99142298*
Ainda lembro da voz doce à secretária eletrônica, informando o seu número de celular. Tantos anos se passaram e eu ainda sou completamente apaixonado por ela.
Tudo começou com um encontro casual. E apesar de nunca ter ouvido isto dela, tenho para mim que a atração aconteceu para nós dois naquela tarde de abril de 2000.
Algum tempo depois, podemos conversar sobre a atração que sentimos e até ensaiamos um envolvimento.
Mas ela casou, engravidou e era o que ela mais queria. Não, não sou eu o marido e tampouco o pai. Era outro Eduardo.
Ele a quis mais. Ele lutou por ela. Ele deu o que ela precisava e merecia. Mas provavelmente, também tinha seus defeitos.
Cinco anos e três filhos depois do nosso afastamento, ela voltou. Mais magra, com um aspecto sofrido. Adorei vê-la. Amei que ela lembrou de mim e me procurou. Não gostei do que vi. Mas era óbvio que eu ainda a amava. Não sei dizer porquê. Mas isso não se explica mesmo.
Ela não estava bem. Por isso me procurou. Mas não com a intenção manifesta de se envolver. Precisava e buscava por socorro. Tinha crises de ansiedade. Queria um remédio. Não, não era eu quem poderia ser seu médico. Eu a amava e queria segurá-la nos meus braços.
Nos envolvemos.
E desta vez durou. Embora os encontros fossem poucos e na maioria das vezes rápidos. Tínhamos um acordo tácito de não planejar um futuro para nós. Ainda me pergunto se não foi um erro ter mantido esse acordo.
Mas havia muito envolvido. Projetos de vida e outras vidas, também com seus projetos, que nos incluíam.
O tempo passou, a vida andou. As atitudes mudaram. Eu queria me aproximar. Ela ficou mais distante. Teriam mudado os sentimentos? Não os meus.
Ela alegou medo de prejudicar a sua vida e se afastou.
Eu concordei. Não queria e não quero ser motivo de sofrimento para ela. Mas passei a sofrer. Passei a me odiar.
Me deprimi.
Meu projeto de vida, pretensamente protegido pelo "acordo tácito", já não fazia mais o mesmo sentido. Já não tinha o mesmo sentimento. É bem dolorido.
Bem que ela me disse: - Eu te entendo, só não sei se serás feliz.
Ainda penso nela o tempo todo.
Penso em tentar contato. Na verdade, tento. Mas as respostas...na maioria das vezes nem vêm. E quando vêm, são neutras.
Acho que já entendi que já não existe mais o desejo dela em me encontrar e me ver. Já não existe saudade no coração dela.
Eu sei que ela me quer bem. Não fizemos mal um ao outro. Mas agora é só isso.
Eu vou ter que aceitar viver com essa saudade, sem poder dividir com ela nenhum momento mais.
E esse será o meu segredo...
* o numero é fictício.
|