Ontem vi um pássaro azul.
Gralha azul.
Seu grito me chamou
do alto da araucária.
Encheu-me de esperança.
Sei que sou amada.
Muito amada.
E esse amor preenche
as lacunas de meu coração.
Também sei que amo.
Amo de verdade.
E quando a gente ama de verdade
conhece o objeto desse amor.
E quer viver a realidade desse amor,
mesmo que essa seja impossível,
mas quer sonhar com ela,
vivê-la no dia a dia da vida
que ainda resta ser vivida.
As ovelhas conhecem
a voz de seu dono.
Também conheço essa voz.
Já a ouvi várias vezes,
mesmo que em mínimas palavras
e elas estão gravadas
em meu coração.
Eu a ouvi quando
ainda falava comigo.
Depois se calou
e só ouvia seu respirar.
Agora que se calou para mim,
não quero outra em seu lugar.
Se não pode dizer,
calada vai falar,
porque o amor entende
mesmo sem palavras.
O amor verdadeiro,
não olha para aparências,
suporta junto à doença
e se tiver de enfrentar a morte,
enfrenta com galardia,
sem nunca deixar de amar
sabendo que um dia
almas gêmeas, unidas,
na eternidade
vão se encontrar...
E sabe, agora sei,
a menina que chora,
sou eu.
Chora por seu amor,
pela urgência do tempo,
que sem piedade
avança rapidamente.
Chora de saudade...
de saudade
de tudo que
ainda não viveu...
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