"É de lágrimas que se cria um mar para navegar" Cristiane queria entender o que lia naquele outdoor, ou ela achava que era isso que estava escrito, naquele momento ela não sabia muito bem o que era ou não realidade. Ela não conseguia entender como podia navegar nas suas lágrimas, ela se imaginava como um barco encalhado e via todas as outras pessoas igualmente encalhadas, em uma ilha de inúmeras perdições, meio chatas na opinião de Cristiane. Até quem mais dizia ser feliz, mais esperto ou mais bonito, para Cristiane não se passava de uma pessoa como todas as outras, barcos encalhados.
Ela pensava que a dor e as lágrimas podiam ser uma maneira de voltar à alto mar, mas nem toda a dor do mundo é capaz de produzir tantas lágrimas, então ela imaginou que a frase podia ser algum tipo de frase motivacional, mas isso também não fazia muito sentido, não para Cristiane. Ela sabia que na situação em que se encontrava pensar só doía mais.
Então que Cristiane entendeu, tudo fazia sentindo agora. A magia da flor da vida, que se fecha e abre para quem acredita amar. Ninguém amava, Cristiane sabia que o amor era só mais um artifício para vender ou então um artifício para se beneficiar sem peso na consciência. As vezes as pessoas achavam mesmo que podiam amar, mas o ser humano jamais seria capaz de pensar em outra pessoa. Ela sabia que era por pensar assim que ela acabou naquele estado, com o braço dolorido e a cabeça latejando, ela se perguntava como seria quando descobrissem a furada que era o amor, ela não queria estar ali quando isso acontecesse. E então ela entende. Tudo fazia sentindo. Ah! O mar, as pessoas jamais sairiam da ilha até que abrissem seus olhos, o mar estava ali na frente pronto ela só precisava esquecer do barco na praia, se libertar das coisas que a faziam encalhar na ilha e ai, só depois disso, ela então estaria totalmente livre, livre para, finalmente, nadar no mar.
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