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O Cliente tem sempre razão!
Luís Gonçalves

Resumo:
Palmira é uma empregada de balcão que passa a vida a ouvir reclamações por tudo e por nada.

TEATRO
COMÉDIA

Se estiver interessado/a em representar esta peça de teatro agradecia que entrasse em contacto comigo, atravez do meu email: goncalvesluis_1@hotmail.com

Se estiver interessado/a em representar esta peça de teatro agradecia que entrasse em contacto comigo, atravez do meu email: goncalvesluis_1@hotmail.com

PERSONAGENS:
Palmira (empregada):
Sr. Descanso (patrão):
Sr. Custódio (velho):
Cabras (bêbado):
6 Ucranianos:
Dr. Finório (médico):
Nézinho:

1 ATO

CENA 1

O cenário de um café. Vê-se uma placa que diz “café do Descanso”. O balcão está virado para o público. Dentro do balcão, vê-se a máquina do café, a torradeira, prateleiras com bebidas e com pastilhas. Vê-se também um pipo com vinho, algumas arcas frigoríficas, uma máquina de finos, uma registadora, um lava louça e em cima do balcão vê-se um frasco com gomas. Á frente do balcão vê-se algumas mesas, com cadeiras á volta delas.

Quando os panos abrem,
Palmira, está a lavar a louça e a cantar. Esta é loura, tem uma falha nos dentes, usa um avental, uma bruta de uma mini saia e tem uns auriculares nos ouvidos. Enquanto o Sr. Descanso, está sentado no balcão a mexer no seu computador. Este usa óculos, bigode e tem uma barriga enorme. Numa mesa está um invidio podre de bêbado a dormir rodeado de garrafas de cerveja. Tem uma garrafa de cerveja na mão. Noutra mesa está um velho a ler um jornal e tem um café na frente. Noutra mesa estão 6 Ucranianos muito animados, a beber cerveja e a comer hamburgers.
Entretanto chega outro cliente, o Dr. Finório, este veste uma bata branca e trás um auscultador pendurado no pescoço. Senta-se noutra mesa. Mas Palmira não dá por a sua chegada.

Palmira: (canta muito mal) Ai meu amor, meu amor
Porque é que deves de porrada,
Não me dás uma flor?
Ai meu amor, meu amor
Porque é de deves de porrada
Não me dás calor?

Sr. Descanso: Oh Palmira, chegou um cliente! Deixe-se de cantilenas e vá atender o senhor!

Palmira: (não ouve continua a cantar) Ai que vida esta,
valia mais… (Sr. Descanso levanta-se e tira-lhe os auriculares dos ouvidos) Ai senhor Descanso!

Sr. Descanso: Nem ai, nem ui! Chegou um cliente!

Palmira: Eu estava a cantar!

Sr. Descanso: Você chama a isso cantar? Eu chamo poluição sonora!

Palmira: Eu canto assim tal mal?

Sr. Descanso: (cínico) Não! (normal) Que ideia! Até espantou os clientes quase todos!

Palmira: Se não gostam de me ouvir cantar problema deles!

Sr. Descanso: Problema deles não, problema seu que incomoda os clientes! Se eles não gostam de a ouvir cantar, a senhora não canta! Pois o cliente tem sempre razão!

Palmira: Ai é? Fique sabendo que ali, o vizinho da frente diz que eu canto bem!

Sr. Descanso: Fique sabendo que ali o vizinho da frente é surdo! E agora vá atender aquele cliente que é para isso que a Palmira é paga! (senta-se novamente no seu lugar)

Palmira: Não pode lá ir o senhor?

Sr. Descanso: Eu? Ainda mais essa. Vá lá você que é a empregada. Eu tenho mais de fazer! Estou ocupadíssimo aqui no facebook, a meter likes e a cuscar a vida dos outros.

Palmira: Mas eu estou a lavar a louça.

Sr. Descanso: A louça fica para depois. Primeiro está o cliente!

