam por escravo aos midianitas, e assim conseguiram, como eles pensavam terem-no colocado para sempre, fora do caminho.
Como era então, assim é agora. O mundo não pode amar os filhos de Deus; pode ver, mas não pode admirar sua fecundidade cristã; pode reconhecer que eles ofuscam, mas ainda odeia o que não pode negar. Não precisamos nos admirar de tudo isso, pois o próprio Deus nos explicou a razão. A inimizade foi colocada entre as duas sementes; e que essa inimizade existirá até o fim de todas as coisas. Chegamos, portanto, agora, por uma transição simples e fácil, para o segundo ramo do nosso texto, isto é,
II. O sofrimento de José, com sua causa e consequência. "Os arqueiros severamente o afligiram, e atiraram nele, e o odiaram."
Duas coisas são ditas dos arqueiros, e uma de José. Dos arqueiros que "o odiaram", e "atiraram nele"; de José, que ele foi, portanto, "severamente entristecido". Examinaremos esses pontos em sua conexão.
A. Primeiro, "os arqueiros o odiaram". A figura, você vê, é alterada. O Espírito Santo não se amarra para seguir sempre com uma figura, mas muda para outra, se for mais adequada para transmitir a verdade divina. O patriarca moribundo, portanto, derruba a figura da videira, e fala de José como um homem, e como um atingido por arqueiros. Ele também claramente insinua a razão pela qual os arqueiros atiraram em José. Foi porque o odiaram.
A causa de seu ódio era dupla: primeiro, o favor de Deus se manifestava a ele; e, em segundo lugar, por ver a fecundidade que brotou do mergulho de suas raízes no poço, e espalhando seus ramos tão luxuriantes sobre a parede. Suas boas obras reprovavam as suas más. Sua piedade, retidão e consistência geral silenciosamente ainda repreendiam severamente sua impiedade. Assim é, assim deve ser sempre onde a vida e o poder da piedade se manifestam; porque "todos os que viverem em Cristo Jesus com piedade" - (não todos os que falam piedosamente, mas todos os que vivem de modo piedoso, em comunhão com Jesus) - "sofrerão perseguição".
B. Mas quem são esses arqueiros? No caso de José, eles eram principalmente seus próprios irmãos, o que o fazia sentir afligido tão intensamente. Quando foi vendido para ser escravo e arrancado de sua terra natal e da casa de seu pai, quando foi lançado na prisão, para sofrer toda a dor e ignomínia da prisão, como deve ter refletido: "São meus irmãos, meus irmãos segundo a carne, que me trouxeram aqui". Veremos por que isso tem a ver com a experiência cristã mais adiante
Os olhos indecentes da patroa de José, os olhos irritados de seu mestre, os olhos carrancudos de seu carcereiro não o feriam como os olhos assassinos de seus próprios irmãos.
Se, então, somos como José, videiras frutíferas; se a nossa fé não está na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus; se for dado e mantido pelas operações secretas do Espírito e, como consequência, fizermos de Cristo o nosso todo, certamente encontraremos arqueiros de diferentes tipos e de vários quadrantes atirando contra nós.
1. Alguns desses arqueiros serão do MUNDO, pois os homens mundanos nunca podem amar os filhos de Deus; e com a oportunidade eles manifestarão sua inimizade disparando algumas das flechas com que José foi atacado. A lei da terra tem muito amarrado as mãos dos homens, e quebrado, nós confiamos, para sempre, aquele arco de violência com o qual uma vez atiraram nos santos de Deus, quando derramaram o seu sangue, encerraram-nos nas prisões ou levaram seus bens. Mas, mesmo agora, como Davi diz: "Línguas afiadas são as espadas que eles usam, palavras amargas são as flechas que eles apontam. Eles disparam de emboscada contra o inocente, atacando de repente e sem medo." (Salmo 64: 3, 4). Quantas vezes é a língua do ímpio "como uma flecha disparada!" (Jeremias 9: 8). Quantas vezes as flechas da calúnia ao filho da graça, pela qual os homens buscam ferir sua reputação e prejudicar seu caráter; ou onde eles não podem assim ter sucesso, como eles vão apontar para ele as flechas da zombaria e do desprezo!
