Em dia assim tão quente?
É fácil! Deito ao pé de uma mangueira
de sombra leve, intermitente.
Quieto por um tempo,
rápido deixo de ser gente.
Viro peixe n’água fresca,
viro arara a namorar,
viro onça preguiçosa
e passarinho a cantar.
Gosto de ser bicho.
Gente? Gente pensa e perde tempo demais.
Bicho não! Bicho é bicho, já nasci “sabido”.
Em dia assim tão quente
deito ao pé de uma mangueira
de sombra leve, intermitente.
O coração estagnado no presente,
meu amigo, posso até jurar,
se a morte me abraça,
não vou nem notar.
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