Palmira: Mas o senhor no outro dia disse que não queria que eu deixa-se um serviço por fazer.

Sr. Descanso: Mas isso é quando não há clientes para atender.

Palmira: Ah ok!

Sr. Descanso: Agora, vá atender o cliente antes que eu perca a cabeça.

Palmira: Pronto está bem, não perca a cabeça que ela faz-lhe falta! (vai atender o Dr. Finório) Olá Dr. Finório como está?

Dr. Finório: Estou capaz de a esganar! Uma pessoa aqui á espera de ser atendido e a senhora no paleio com o seu patrão!

Palmira: Ai que mau humor!

Dr. Finório: Mau humor, não! Primeiro está o cliente, depois é que está o paleio. Percebeu?

Palmira: Percebi! Percebi!

Dr. Finório: Traga-me um café!

Palmira: Sim senhor! (vai a virar as costas)

Dr. Finório: Frio!

Palmira: Está frio? Por acaso até está, mas se quiser desliga-se o ar condicionado.

Dr. Finório: Mas para que é que vai desligar o ar condicionado?

Palmira: Então o senhor doutor disse que estava frio!

Dr. Finório: Mas quem é que disse que estava frio? Eu quero é um café frio!

Palmira: Ah! Quer um café frio! Não estava a perceber!

Dr. Finório: Também era de admirar se percebesse alguma coisa.

Palmira: Mas tem a certeza que quer um café frio?

Dr. Finório: A Palmira faz cada pergunta! Claro que tenho a certeza que quero um café frio, senão não lhe estava a pedir.

Palmira: Pois, mas como não é costume pedir café frio.

Dr. Finório: Mas hoje apetece-me um café frio. Não posso?

Palmira: Claro que pode!

Dr. Finório: Então está á espera de quê?

Palmira: De nada! Só acho estranho beber um café frio!

Dr. Finório: Você não está aqui para achar nada. Você está aqui para servir o que os clientes pedirem, percebeu?

Sr. Descanso: Oh Palmira, se o Dr. Finório quer um café frio, serve-lhe um café frio e ponto final. O cliente tem sempre razão, mulher.

Palmira: Pronto está bem! Vou-lhe servir um café frio! (entra dentro do balcão e enche um copo de vinho tinto)

Entretanto começa a tocar o telemóvel do Dr. Finório

Dr. Finório: (atende o telemóvel) Estou sim?... Olá Dona Gertrudes!... Sim, é o próprio!... Ir agora para o centro de saúde, era o que mais faltava, ainda agora de lá saí… Desculpe mas a senhora vai ter de esperar… O que é que a Dona Gertrudes quer que eu faça?... eu já lhe disse que agora não vou para o centro de saúde… É uma urgência e depois?... Sim, os enfermeiros estão no centro de saúde, estão. Estão lá numa reunião de enfermeiros… Ai só acaba lá para a noitinha!... Então o que é que a senhora quer que eu faça?... Não me esteja atazanar a cabeça mulher! Mas o que é que a senhora tem para estar assim tão aflita? Está constipada é? Ai já sei! Está outra vez com hemorróidas!... Ai não?… Partiu a cabeça? Pensei que fosse mais grave. Olhe então se partiu a cabeça cole-a, pois eu agora estou no café. (desliga o telemóvel) Esta gente não tem respeito por ninguém!

Palmira: Ora aqui tem o café frio! (mete o copo de vinho á frente do Dr Finório)

Dr. Finório: Mas quem pediu isto?

Palmira: Foi o Dr. Finório!

Dr. Finório: Eu? Eu pedi um café frio, não foi um copo de vinho tinto.

Palmira: Mas um café frio é um copo de vinho tinto!

Dr. Finório: Ouça lá, você está a brincar comigo?

Palmira: Eu não! Aqui a Palmira não brinca em serviço!