2. Mas, o mundo não é o único arqueiro que odeia e atira no José espiritual. PROFESSANTES DE RELIGIÃO, desprovidos da salvação - não são esses arqueiros também, e bons atiradores - aptos a ganhar um prêmio de primeira classe em um combate de tiro?
Ó como eles odeiam ver a graça de Deus eminentemente brilhar; como a imagem de Cristo no coração de um crente atormenta e condena. Sua separação do mundo e sua condenação prática, com todas as suas tolices e vaidades mentirosas; seu temor piedoso, que não permitirá que ele tenha parceria com o mal; o seu fazer de Cristo ser tudo em todos para a salvação, e a obra do Espírito Santo sobre o seu coração para a santificação; seu sincero desejo de glorificar a Deus em corpo e alma; as doutrinas pelas quais ele defende; a experiência do favor e misericórdia de Deus que ele desfruta; a consistência prática que ele manifesta; todos movem a inimizade da geração professante contra ele - pois a sua verdade condena os seus erros; seu conhecimento do poder vivo condena sua morte na forma; e sua obediência ao preceito condena sua prática de desprezo dele. Como, então, sua inimizade é agitada, eles atiram suas flechas para ele secreta ou abertamente para aliviar as suas mentes atormentadas e se agradarem por lhe causar dor.
3. Nem são os únicos arqueiros que fazem sofrer severamente o José espiritual. Mesmo os filhos de Deus, por vezes, podem carregar seus arcos e flechas; e as feridas que infligem são tão profundas e enervantes que raramente são completamente curadas. De todas as flechas, exceto uma que eu mencionei agora, aquelas são as mais agudas que são disparadas pela mão de um irmão. Não é cruel, quando atrás de nossas costas, o arco é mantido por alguém da mesma fé que nós mesmos, e vem aos nossos ouvidos que um amigo, pelo menos na profissão, ou mesmo um ministro que prega as mesmas verdades que nós mesmos, tem atirado setas em segredo contra nós para prejudicar a nossa reputação, ou prejudicar a nossa utilidade? Às vezes, essas flechas vêm voando em forma de panfletos. Creio que tive mais de trinta, embora nunca os tenha contado e nunca me tenha importado em lê-los, escrito contra mim por um amigo ou inimigo. Mas, por misericórdia, nenhum ainda conseguiu quebrar meu arco ou arrancá-lo de minha mão.
4. Mas, de todas as flechas, aquelas que perfuram o mais profundo somos NÓS MESMOS. Há uma história bonita em um autor antigo, de uma águia mortalmente golpeada por um arqueiro no peito, e, como ela se deitou sobre a planície em agonia morrendo, ela reconheceu a pena sobre a seta como tendo sido tirada de sua própria asa. Um poeta moderno tem versificado o conto, mas vou apenas citar três ou quatro de suas linhas, apenas para apresentara minha:
"Grandes foram suas dores, mas a mais aguda e longe de ser sentida
Ela possuiu na pena que impulsionava o aço.
Enquanto a mesma plumagem que tinha aquecido seu ninho
Bebeu a última gota de vida de seu peito sangrando.”
Você não foi essa águia? Você nunca emplumou uma flecha do seu próprio seio? E ao reconhecer a sua própria pena no poço, a tristeza e o remorso não penetraram a sua alma íntima, de modo que você devia ter dado força, rapidez e correção àquela flecha que agora está tremendo no seu seio ou que fez nele uma ferida que o próprio tempo dificilmente curará?
5. SATANÁS, também, é um arqueiro cruel, e suas flechas são lançadas com fogo, pois de fato são, como as Escrituras as chamam, "dardos ardentes" quando disparados na alma por este mestre arqueiro. Que uso cruel ele pode fazer de nossos deslizamentos e quedas para encher a mente quase com desespero. Como ele pode apontar para a pena! "Você não comprou isso para si mesmo?" Quão sutis são seus ardis; quão terríveis são suas insinuações blasfemas; como eles penetram profundamente - quão severamente eles ferem!
