A MORTE DO GRANDE PAQUIDERME
Quando um político morre
Homem grande do Estado
O luto é decretado.
Por sete dias o corre-corre
A mídia promovendo-se em nome do defunto!
Vela-se no “Palácio” com banda e adjuntos.
Bandeira Nacional (envergonhada)
Hasteada a meio pau...
Porém, cadê o morto!
Só o corpo meio duro, meio torto...
Alheio ao mundo a essa gente louca.
Porém, não está mais ali o morto!
Talvez em outras plagas esteja
O espírito a bailar
Ao som do infinito mar...
Ou em tormento que tormento!
Para quem estava acostumado
Na lisonja e luxúria
A alma, talvez, na penúria,
Perdida aos sete ventos.
Porém não está mais ali o morto!
E os que ficam nauseabundos
Chacais, urubus e vermes,
Apascentam os sonhos e pesadelos do mundo
Promovem-se a sombra do grande paquiderme!
Porém, cadê o morto?
E quando o anjo da morte surge
Como adusto relâmpago
E de gente comum toca o âmago
Os soberbos riem de ironia e dão as costas.
Não hasteiam bandeiras
Não decretam luto
Não contratam banda ao mísero defunto,
Porém, na carne vazia e pálida,
Existe amor!
E todo vazio é preenchido
Quando o amor brota da pedra bruta
O amor transforma o ente querido
Em pássaro e fruta
Em flor e anjo.
Quando as lágrimas caem verdadeiras, salgadas,
A alma, diáfana e alada,
Sorri! Com ou sem defeitos
Sorri na festa que Deus promove
Aos pobres, mendigos, humildes,
Desprezados, porém, eleitos...
(Do livro "NO PAÍS DAS SARJETAS")
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