Dr. Finório: O livro de reclamações! O livro de reclamações imediatamente!

Palmira: Já não dá para escrever mais nada no livro de reclamações está cheio de…

Dr. Finório: Pois, claro que deve estar cheio de reclamações. Você é uma incompetente, não serve os clientes como deve ser.

Palmira: Não está a perceber! O livro não está cheio de reclamações, está cheio de riscos e rabiscos de um miudito que veio aqui á bocado. Se é que é um sacana o miúdo! Apanhou-me distraída, entrou dentro do balcão e toca a fazer disparates.

Dr. Finório: É como você. Sempre que entra dentro do balcão é só para fazer disparates.

Palmira: Mas eu não fiz disparate nenhum. O senhor doutor é que me pediu um café frio. Ora aqui na terrinha, um café frio é um copo de vinho tinto!

Dr. Finório: Pois, mas isso é para esses bêbados sem nível nenhum que costumam frequentar este café. Para mim, que sou uma pessoa com categoria, um café frio, é um café numa chávena fria. Percebeu?

Palmira: Ah! Podia ter dito logo! Escusava de ter feito asneira!

Sr. Descanso: Mas o que passa aqui? Será que uma pessoa, já não pode estar no facebook o dia todo em paz e sossegado?

Dr. Finório: É esta sua empregada, além de ter uma falha nos dentes também tem na cabeça. Pedi-lhe um café frio e serve-me uma taça de vinho tinto.

Sr. Descanso: Oh Palmira, por amor da santa. Será que você não dá uma para a caixa?

Palmira: Não dou uma para a caixa? Já lá meti alguns trocos! Não posso fazer mais, os clientes não aparecem!

Sr. Descanso: Mas o que é que você está para aí a dizer mulher? Eu queria dizer que não faz nada de jeito!

Palmira: Ah! Pensei que se referisse á caixa registadora!

Sr. Descanso: Pois, mas pensou mal. Pensa sempre tudo mal. Por isso é que só faz disparates.

Palmira: Eu não tenho a culpa, os clientes é que não fazem os pedidos como deve ser.

Dr. Finório: Você é que não entende nada. Tem o cérebro de uma galinha retardada.

Palmira: Quem? Eu?

Dr. Finório: Não. Sou eu!

Palmira: Ah! Ok! Você lá sabe!

Dr. Finório: Mas sei o quê?

Palmira: Então que tem o cérebro de uma galinha retardada!

Dr. Finório: O que está para aí a dizer? Você está-me a insultar? É assim que trata os clientes?

Palmira: O senhor doutor é que se insultou a si próprio!

Dr. Finório: (levanta-se) Não suporto mais isto! Vou beber o meu café frio para outro lado! Primeiro demora um ano para me atender, depois sou mal servido e agora sou insultado.

Sr. Descanso: Oh Palmira, francamente! Não lhe ligue Dr. Finório, não lhe ligue! Ela não fez por mal!

Dr. Finório: Pois não. Fez por bem se calhar.

Sr. Descanso: Sente-se Dr. Finório, eu vou servir-lhe o seu café e fica por conta da casa.

Dr. Finório: Não, não é preciso. Enquanto esta incompetente cá trabalhar eu não quero mais nada daqui.

Sr. Descanso: (suplicando) Não se vá embora Dr. Finório! Não se vá embora!

(Dr. Finório sai de cena)

CENA 2

Sr. Descanso: Viu o que fez? Por causa de si perdemos mais um cliente!

Palmira: Menos um para me chatear a cabeça.

Sr. Descanso: É sempre a mesma coisa mulher! Está farta de fazer asneira hoje. De manhã serviu uma torrada toda preta a uma senhora, á bocado espantou os clientes todos com as suas cantorias.

Palmira: Essa das torradas não tive a culpa. A senhora é que gosta delas bem torrada.

Sr. Descanso: Pois, mas não gosta dela em carvão!