Estas flechas, então, e outras que eu não posso agora mencionar, severamente afligem o José espiritual; e esta é de fato a intenção dos arqueiros. Suas flechas, como veremos em seguida, não provam sua morte ou ruína, mas infelizmente feriram seu espírito, afligiram sua mente e entristeceram sua alma. Estes arqueiros já estiveram atirando em você? Mas, talvez você não tenha fecundidade suficiente para inspirar o lançamento de uma flecha. Você pode ser muito parecido com o mundo para ele atirar em você. Pode não ver nenhuma diferença entre você e ele mesmo, e, portanto, pode pensar que não vale a pena um disparo, ou não de valor suficiente para se gloriar; porque quem desperdiça pólvora em corvos ou gaivotas? Ou os professantes de religião viram em vocês a suficiente graça discriminadora de Deus, da separação do mundo, dos frutos da piedade ou da imagem de Cristo em conformidade interna ou externa com sua semelhança para levá-los a atirar suas flechas em você? Mas, se o fizerem, talvez lhes tenham dado, ou mesmo ao próprio mundo, boas ocasiões por sua conduta incoerente, por quedas das quais vocês foram abertamente culpados, por suas palavras ociosas ou por suas piores e desprezíveis obras. Você não tem dado ocasião à seta que agora fere a sua consciência? Eu faço estas perguntas com toda a solenidade. A consciência, se está viva no temor de Deus, fornecerá a melhor resposta para elas.
Mas, essas flechas, pelo menos no caso de José, foram bem-sucedidas? Eles afligiram severamente o homem de Deus; e até agora a malícia dos arqueiros foi gratificada. As lágrimas de José eram um doce bocado para seus invejosos irmãos; e tiveram o prazer de afligir seu espírito.
III. Somos assim levados ao nosso terceiro ponto - a FORÇA de José, e seu Autor divino. Havia um suprimento secreto de força e apoio dado a José que os arqueiros não conheciam; e por esta ajuda invisível suas flechas, embora eles o tivessem afligido severamente, realmente ficaram aquém de trabalhar o prejuízo projetado por eles. "Mas seu arco permaneceu em força, e os braços de sua mão foram fortalecidos pelas mãos do poderoso Deus de Jacó".
A. José, você vê, carregando um arco assim como os arqueiros; de um material e de um fabricante diferentes, mas muito mais potente, como feito no céu, e posto em sua mão pelo poderoso Deus de Jacó.
Ora, o principal objetivo dos arqueiros era tirar-lhe o arco das mãos, ou impedi-lo de usá-lo; pois não podiam deixar de ver que seu arco tinha grande força nele, e que suas flechas voavam rápido. A conduta divina de José era uma flecha na consciência de seus irmãos, pois ela, ao condenar sua impiedade, irritava sua mente carnal. Seus sonhos e o favor que Deus manifestamente lhe mostrava eram flechas afiadas contra seu orgulho e presunção, pois não podiam deixar de ver que era o Senhor Deus de seu pai que lhe tinha dado um arco de aço, e que eles deveriam se prostrar diante dele, ou ele diante deles.
A piedade de José e a recusa em ouvir suas solicitações baixas eram todas flechas na consciência da esposa de Potifar, transformando seus desejos impuros em ódio mortal. Assim, como representando o filho de Deus, o José espiritual leva um arco, bem como os arqueiros; e é porque as flechas que ele envia de seus lábios e de sua vida fazem tal ferimento, que os arqueiros estão tão enfurecidos contra ele. Se um ministro, por exemplo, se levanta corajosamente em nome de Deus, e segurando firmemente o arco que o Senhor, o Espírito, colocou em sua mão, atira as flechas da verdade, as palavras de advertência, de repreensão, de denúncia da ira de Deus contra os transgressores, que caem de seus lábios, são todas flechas que voam para fora na congregação, e ferindo, pode ser, muitos corações e caem em muitas consciências das quais eles não estejam cientes de sua condição ruim. Ele está cumprindo assim a palavra, "As tuas flechas são agudas no coração dos inimigos do rei; os povos caem debaixo de ti." (Salmo 45: 5).
