Hoc corpus
Eis que o sofrimento humano nos acompanha. Como sombra e perene
camarada. De símbolo e axioma fundamental, transfigurou-se em sintomatologia patológica. Assim existimos, nós os fisiologistas e os poetas. Como aliviadores e sublimes feiticeiros. Asseguramos que por mecanismo de regressão, diante de nossos olhos, até o mais valente e temido dos homens chora e clama na presença de sua
singularíssima dor.
Eis o motivo destas letras.
Assim como em tantos outros dias houve uma Maria. Por sua dor pôs-se a vir. Veio. O caminhar outrora firme, era vacilante. Os signos marcadores do debacle de sua existência física já se impunham. Categoricamente. Delatores e testemunhas daquela pequena vida atribulada. A consumação de sua carne pelo tempo e pela doença tornaram seu corpo frágil. Como cama de Procusto, leito vil tinha aquela alma. Implacável dominador, o tempo reclamava sua vitória. Mas Maria estava ali. Em alma refletida naquele Olhar, Este É Quem se fazia sua força. Tonitruante. Vigoroso e arredio, porém Calmo, Afetuoso e Materno.
Era Deus Quem falava pelos olhos de Maria.
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