Palmira: Então, o raio da mulher passa a vida a chatear-me a cabeça, que nunca deixo torrar bem a torrada! Nunca deixo torrar bem a torrada! Assim fico com a certeza que está bem torrada.

Sr. Descanso: Pois! E fica com a certeza que a senhora nunca mais a volta a chatear!

Palmira: Pois fico! Nunca mais cá põe os pés!

Sr. Descanso: Ai Palmira! Palmira! Você não aprende. Tem que tratar bem os clientes! Senão lá se vai o negócio á vida! (Senta-se novamente no balcão. Escreve no computador, no mural do facebook. Diz o que escreve) Caros Facebookanos, perdi mais um cliente no meu café! (pára de escrever) Ena pá tantos likes! Tanta gente feliz com a minha desgraça!

Sr. Custódio: (leva a chavena do café á boca) Oh Palmira tire-me outro café que este já está frio.

Palmira: (soliloquio) Pois, claro que está frio. Mete-se a ler o jornal em vês de beber o café. (entra dentro do balcão e começa a tirar um café)

CENA 3

Entretanto entra um rapaz. Usa óculos e trás uma mochila às costas

Nézinho: (chama pela empregada) Palmira! Palmira! Atende-me depressa!

Palmira: Oh Nézinho eu agora não posso, estou ocupada!

Nézinho: Vá lá Palmira!

Palmira: Eu agora estou a tirar um café? Ou será que nem com quatro olhos vês?

Nézinho: Mas eu vou ter matemática daqui a nada.

Palmira: Então e depois?

Nézinho: Se volto a levar falta, o meu pai corta-me o pescoço.

Palmira: Deus o ajude! Deus o ajude!

Sr. Descanso: Oh Palmira porque é que não atende o Nézinho?

Palmira: Eu agora não estou disponível.

Sr. Descanso: Não está disponível? Para um cliente está-se sempre disponível, mesmo que não esteja.

Palmira: Mas…

Sr. Descanso: Nem mas, nem meio mas. Se o rapaz quer ser atendido a senhora atende e mais nada. Pois o cliente tem sempre razão!

(Palmira bufa e vira-se para o Nézinho)

Palmira: Diz lá o que queres?

Sr. Descanso: Não é diz lá o que queres! É o que desejas? E é com um sorriso nos lábios, não é com essa cara de ovelha mal parida!

Palmira: (bufa novamente) O que desejas Nézinho? (com sorriso cínico)

Sr. Descanso: Assim está melhor!

Sr. Custódio: Oh Palmira o meu café sai hoje ou amanhã?

Sr. Descanso: Então o café do Sr. Custódio?

Palmira: Está aqui!

Sr. Descanso: Então porque é que não o vai levar á mesa?

Palmira: O senhor é que não deixou!

Sr. Descanso: Não deixei o quê? Vá levar o café ao homem! Está á espera de quê? Peço desculpa Sr. Custódio, mas esta rapariga anda com a cabeça na lua. (Sr. Custódio abana a cabeça)

(Palmira leva o café ao senhor Custódio. Enquanto isso o Nézinho repara se está alguém a olhar para si, tira uma manada de gomas do frasco que está em cima do balcão e mete-as no bolso das calças)

Palmira: Ora aqui tem o seu cafézinho!

(Palmira vai para meter o café na mesa, de repente o sr. Custódio abana a mão, bate na chávena e Palmira entorna o café para cima dele)

Sr. Custódio: (salta da cadeira) Olhe para isto! Sujou-me as calças todas com café! Agora quero ver quem vai aturar a minha mulher!

Palmira: Desculpe, mas o senhor é que bateu com a mão na chávena.

Sr. Custódio: Foi para enxotar uma mosca!

Palmira: Ah! Está a ver?

Sr. Custódio: Estou a ver o quê? A mosca?

Palmira: Mas qual mosca? É a razão pela qual eu entornei o café para cima de si? Se o senhor não tivesse abanado a mão, nada disto teria acontecido.

