Em reino distante,
.........................
Um dia mudei o caminho para casa e te encontrei
Ali, incorporada aos morangueiros silvestres.
Lembras da tua boca de uva e os meus olhos despercebidos?
Quando me deito ao pé de tuas raízes sabes o que sinto?
Teu coração bordô, teu sangue de anil...
Concupiscência me toma, inevitável!
Neste monte onde te cultivei, este mote te dedico
Aos teus sulcos rubicundos e teu seio bem fornido.
Em outros tempos não te pouparia Torquemada
Ou tão menos a Santa Madre Igreja.
Lançariam à chibata o teu lombo e acabarias
Arrulhando ódios na forca inimiga do amanhã.
E tudo assim seria, pois és poeticamente feiticeira.
Sem perdão nem benção, enforcada na cumeeira.
Mas mulher assim que nos mete entre angústia e anseio,
Há de ter outro esteio.
Merece uma luz mortiça, de primeiro.
Leito macio de proceloso receio,
Vinho tinto do além costeio
E noite libertina, de intenso meneio.
|