Ignoto coração sangra ao ver a cidade
a morte, a procissão com a indolência
e gentes no encalço sem ter decência,
em balbucios na derradeira passagem
como se a morte fosse tenro expungir
o bulício contínuo e o aparente fingir,
(embora um favônio não seja procela)
nada sente ninguém pelo féretro à rua,
se há melancolia ela parece estar crua,
o lívido instante em que haveria razão
de querer prantear faltou-lhe o pranto
um dia hilário que se sentiu o espanto
à vida, sem energia, completa desdita,
o que sangra é um coração campônio
que insula à sua dor, nada cosmopolita.
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