A noite estava fria, o corpo ficou lento, o pensamento se aqueceu e a viagem se iniciou. Era um tempo de turbulência, tanto política, como social. As pessoas se estranhavam ao empunhar uma bandeira, que na maioria das vezes não sabiam a que agremiação pertencia. Sem saber ao certo qual a finalidade, a intenção ou os interesses dos pseudos líderes que tentavam arrastar multidões e colocar pessoas contra pessoas, raças contra raças e nações contra nações, a época estava conturbada, cada qual pensando simplesmente em si mesmo, como se seu mundo fosse único. Alguns se arvoravam em paladinos, mas o tempo mostraria que eram, na verdade, algozes de muitos, muitos que neles depositaram toda a esperança por um amanhã melhor; outros, elegeram como seus piores inimigos aqueles que se puseram como paladinos. Se julgavam superiores a eles e se auto comprometiam a derrubá-los, destruí-los, em nome da salvaguarda daqueles muitos que depositaram sua confiança e esperança naqueles outros, paladinos. Nos bastidores, às escondidas, todos tramavam um meio de se auto promover e fazer crescer o patrimônio próprio e o da família, sempre maquinando um meio frágil, mas legal e nada moral de se defenderem, mudando leis gerais e abstratas em seu conteúdo, mas individuais e concretas na sua aplicação. Quem, destes grupos, então, estaria com a razão e quem destes teria a inocência de uma criança e o ímpeto de um jovem, sem os traços da velhacaria e o ranço da antiga e Imperial política, para atender aos reclamos gerais? Não sabemos, e por não saber é que somos obrigados a nos aprofundar no conhecimento, sem empunhar bandeiras de quaisquer agremiações, sempre sem perder de vista a ética e a honestidade de propósitos. Àqueles que já se mostraram indignos de conduta, temos que lutar para que respondam na forma a lei, geral e abstrata; àqueles que revelaram viés de individualidade e interesses próprios em detrimento de todos, devemos afastá-los, antes que se tornarem algozes, e àqueles que jamais demonstraram estes objetivos, devemos dar-lhes uma chance, sem depositar toda nossa esperança e sem perdermos a razão.
|