Sr. Descanso: (levanta-se) Mas o que aconteceu desta vez?

(o Nézinho aproveita a confusão, tira mais uma manada de gomas do frasco que está em cima do balcão e mete-as no outro bolso das calças)

Sr. Custódio: Foi a sua empregada que me entornou café para cima das calças!

Palmira: Mas…

Sr. Descanso: Oh Palmira francamente! Outra vez a fazer asneira!

Palmira: Mas eu não tive a culpa. O senhor Custódio é que bateu na chávena.

Sr. Custódio: Tivesse desviado a chávena, olhem que esta!

Palmira: Ai eu é que devia ter desviado a chávena?

Sr. Descanso: Pois devia sim senhor! O cliente tem sempre razão! Vá mas é buscar um pano e traga outro café.

(Nézinho, repara que o Cabras está a dormir e tira-lhe a garrafa das mãos. Olha para dentro da garrafa, bebe e volta a meter no mesmo sítio)

Sr. Custódio: Não! Já não quero café nenhum! Aliás, já não quero mais nada daqui! (levanta-se) Vou passar o resto do dia sentado noutro café!

Sr. Descanso: Não faça isso senhor Custódio. Deixe-se estar! O senhor é cliente da casa há tanto tempo!

Sr. Custódio: Pois sou! Desde a semana passada. Mas estou farto da incompetência da sua empregada. Adeus! Passem bem! (sai de cena aborrecido)

CENA 4

Sr. Descanso: Está a ver o que você fez? Mais outro cliente que se foi embora por causa de si!

Palmira: Eu não tive a culpa!

Sr. Descanso: Pois! É sempre a mesma desculpa! Nunca tem a culpa! (volta-se a sentar e mexe no computador) Caros facebookanos, a minha empregada entornou uma chávena de café para cima de um cliente. E o cliente foi-se embora chateado!

(Palmira, vai atender o Nézinho que está ao balcão a tirar macacos do nariz)

Palmira: Diz lá o que queres, oh caixa de óculos?

Sr. Descanso: (repreende) PALMIRA!

Palmira: Pronto está bem! (sorriso cínico) O que é que desejas?

Nézinho: Tens sumol de laranja?

Palmira: Claro que tenho!

Nézinho: Então dá-me um sumol de ananás!

Palmira: Mau! Estás a brincar comigo ou quê? Queres de laranja ou ananás?

Nézinho: Tanto faz!

Palmira: Então vai de ananás! (vai a virar costas)

Nézinho: Olha, pensando bem, dá-me antes uma coca-cola fresquinha!

Palmira: É pá tu decide-te!

Nézinho: É a coca-cola! (Palmira vai a virar costas) Olha coca-cola, não! Dá-me antes 1 euro de Pastilhas!

Palmira: Tu estás a gozar com a minha cara?

Nézinho: Vá lá, dá-me um 1 euro de pastilhas!

Palmira: (vai buscar as pastilhas) Aqui tens!

Nézinho: Quanto é que custa?

Palmira: Eu não acredito no que estou a ouvir! Nem sei como chegaste ao 10º ano com essa inteligência de frango!

Nézinho: Eu também não! Pergunta aos professores, eles é que me passam todos os anos, sem eu saber nada. Então e quanto é que custam as pastilhas?

Palmira: É 1 euro!

Nézinho: 1 euro? É muito caro! Dá-me antes um copo de água. Quer dizer, não quero nada!

Palmira: (irritada) Tu estás a gozar comigo? (atira-lhe com as pastilhas) Então toma! Toma! Podes ficar com elas de borla!

(Nézinho foge e este sai de cena)


CENA 5

Sr. Descanso: O que é que você está a fazer? Ficou maluca ou quê rapariga? Atirar pastilhas a um cliente?

Palmira: Então ele estava gozar com a minha cara!