Mas, se o povo não cair sob a influência da verdade e submeter-se ao Senhor como súditos conquistados, tornando-se dispostos no dia do seu poder, estas flechas só despertam a ira e a rebelião de sua mente carnal; e esta é a causa secreta de toda essa inimizade e malícia que professantes mundanos sempre manifestam contra um servo fiel de Deus.
"Mas seu arco permanece em força." Deus colocou um arco em sua mão e flechas em sua aljava, fornecendo-lhe um conhecimento espiritual, experimental de sua própria verdade, e com vida, luz e poder. Se, então, ele empunha seu arco na força de Deus e atira as flechas que colocou em sua aljava, deve deixar o evento com o Senhor, seja um aroma de vida para vida ou um cheiro de morte para a morte. Quando José estava na prisão, ele ainda tinha o seu arco; ele não o deixou para trás no palácio de Potifar. Nem foi tirado dele, nem por seus irmãos, quando eles o despojaram de seu casaco de muitas cores, ou pelo carcereiro quando ele colocou sobre ele as roupas da prisão.
Mas, qual era o arco de José? O arco da fé e a flecha da oração. Ele podia crer no Deus de seu pai na masmorra, assim como na casa de seu mestre; ele podia orar na prisão humilde, como ou melhor do que quando estava ocupado em rejeitar a mulher de Potifar. Oh! Quantos suspiros e orações ele colocaria em sua cela de prisão, e como ele estaria encorajado por cada nova manifestação do favor de Deus para segurar fortemente seu arco e apontar corretamente suas flechas. "Seu arco, portanto, resistiu em força." Mas onde teria estado seu arco, se ele tivesse dado lugar ao mal? É pecado e nada além de pecado que tira o arco de um crente de sua mão. Você não tem arco? Você não tem flecha? Porque, como eu disse, a fé é o arco, e a oração a flecha. Onde, então, suas flechas serão direcionadas? Você vai ter as flechas da malícia e da calúnia, ou do desprezo disparadas contra você por um mundo ímpio, e as colocará em seu arco para atirar de volta? As flechas não se encaixarão no seu arco. Esse não é o caminho, então, que Deus ensina seu povo a usar o arco da fé e a flecha da oração. As flechas que atiram são para o trono do Altíssimo. Os clamores, suspiros, petições, orações e súplicas que o Espírito Santo coloca em sua aljava e que coloca sobre o arco da fé, são todas flechas dirigidas para o trono. Eles têm que atirar alto, pois suas flechas são direcionadas para o céu e seu objetivo é que cada flecha alcance o trono eterno e deixe uma marca, por assim dizer, no alvo do céu. O seu arco, então, não é como o dos seus inimigos, o arco da incredulidade, malícia e inimizade; nem as suas flechas são envenenadas com venenos mortais, dirigidos contra o caráter ou a pessoa, sempre procurando danificar ou destruir; mas celestial é o seu arco, "o dom de Deus", porque tal é a fé; e de grande alcance são as suas flechas, porque elas são atiradas para o próprio portão do céu o qual elas perfuram, quando suas orações entram nos ouvidos do Senhor Todo-Poderoso.
B. Mas, como é que o seu arco, portanto, permanece em força? Por que as feridas cruéis que recebem de seus inimigos inveterados fazem suas mãos e seu arco caírem? O velho patriarca dá a razão: "Seus braços foram fortalecidos pelas mãos do poderoso Deus de Jacó". Muito está contido nestas palavras, se eu tivesse tempo para entrar nelas. Temos uma impressionante ilustração de seu significado naquela notável passagem no segundo livro dos Reis, onde lemos sobre Eliseu colocando as mãos sobre as mãos do rei de Israel, e pedindo-lhe para lançar flechas. (II Reis 12: 15-17). Quando, então, o rei Joás atirou, não foram realmente suas mãos que usaram o arco, mas as mãos do profeta que foram colocadas sobre as suas. Assim, no nosso texto, os braços de José foram fortalecidos pelas mãos do poderoso Deus de Jacó que foram colocadas neles.
