Houve um tempo,
houve uma época,
hoje batida de terra,
que ficava tão longe
como o fim do mundo.
Ficava lá longe,
onde estava sempre a esquina
do bom pecar.
Ficava tão perto
como o roçar do veludo
da mão dela.
Houve uma época
de três arruelas,
um coral,
uma orquestra;
houve um tempo,
que foi sempre prá mim:
e eu todo feliz e mesclado
de cores de você.
Época de tantos tentos!
Foi nessa época que descobri,
no tal copo de vinho,
que nada mais importa no mundo
do que você ligar-se a outro
espírito. Mas que seja divino!
Que seja espírito localizado
sem ligações telefônicas,
e nem formada por Universidades.
Tempo simples:
de cair mechas de purpurina,
de sufrar as uveiras,
se deliciar ao
rodopiar pelos mangueirais,
sempre alvoroçadas e
embalados por um gosto
sério de sua eterna paixão
refinada.
Não era Casa Branca,
Ou Porto dos Léus!
Nem tinha torvelinho de guerra.
A única data festiva era do amor.
A única presença era do milagre
que, em tudo, nos fazia suspirar!
Era um tempo incomum,
que a gente não dava conta,
o povo passava reto,
e as multidões
só festejavam os
santos do dia.
Passei ao largo disso.
Me escondi no coração dela
e acho que lá fiquei prá sempre
- mesmo depois de tanto tempo -
Hoje, tudo desfeito;
o amor dela faliu de vez,
-como um banco esquecido -.
Hoje homem grande e feito,
sou tarde prá esquecer,
e acho mesmo que tudo foi
causado por falta de lei e pelas
confusões
de minhas orgiais empertigadas.
Mas, conversa vem e
conversa vai,
acho que quase lá cheguei,
pois a imagem dela
está atravessada
como uma ponte movediça
nos laços de meu coração.
E se ainda tenho isso!
Salve a Ave-Maria,
graças a ela
me perdi de vez,
de corpo e alma
no suave balançar
de seu corpo.
E bateu amor!
Amor ficou!
Não sou homem
de adquirir mais nada!
Nem um simples pedaço
de mulher alada!
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