Sr. Descanso: Estava a gozar consigo o quê? O rapaz é tão bem comportado, não faz mal a uma mosca, lá ia gozar consigo? Você é que é tem mau feitio! Vá apanhar as pastilhas imediatamente! (Palmira apanha-as pastilhas. Sr. Descanso volta a escrever no morar do facebook) Caros Facebookanos, a minha empregada expulsou um cliente do café, atirando-lhe com pastilhas.

(Entretanto Cabras acorda, leva a garrafa de cerveja á boca, mas está vazia. Vira o gargalo para baixo, para se certificar que está mesmo vazia, abana a garrafa duas vezes mas não sai líquido nenhum)

Cabras: Olha! Está… está vazia! (para a Palmira) Oh da casa! Oh da casa! Outra… outra cerveja aqui para o Cabras.

Palmira: Não há cerveja para ninguém! Acabou!

Cabras: O Cabras… o Cabras tem sede! O Cabras tem sede! Traga outra cerveja para o Cabras se faz favor!

Palmira: Tens sede bebe água!

Sr. Descanso: Oh Palmira, dê uma cerveja ao Cabras se faz favor!

Palmira: Então mas ele está podre de bêbado!

Sr. Descanso: Nem que estivesse em coma alcoólico profundo. Se o Cabras quer uma cerveja, serve-lhe uma cerveja e ponto final. Pois ele é cliente e o cliente tem sempre razão! Mesmo que não tenha! Percebeu? Veja se encaixa isso na sua cabeça uma vez por todas!

Palmira: Pronto! Está bem! Só acho que ele já bebeu muita cerveja hoje!

Sr. Descanso: Melhor para nós! Quanto mais ele beber mais facturamos ao fim do dia. E agora se me dá licença vou ali á casa de banho! (volta a escrever no facebook) Caros facebookanos, vou ter de vos deixar por uns minutos, pois vou á casa de banho! (o Sr. Descanso vai á casa de banho e a Palmira serve uma cerveja ao Cabras.)

CENA 6

(Entretanto os Ucranianos levantam-se)

Ucraniano: Senhora, senhora nós não querer pagar!

Palmira: Não querem pagar? Não faz mal! Pois o cliente sempre razão, não é verdade? Vá fiquem bem! Voltem sempre!

Ucraniano: Obrigado senhora!

(Ucranianos saem de cena. Palmira pega numa bandeja, num pano e vai levantar as mesas.)
Palmira: (canta) Ai meu amor, meu amor
Porque é que deves de porrada,
Não me dás uma flor?
Ai meu amor, meu amor
Porque é de deves de porrada
Não me dás calor?

CENA 7

(Ouve o autoclismo a trabalhar e o senhor Descanso volta a entrar em cena)

Sr. Descanso: Os chineses já se foram embora?

Palmira: Chineses?

Sr. Descanso: Sim, aqueles estrangeiros que estavam naquela mesa!

Palmira: Ah! Mas eles não são Chineses, são Ucranianos!

Sr. Descanso: Deixa-los ser. Para mim é a mesma coisa, desde que tenham pago a despesa!

Palmira: Pois. Mas não quiseram pagar!

Sr. Descanso: Não quiseram pagar? E a Palmira deixou-os irem embora sem pagar?

Palmira: Então não é o Sr. Descanso que diz que o cliente tem sempre razão?

Sr. Descanso: (irritado) PALMIRA! ESTÁ DESPEDIDA! ESTOU FARTO DA SUA INCOMPETENCIA!

Palmira: Ai estou despedida? Quero lá saber. Eu também não sou sua empregada!

Sr. Descanso: Não é minha empregada? A senhora não é a Palmira?

Palmira: Não! Sou a irmã gémea!

Sr. Descanso: Não sabia que a Palmira tinha uma irmã gémea!

Palmira: Pois tem! Desde pequenina! É que ela hoje não lhe apeteceu vir trabalhar, então vi eu por vês dela.

