A porta se abre
A vida se fecha
No fundo, uma mão
Me aponta o caminho
Convida a morrer
Procurei o medo
Que nos leva ao ódio
De termos nascido
Crescido e vivido
E agora, morrido
Morto, desperto
Me misturo e procuro
Quem roubou meus passos
Já não sou dono dos rastros
Que um dia orgulhoso
Teimei em deixar
Onde estão minhas lágrimas
Meus gritos, minha alma
Me deixem olhar
Me deixem ficar
Não há dor maior
Do que não voltar
Só um fio separa
Este breve momento
Entre a vida e a morte
É a moeda na mão do juiz
A flecha cortando o espaço
E cravando no peito
É só um cometa, no alto vazio
Vagando por entre estrelas
É a lágrima da despedida
É o suspiro do desespero
O reverso da criação
Agora parado no tempo
Esperando a sentença
Me viro para o mundo
Exijo a resposta
Porque sinto a morte
Se jamais estive vivo
Acho que foi um sonho
Que veio, e agora volta
Aos braços da escuridão
De onde não deveria
Jamais ter saído...
®Valtencir – set_1991
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