Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
A casa
Ana Mello

Estou examinando as metáforas usadas por diversos autores. Tudo começou com a leitura de João Gilberto Noll. Ler o escritor já é uma metáfora, e ele usa muitas que eu gosto, o que despertou meu interesse em analisar outros autores. O livro é Mínimos, Múltiplos, Comuns. São trezentos e trinta e oito romances mínimos. Também gosto muito de micronarrativas.
Metáfora, para quem não lembra, é o emprego de uma palavra em sentido figurado, caracterizada por uma relação de semelhança para estabelecer um novo significado. Assim podemos dizer que Luiza é uma flor, que ela fez uma doce aparição, que sua capacidade foi a chave do problema.
João Gilberto Noll, escreveu, no conto Sarça Ardente: “Pois, por uma fresta uma vez entrei ali, e tudo lá dentro era um cheiro que produzia em mim, digamos, umas bolhas no raciocínio – idéias desidratadas no meio daquela umidade prenha.”
Costumo usar tropos, falo do chefe quando quero falar dos problemas difíceis de enfrentar, dos medos, da opressão. Deste modo, como muitos outros já fizeram, para mim a casa é o centro do mundo, o refúgio, o íntimo de cada um...
A casa em silêncio.
Todos dormem até que o sol pense em aparecer. A mãe acorda e o cheiro de café impregna o ambiente onde o sono teima em manter o filho na cama. O pai levanta e o ruído navega entre os lençóis, fronhas e travesseiros.
Logo todos comem as frutas e o pão, xícaras quase vazias. O jornal informa a previsão do tempo. Escovam, ouvem, olham. A casa vê no espelho da sala.
Saem, e o silêncio é quebrado pelo canto dos canários. A casa quieta. A tarde é lenta, e o sol entra por outra janela, vai longe, do quarto ao quarto.
As sombras anunciam a volta da família, quando a cozinha transforma a casa em aromas e sons. A água, os pratos, a mesa.
Os temperos que compõem o jantar.
As conversas animam a casa, com um pouco de todos e um espaço de cada um.
As roupas, as fotos na parede, os livros na estante, os brinquedos no tapete.
A família guarda na casa sua história e é a própria casa.
Por isso a casa é tão importante. Na música do Gilberto Gil, metáfora, que diz: “Uma lata existe para conter algo,/Mas quando o poeta diz lata/Pode estar querendo dizer o incontível”
Poderia ser casa em vez de lata. E ele diria:
- Por isso não se meta exigir do poeta /Que determine o conteúdo em sua CASA/Na CASA do poeta tudo-nada cabe.
Assim passei o domingo em casa, colhendo metáforas para uma semana habitual.


Biografia:
Para saber mais sobre a autora acesse http://anamello.multiply.com
Número de vezes que este texto foi lido: 53179


Outros títulos do mesmo autor

Crônicas Gentileza é essencial Ana Mello
Crônicas A casa Ana Mello
Poesias Seio Ana Mello
Contos Substância Ana Mello
Crônicas Não digo mais que não tenho tempo Ana Mello
Crônicas Fazendo bolo Ana Mello
Poesias Na areia Ana Mello

Páginas: Primeira Anterior

Publicações de número 21 até 27 de um total de 27.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
"... delas é o reino dos Céus..." - Maisnatureza 52814 Visitas
Provérbios 24 - Silvio Dutra 52814 Visitas
JÁ NÃO POSSO MAIS... - orivaldo grandizoli 52814 Visitas
Amor é como plantar .. . - Mariana de Fragas 52814 Visitas
TANTO E QUANTO... - Ivan de Oliveira Melo 52814 Visitas
Bravo! - Luciano Machado Tomaz 52814 Visitas
Felicidade - Douglas Lara Sobral 52814 Visitas
Razões e Motivos - gerlanio eutimio 52814 Visitas
MEU MEL - orivaldo grandizoli 52814 Visitas
VIVER DE AMOR - orivaldo grandizoli 52814 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última