Observe a expressão "seus braços", isto é, os músculos de seus braços, pois é a força do músculo no braço que dá força à mão. Um braço fraco e flácido deve fazer uma mão fraca. A primeira coisa, então, foi colocar força divina nos braços de José para empunhar o arco vigorosamente, e enviar a flecha o suficiente para chegar à porta do céu. Vocês não sabem que suas orações não podem alcançar o trono da graça, a menos que o próprio Espírito Santo ajude suas fraquezas e interceda por você e em você, com gemidos que não podem ser proferidos? Dessa maneira, então, o próprio Deus de Jacó colocou as mãos sobre as mãos de José e, na verdade, empunhou o arco para ele; porque embora José tivesse o arco, era o Senhor que o dobrava tão firme e tão forte.
Duas coisas são necessárias para um arqueiro-força do braço e correção de olho. Você pode perder o alvo por deficiência de força, ou incorreção de objetivo. O Deus de Jacó, que ensina as mãos para a guerra e os dedos para lutar, dá força ao braço, e dá direção ao olhar. Quão infalível deve essa flecha voar quando o próprio Senhor define o trajeto. Aponte alto! Ajuste suas afeições nas coisas acima. Eleve o seu coração ao trono de Deus, e nunca cesse de apontar o seu arco, desde que tenha uma flecha na aljava.
Nem este arco está confinado a cristãos privados. Os servos de Deus, como eu disse, levam um arco - e abençoado é aquele arqueiro cujos braços são fortalecidos pelas mãos do poderoso Deus de Jacó. Quando, então, mantemos nosso arco à vista de todos, e disparamos nossas flechas da verdade entre nossa congregação, apontando para as consciências dos homens, não somos nós que definimos o trajeto da flecha, e se alguma perfurará através das juntas da armadura. Não temos força própria para empunhar o arco, nem sabedoria própria para dirigir a flecha. Mas o poderoso Deus de Jacó põe as mãos sobre as nossas mãos, ele mesmo usando o arco e ele mesmo enchendo o poço. Se, então, somos sempre favoráveis no uso do arco com um braço vigoroso e atirarmos a flecha, de modo a alcançar a consciência de qualquer homem, e deixamos uma ferida ali que ninguém senão o próprio Senhor pode curar, não é nossa própria força, nem nossa própria habilidade, que dá à Palavra da verdade uma entrada salvadora no coração.
Você também, embora não seja chamado, como servo de Deus, para carregar o "arco ministerial", ainda tem seu próprio arco privado que você é convidado a fazer uso diário. E você não acha que às vezes há um poder secreto colocado adiante em sua alma pelo qual você está capacitado para usá-lo corretamente? Você não acha que o Senhor, o Espírito, às vezes ensina como orar e para que orar? Quando, então, intercede em seu seio com fervorosos clamores e súplicas, é ele e não vocês que envergam o arco da fé, e apontam a flecha da oração. Você não se encontra às vezes fortalecido com força em sua alma para orar e chorar e buscar o rosto do Senhor com um fervor e uma seriedade, uma ousadia e uma liberdade surpreendente para si mesmo; e, nessas ocasiões, a fé não parece suscitada em seu coração com uma doce certeza de que suas orações entram nos ouvidos do Senhor Todo-Poderoso? Isso é porque o poderoso Deus de Jacó nestas ocasiões fortalece os braços para envergar o arco, assim como ele fortaleceu os braços do próprio Jacó para lutar com o anjo durante toda a noite junto ao ribeiro Jabor.
Vocês também não sentem, de uma maneira especial, que a fé é ressuscitada em sua alma para crer na Pessoa e obra do Filho de Deus; para tê-lo para si mesmo como toda a sua salvação e todo o seu desejo, e assim perceber a influência doce e poder de seu sangue e amor? Em tais momentos favorecidos não é tanto você que crê como o Espírito de Deus crendo em você. Quão forte é a fé e a esperança, quando as mãos do poderoso Deus de Jacó estão fortalecendo os braços de nossa fé e nos permitindo crer na salvação de nossa alma! E você também não descobre que quanto mais os arqueiros atiram em você e o afligem, melhor você pode usar seu arco e mais ele permanece em força?