Sr. Descanso: Olha para a sacana da Palmira, não quis vir trabalhar! Mas também não tem mal. Eu também não sou o patrão da Palmira.

Palmira: Ai não é o sr. Descanso?

Sr. Descanso: Não! Sou o irmão gémeo do sr. Descanso. É que ele hoje também não lhe apeteceu vir trabalhar, então vi eu por vez dele.

(fecha o pano)

FIM

Autor: Luís Gonçalves

email: goncalvesluis_1@hotmail.com

2/1/2016

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Biografia:
A MINHA AUTO-BIOGRAFIA Chamo-me Luís Gonçalves, sou Português, nascido em Coimbra no dia 30, de Março de 1984. Desde muito cedo que comecei a interessar-me por teatro. Tanto na escrita como na representação. Durante a minha infância e adolescência as minhas brincadeiras estavam sempre ligadas ao teatro. Adorava fazer teatro com a minha irmã, e os alguns vizinhos. Representávamos mesmo sem publico, só por prazer. Também fiz teatro na escola e na catequese. Quando andava no 7º ano da escola preparatória da Lousã, juntei-me a uma colega e fizemos a peça “as lições do Tonecas” para a nossa turma e professores. No 8º ano entrei para o clube de teatro da escola onde participei num festival de teatro escolar no TGV em Coimbra Em 1999 terminei o 9º ano desisti de estudar e fui tirar um curso de formação profissional na área de Cerâmica e bar numa instituição da Lousã, chamada A.R.C.I.L. Um dia, juntei-me a um colega de Curso chamado José Daniel Jardim e resolve-mos criar um grupo de teatro com ajuda da nossa professora de Desenvolvimento Pessoal e Social. A direção da instituição gostou da nossa ideia, contratou um ator de um grupo de teatro existente na Lousã para ser nosso Encenador e mais tarde a atriz Cláudia Carvalho do Teatrão. Em Dezembro de 2003 terminei a minha Formação Profissional na tal instituição e comecei a trabalhar numa Pastelaria da Lousã. Mas o meu amor pelo teatro era tanto que continuei ligado ao grupo até terminar em 2006. Em 2009, estava completamente desligado do teatro, então decidi começar a escrever as minhas peças de teatro até aos dias de hoje. Comecei a partilhar os meus textos na internet e o resultado superou as minhas expectativas. As minhas peças tem tido algum êxito. Têm sido representadas norte a sul do país. Também são encenados na Madeira, Brasil, Angola e Moçambique. Nesse mesmo ano 2009, participei num workshop de teatro dinamizado por a atriz/palhaça Alejandra Herzberg da operação nariz vermelho. Em 2015 entrei para o grupo de teatro "Os Canastrões - Associação Cultural e Artística" dirigido pelo encenador Bruno Teixeira, onde já fizemos alguns espetaculos. Em 2020 o país e o mundo entraram em confinamento por causa da pandemia que se instalou no país e no mundo e o nosso grupo de teatro parou os ensaios. No dia 18 de Fevereiro desse mesmo ano fui convidado a participar numa web conferência intitulada "entre dramaturgos" organizada pelo Ator e diretor da companhia de teatro Rizzo, Flávio Spiess, onde expliquei como escrevo os meus textos teatrais e recebi um certificado de participação. No dia 12 de Novembro de 2020, participei num workshop online sobre a história do teatro musical organizado pela atriz Sara Teixeira. No dia 18 de Fevereiro de 2021, tive uma aula experimental de Dramaturgia no aplicativo Zoom com um roteirista e Professor de teatro Brasileiro chamado, Walter Macedo Filho, onde falamos um pouco sobre a criação de um personagem. No dia 9 de Março do mesmo ano, iniciei um curso de capacitação em roteiro online, atravez do aplicativo Meet com outro roteirista e Professor de teatro Brasileiro chamado, Trajano Amaral de Oliveira.
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