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Penso, logo sou poeta!
aluisio martins

Pensei que houvesse a gratuidade plena dos atos. Vejo-a nos fatos nefastos, publicadas por vozes cheias de autoridade e atos cheios de orgulho e distinção. Pensei mesmo que pudera haver encontrado o que em algum dia e em algum lugar já devo ter vivenciado: a cortesia em demasia e uma ausência de perdão, devido a inexistência de pecados. Claro que nesse pensar, erros eram cometidos em mesmo gênero e grau. Óbvio, é natural errar, mais que humano. Contudo o pecado nasce quando morre a caridade, a compaixão, o carinho pelos mais que semelhantes: iguais que somos todos. Sem exceção. Além de sermos tecidos por esse tecido putrefato que é a carne, temos um outro corpo que não se morre e é parte inequívoca de um outro único corpo maior. Não importando à que altura se encontre. A altura das coisas depende exclusivamente do ponto de visão em que se encontra o observador. E tenho que dizer: penso que se observa o prazer alheio com dor e mais ainda a dor alheia com prazer. Quem sabe se esse templo sem tempo que pensei não esteja debaixo das nossas camas, como um presente eterno de um verdadeiro Noel imortal? Há que se buscar, pensei. Inclusive sob as solas dos sapatos que é a altura maior que tenho visto nos homens profetas e patriarcais. Porque sempre me sinto por eles pisoteado e tanto, que já me grudei muitas vezes em seus caminhos, pensando que assim deviam ser os sucederes das coisas. Mas tudo o que vi foram juramentos de penalidades impagáveis. Pensei que com a repetição dos hábitos e a constância dos movimentos e gestos, lograria, não um paraíso, mas uma parada sem uniformes e milícias. Sem fórmulas e malícias de manipulação. E foi de tanto pensar que pensei que estava a pensar erradamente. Não posso sonhar tanto, pensei. Quanto maior o sonho maior a repressão e insuportavelmente ainda maior será a repreensão à liberdade do pensar. Todavia também pensei que eu não era tão importante assim para pensar em me conservar vivo em carne e osso. Sou pequeno e penso menor por tal razão? Não desejei mal à quase ninguém. Porém fi-lo inexoravelmente, pensando que estava pensando bem. Àquela nuvem que passa lá em cima não sou eu. Eu sou a bomba que pousou, pensando ser um simples pássaro desajeitado ou a cura de muitas enfermidades, sobre Hiroxima... Pois quando fui concebido, fui pensado divinamente por um gênio do bem, digamos. Quanta saudade do clarim da anunciação do criador e da criatura. Quanta vontade de dormitar nas neves em extinção acelerada do Ártico. E ali, sonolento e pálido, pensar: penso que o Pai regressará aos seus filhos queridos. Todos. Pensei que talvez viesse a ser em outra vida uma flor para exalar algo de bom sem pensar. Sendo olor, pura essência da completa gratuidade.(aluisiomartins)


Biografia:
A licença para depor é de quem levita dos terreiros até a altura dos dentes esferográficos – são eles perscrutadores porque toda fome é... aluisiomartins http://verdeverso.spaces.live.com/ http://opoetaeagaiola.zip.net/
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