Ó, como o Senhor derrota, como ele fez tão maravilhosamente no caso de José, toda a malícia dos arqueiros! Como ele faz com que todas as coisas cooperem para o bem daqueles que o amam; e que confirmação é para a nossa fé, que quando o mundo, ou professantes ímpios, ou mesmo os próprios filhos de Deus, ou o grande inimigo de nossas almas, nos atira com sua artilharia infernal - encontramos às vezes, para a surpresa de nossa alma, que nosso arco permanece em força; que há um poder secreto comunicado que não podemos descrever, mas sensivelmente sentir, de modo que o arco da fé e da oração não seja arrancado de nossa mão. É uma misericórdia indescritível quando o Senhor fortalece a fé de modo a permitir-nos encontrar acesso a si mesmo - poder de crer e receber o Senhor Jesus Cristo em nosso próprio coração - poder para se submeter aos seus interesses, por mais misteriosos que sejam, em graça - e poder para fazer em sua força o que nunca poderíamos fazer em nossa própria.
Agora, como o teu arco assim permanece em força, e os teus braços são fortalecidos pelos braços do poderoso Deus de Jacó, nunca tomarás as flechas disparadas contra ti e atirarás contra os teus inimigos - pois nada é tão provável de causar a queda do arco de suas mãos; nada tão provável que faça com que o Deus de Jacó tire Suas mãos das tuas, por imitar assim os ímpios. Eu não quero falar de mim mesmo, mas é assim que confio que fui levado a agir - não por ter sido provocado por tudo o que foi dito ou escrito contra mim, para retribuir sobre eles as suas palavras amargas e zangadas. Não é por falta de poder, porque eu poderia atirar de volta - mas espero que a graça tenha me ensinado que "a ira do homem não opera a justiça de Deus." (Tiago 1:20); e que "as armas da nossa guerra não são carnais, mas poderosas por meio de Deus para a derrubada de fortalezas". (2 Cor 10: 4).
Lembra-te, pois, de que o teu arco não é de construção terrena, mas celestial, posto em tuas mãos pelo Deus de Jacó, e de que as tuas flechas não são fabricadas como as deles, que são carnais, mas de material espiritual e divino, e Foram alojadas em sua aljava pelo Deus do céu. Mantenha, então, firmemente as suas próprias armas espirituais; e embora os arqueiros possam ofendê-los severamente, nunca ponham de lado o arco da fé que Deus lhes deu, para tomar o arco da raiva e da vingança, que é a arma carnal de seus inimigos. Nunca ponha de lado as flechas da oração espiritual e da súplica para tomar os dardos maliciosos dos ímpios, para que não provoque o Senhor a retirar seu amável apoio; e então onde estará sua força para envergar o arco, ou onde sua habilidade para alcançar com suas flechas o trono da graça?
Permita-me, em conclusão, apenas brevemente discorrer sobre alguns desses pensamentos de novo que eu tenho colocado diante de você para que eles possam deixar uma impressão mais permanente em sua mente e memória. O tema principal do meu assunto foi que José, como uma videira frutífera, normalmente representa um verdadeiro crente. A causa de sua fecundidade eu mostrei a você no poço e na parede. Em seguida, dirigi a sua atenção para a inimizade contra ele por causa da sua fecundidade e falei da dor e do sofrimento que causou ao seu espírito. Mostrei então como José não foi derrotado por toda a malícia de seus inimigos; que o seu arco permaneceu em força, e a razão foi porque seus braços foram fortalecidos pelos braços do poderoso Deus de Jacó. Esforcei-me para impressionar em suas mentes a bem-aventurança de uma experiência pessoal dessas verdades vitais.
E agora, deixe-me concluir expressando o meu sincero desejo de que possamos sentir uma doce persuasão em nosso próprio seio que estamos em alguma medida andando nos passos de José; que o Deus de José é o nosso Deus, e o pastor de José, nosso pastor; porque o velho patriarca acrescentou: "Eis o pastor, a pedra de Israel". E o Deus de Jacó nos ajude como ele ajudou a José, e possamos achar nosso arco ainda para permanecer em força, com uma convicção abençoada em nossa consciência que foi colocada em nós pelo próprio Senhor e que por sua graça nos assegurará uma gloriosa vitória sobre todos os nossos inimigos externos, internos e infernais!


Este texto é administrado por: Silvio Dutra
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